“A Casa da Raven” – 5° Temporada – Crítica

Uma nova temporada, um semi reboot, uma nova cidade e as mesmas confusões de sempre. Este novo ano começa devagar, mas surpreende ao entregar boas risadas numa temporada que se apoia mais do que nunca na nostalgia de “As Visões da Raven”.

Fonte: Disney Plus

A Disney possui uma peculiaridade da forma como trata suas séries infantis ou infanto juvenis, todas elas têm prazo de validade, normalmente durando dependendo da idade do elenco, quatro ou cinco temporadas no máximo, antes de encerrar, ou ganhar um reboot completo. Seriados como “Hannah Montana”, “Feiticeiros de Waverly Place” e “Boa Sorte, Charlie!” são exemplos de sucessos que tiveram determinada quantidade de temporadas e depois cancelaram com crescimento do elenco.

É hora de seguir em frente, este é o lema dos estúdios Disney, desta forma o destino da série “A Casa da Raven” (Raven’s Home, 2017), disponível no Disney Plus, estava traçado, após quatro bem sucedidas temporadas, a série estava enfrentando uma incógnita. O último episódio da quarta temporada terminou com Raven (Raven-Simoné) e Chelsea (Anneliese Van Der Pol) juntas no telhado do prédio com ar nostálgico e com clima de despedida, realmente estávamos dependendo da Disney para seguir em frente ou cancelar a série.

Após alguns meses de silêncio, saiu a notícia que o seriado ganharia um semi-reboot, todo o elenco principal seria descartado com exceção de Raven e Booker (Isaac Ryan Brown), que sairiam da fria Chicago, para morar temporariamente em São Francisco para cuidar do vovô Victor Baxter (Rondell Sheridan) que sofreu um ataque do coração necessitando de cuidados médicos.

RAVENÕS HOME – ÒThe Big SammichÒ (Disney/Bonnie Osborne) FELIX AVITIA, EMMY LIU-WANG, RAVEN-SYMONƒ, ISSAC RYAN BROWN

Com a ausência de Chelsea, Nia (Navia Ziraili Robinson), Levi (Jason Maybaum) e Tess O’Malley (Sky Katz), os produtores precisaram recompor o elenco com novas caras, entrando assim em cena a pequenina Alice Baxter (Mykal-Michelle Harris), prima segunda de Raven, além dos novos amigos de Booker na nova escola, Ivy Chen (Emmy Liu-Wang) e Neil (Felix Avitia), finalizando com a assistente do ateliê da Raven, a maluquinha Nikki (Juliana Joel), primeira personagem trans da série. A série ainda resgatou personagens de “A Visão de Raven” para dar um ar familiar com a presença do chef Lazlo (Ernie Grunwald) que trabalha junto com Victor no restaurante “Grill Nota Mil”, além de Alana Rivera (Adrienne Houghton), retornando no papel de diretora da escola Bayside.

Se por um lado fica a frustração da mudança de elenco, por outro vemos aqui a oportunidade de a série iniciar um novo ciclo. Confesso que a mudança de ar inicialmente foi estranha, principalmente porque não foi citado ou mencionado nada do destino dos outros personagens, nós chegamos na narrativa a duzentos por hora nos episódios “The Wrong Victor” (5×01) e “The Big Sammich” (5×02), onde vemos o retorno de Victor Baxter e a familiarização com os novos personagens.

Confesso que o humor de “A Casa de Raven” neste começou não foi bom, parecia um pouco forçado, as piadas ainda não encaixavam, o sentimento de estranheza ainda pairava no ar e os novos personagens ainda não tinham um timming de comédia adequado. É claro que não se pode exigir muito de uma série infanto juvenil, mas o patamar atingindo nas temporadas anteriores era inegável que até aquele momento o seriado tinha sido um acerto, mas esta espécie de reboot ainda precisava de ajustes.

Fonte: Disney Plus

É claro que dar tempo ao tempo era algo necessário, afinal estavam vendo uma nova jornada para Raven e Booker. Ainda fiquei me questionando porque não mudaram o nome da série, porém é perceptível que ainda era a casa da Raven, só que em outro lugar, só precisava melhorar o que fez a comédia tão boa desde o começo, o laço familiar. Ainda que a série caia de patamar em alguns episódios como “Escape Pal-Catraz” (5×03), “21 Lunch Street” (5×06) e “Retreat Yourself” (5×07), outros compensam com um humor mais favoráveis, como “A Streetcar Named Conspire” (5×04) e “Clique Bait” (5×05).

A verdade é que a primeira metade da temporada de “A Casa da Raven” não é muito boa, apesar de ter personagens que possuem carisma, poucas sequências de humor são realmente engraçadas, o que me levou a questionar se a série conseguiria melhorar até o final. Veja bem, nem tudo estava abaixo do esperado, o desenvolvimento de Raven e Booker sempre este muito bem feito neste novo ano, inclusive explorando suas visões como videntes que se tornaram mais frequente numa clara tentativa de resgatar mais elementos de sucesso do passado.

É neste ponto que o seriado começa a se aprumar, muito do humor que fez as temporadas anteriores e a série anterior “As Visões de Raven” funcionar, foi exatamente as maluquices da protagonista como mestre dos disfarces e como se metia nas diversas confusões com amigos. O roteiro então começa a fazer exatamente isto, conseguindo desta forma melhorar bastante na segunda metade da temporada a partir dos episódios “Munch Ado About Lunching” (5×13) e o engraçado “To Halve & Halve Not” (5×14).

Fonte: Disney Plus

Outro ponto positivo foi como souberam aproveitar a fase adolescente de Booker e seus desafios na escola, ganhamos episódios interessantes para o personagem, explorando a veia de humor de Isaac Ryan Brown, além do seu talento dramático, dando a oportunidade de amadurecimento para o seriado, que começa a explorar assuntos pertinentes focados inclusive em questões raciais, como podemos ver dos dois melhores episódios da temporada “Stylin’ & Profilin’” (5×20) e “Big Burguer, Small Fry” (5×21), quando Booker é surpreendido por uma batida policial no seu primeiro dia dirigindo o carro novo.

Por outro lado, podemos ver Raven-Simoné se desdobrando para elevar o humor da série evocando seus tempos de ouro, com episódios que ajudam a mostrar que a série ainda tem fôlego para entregar boas risadas, como podemos ver nos ótimos episódios “Tying the Astro-Knot” (5×18) e “Raven and the Fashion Factory” (5×22), este último inclusive marcando seu terceiro episódio da atriz na cadeira de diretora dentro da temporada.

É claro que o novo elenco também não faz feio, Alice, Ivy e Neil são talentos mirins que seguram bem as pontas, melhorando bastante ao longo da narrativa, com destaque para Neil no episódio “The Grand Booker-Pest Hotel” (5×16), Ivy no episódio “The Fierce Awakens” (5×15) e Alice no episódio de Halloween “The Girl Who Cried Tasha” (5×17). Alana retornando como diretora na série é um presente para os fãs, assim como Lazlo, bem como uma série de participações especiais que resgatam uma nostalgia mais do que bem vinda.

Fonte: Disney Plus

De uma forma geral, “A Casa da Raven” começa e termina seu quinto ano de formas diferentes, entre uma retomada apressada querendo ganhar o público, acaba derrapando muito nos episódios iniciais, mas encontra seu caminho ao explorar os talentos de Raven-Simoné na comédia física, assim como do ex-ator mirim (o moleque está enorme) Isaac Ryan Brown. O maior trunfo da série foi resgatar a nostalgia e as homenagens a série “As Visões da Raven”, se apoiando nas participações especiais na reta final da temporada nos episódios “Keeping it 100” (5×19) e “Bridge Over Troubled Daughter” (5×24) que ajudaram a deixar a narrativa muito melhor.

Ainda que seja uma temporada longa com 25 episódios, o seriado não sofre tanto desgaste mantendo-se interessante principalmente na sua segunda metade. O último episódio da temporada que é um especial de natal “A Country Cousin Christmas” (5×25), soa um pouco anticlímax, mas termina a série de uma forma bastante consistente nos lembrando que “A Casa da Raven” tem muito a oferecer mesmo com as diversas mudanças, se apoiando no humor rasteiro e também no nosso elo com a família Baxter, e isto, no final das contas é mais que o suficiente, por enquanto.

Leia a crítica da Primeira a Terceira Temporadas aqui.
Leia a crítica da Quarta Temporada aqui.

Gostou? Veja o trailer da quinta temporada abaixo e comente sobre o que achou deste reboot.

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