“Homem-Aranha No Aranhaverso” – Crítica

Ao evidenciar o protagonismo negro de Miles Morales como figura central da história, essa animação do universo do Homem Aranha é um fenômeno cultural sem precedentes que já alcança o status de obra prima.

Fonte: Sony Pictures Animation

O ano era 2019, período de férias de janeiro e eu havia acabado de sair de uma sessão de cinema, fui assistir a nova animação do Homem Aranha. Quase um mês de ter estreado fazendo barulho nos EUA e se tornado uma espécie de fenômeno cultural e pop que faturou altos US$ 375 milhões ao redor do mundo com um orçamento de US$ 90 milhões e ainda fez da música “Sunflower” do Post Malone e Swae Lee um fenômeno ao alcançar o primeiro lugar no famoso Hot 100 da Billboard. Esta obra da Sony Pictures Animation foi um achado, tendo Phil Lord e Christopher Miller, a dupla de “Uma Aventura Lego” e  a nova versão de “Anjos da Lei”, por traz do projeto como produtores dando ainda mais peso ao projeto.

Este texto vem em um momento oportuno, enquanto você está lendo estas palavras, “Homem-Aranha No Aranhaverso” (Spider-Man Into The SpiderVerse, 2018) acabou de estrear, ou já estreou na Netflix. A animação dirigida pelo trio Bob Persichetti (O Pequeno Príncipe), Peter Ramsey (A Origem dos Guardiões) e Rodney Rothman (Anjos da Lei 2) não tem limites, trazendo não só um Homem Aranha negro como protagonista, mas também trazendo o multiverso do aracnídeo em toda sua glória numa explosão de cores e ação da boa.

O que faz dessa animação tão excelente, é a linguagem empregada na forma de contar a história, totalmente diferente das animações da Pixar ou DreamWorks, os animadores da Sony Animation foram além trazendo algo que soa novo e remete aos quadrinhos. A sensação de assistir esta história é de estar lendo uma HQ que ganhou vida, seja pela forma como o 3D foi usado, seja pela forma como os enquadramentos, pensamentos dos personagens e como a edição trabalha para criar algo imersivo e surpreendentemente único.

Fonte: Sony Pictures Animation

O roteiro escrito por Phil Lord (Anjos da Lei 2) e Rodney Rothman, foca sua história primariamente em Miles Morales (Shameik Moore), que tem sua vida mudada ao ser picado por uma aranha radioativa. Sim, estamos falando de uma nova origem do Homem Aranha e sim, ele é negro e tem descendência hispânica neste universo. No caso de Miles, o personagem já é conhecido dos fãs dos quadrinhos e estreou nas HQs na edição “Ultimate Fallout #4” no ano de 2011, o personagem que mora no Brooklyn em Nova York foi criado pelo gênio Brian Michael Bendis e por Sara Pichelli.

Em tempos de diversidade e inclusão, Morales é um personagem amado nas HQs e vê-lo em longa de animação, foi a realização do sonho de muita gente. A trama de “Homem Aranha no Aranhaverso” segue a jornada de Miles que tenta evitar as tramoias do Rei do Crime (Liev Schreiber) e acaba dando início a um evento que abre rachaduras no multiverso resultando no aparecimento de várias versões do Homem Aranha que são trazidos para seu universo que eventualmente acabam se tornando aliados para derrotar os diversos vilões que aparecem da mesma forma.

Talvez a primeira metade do filme demore um pouco a empolgar, mas ao menos serve para familiarizar o público com Miles acompanhando seu cotidiano na escola, evidenciando suas características e inseguranças, assim como entendemos melhor o universo em que vive, além dos personagens que fazem parte da sua vida, como: Gwen Stacy (Hailee Steinfeld), seu tio Aaron (Mahershala Ali), seu pai Jefferson Davis (Brian Tyree Henry) e sua mãe Rio Morales (Luna Lauren Velez). A partir disso somos envolvidos numa teia de mistérios e várias surpresas ao longo do caminho que só ficam melhores à medida que o filme vai progredindo, dizer mais seria estragar a experiência para quem ainda não assistiu.

Fonte: Sony Pictures Animation

Em termos de produção, o longa entrega muito, como mencionei, a fotografia é simplesmente um deleite visual e dá a sensação de ler um quadrinho vivo, o design de produção é simplesmente incrível, trazendo uma Nova York cheia de personalidade e bastante colorida. A trilha sonora atual e cheia de artista talentosos salpicado com muitas batidas de pop, rap e hip-hop que deixa o filme ainda mais especial, tudo isso inserido de forma esperta toda vez que Miles houve seu celular com os fones. Assim como nos quadrinhos, a mitologia aqui é rica e com isso exigiu um elenco talentoso de vozes para fazer jus a esta produção, Shameik Moore (The Get Down) no papel de Miles, Hailee Steinfeld (Hawkeye) como Gwen Stacy, Chris Pine (Star Trek) no papel de Peter Parker e Mahershala Ali (O Canto do Cisne), são algumas das vozes talentosas que fazem parte do elenco, que ainda tem Nicolas Cage (Pig), Zoe Kravitz (The Batman), Bryan Tyree Henry (Eternos), Kathryn Hahn (WandaVision), dentre outros.

A segunda metade de “Homem-Aranha No Aranhaverso” é ainda mais espetacular e digo mais, tudo aquilo que você viu tomar forma no recente “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, provavelmente se basearam nas aventuras de Miles e sua trama do multiverso que surge aqui de forma muito bem conduzida com participações sensacionais (Spider-Pig cara) do universo do Aranha e também com uma vasta galeria de vilões conhecidos do herói, mas a estrutura narrativa ainda segue os moldes tradicionais com um vilão definido, uma reviravolta inesperada e a jornada do herói na sua melhor forma trazendo um momento de aceitação muito grande para Miles não só como Homem Aranha, mas como um personagem negro importante (sim estou falando daquela cena do prédio) buscando sua própria identidade visual na pele do herói.                

De uma forma mais abrangente, não há dúvidas que “Homem-Aranha No Aranhaverso” é um espetáculo, feito com esmero e cuidado milimétrico, esta animação é um presente para os fãs do aranha e fãs de quadrinhos. Recheado de aventura, mistério e cenas de ação espetaculares, esta obra vencedora do Oscar de melhor animação em 2019, merece ser assistida e apreciada como um filme incrível que é, tecnicamente impecável, feito para crianças e adultos, além de servir como inspiração e representativa para crianças negras de todos os lugares, onde seu protagonista transborda carisma e nos ensina que todos podem ser Homem Aranha, conseguindo assim deixar a figura do nosso aracnídeo favorito ainda mais eterna em nossas mentes e universal em nossos corações.

Gostou? Veja o trailer abaixo. E se já assistiu a animação, comente seu momento favorito e compartilhe aqui embaixo também.

Curiosidade: Devido ao sucesso desta animação, a Sony vai lançar duas sequências, a primeira estreia em 2 de Junho deste ano e vai se chamar "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso", a parte 2 que recebeu o nome de "Homem-Aranha: Além do Aranhaverso" vai estrear dia 24 de março de 2024. 

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