“Star Trek: Discovery” – 4° Temporada – Crítica

A quarta temporada de Star Trek é um misto de sentimentos que tenta manter sua trama aquecida e eletrizante, mesmo sofrendo com ritmo irregular e o prolongamento desnecessário da narrativa para fechar sua temporada.

Fonte: Paramount Plus

Depois de uma análise das três primeiras temporadas de “Star Trek: Discovery” que você pode ler aqui, chega agora à crítica da quarta temporada do seriado que estreou em meados de 2017 e conseguiu trazer de volta Star Trek para tv com as três primeiras temporadas transmitidas através da Netflix onde a série ficou bastante popular até migrar para o streaming do Paramount Plus de forma triunfal e modernizada abrindo uma nova expansão da marca no formato de seriado gerando os spin offs “Star Trek: Strange New Worlds” e do futuramente interessante “Starfleet Academy”, além de séries como “Star Trek: Picard” e a animação “Star Trek: Low Decks”.

O quarto ano da série protagonizada por Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) chega após uma terceira temporada que marcava uma nova era a série com a tripulação da Discovery indo parar num futuro incerto com uma Federação em pedaços inclusive com relação rompida com a Terra, se mostrando fragmentada principalmente por conta do evento chamado “A Queima” ou “The Burn” em inglês que levou quase a destruição daquele lugar inóspito e sem esperança.

Após estes eventos, o que viria a seguir apontava um papel grande da Discovery em recuperar aura da Federação e emendar relações rompidas com civilizações alienígenas antes aliadas, porém neste momento dispersas pelo vasto universo. Agora a trama se volta para uma nova ameaça que desponta logo de início nos episódios “Kobayashi Maru” (4×01) e “Anomaly” (4×02) que não só traz Michael Burnham como capitã da U.S.S, como também o retorno de um dos favoritos dos fãs, o agora número 2 Capitão Saru (Doug Jones), retomando a parceria vencedora com Michael e ainda encontrando o amor durante esta nova empreitada que se mostra a mais desafiadora para o grupo até então.

Fonte: Paramount Plus

O mais legal desta nova temporada é o fato de continuarem a explorar melhor os tripulantes da nave, que antes tinha muito foco voltado para Michael, Saru, Paul Stamets (Anthony Rapp) e a carismática Tilly (Mary Wiseman), porém agora temos espaço para personagens como Detmer (Emily Coutts), Adira (Blu Del Barrio) e Joann Owosekun (Oyin Oladejo) que ajudam a preencher espaço na trama com histórias interessantes e participando mais ação de uma história que se expande e traz ainda mais mundos a serem explorados.

Infelizmente, a série apesar de manter parte da qualidade das temporadas anteriores, começa a dar sinais de desgaste, talvez porque algumas tramas acabam empacando a história em momentos que deveria acelerar, isto é sentido em episódios como “Choose to Live” (4×03), “All In” (4×08) e “All Is Possible” (4×04), este último inclusive marca a despedida da personagem Tilly como regular da série, apesar de Mary Wiseman ter retornado no final da temporada, a personagem não deve participar ativamente da série, uma pena, pois deixará saudade.

Enquanto a irregularidade assombra alguns episódios de “Star Trek: Discovery”, outros episódios nos lembram que a série criada por Bryan Fuller (Hannibal) e Alex Kurtzman (Star Trek – 2009) é um verdadeiro espetáculo sci-fi ao colocar uma narrativa focada numa anomalia chamada DMA que está destruindo mundos e forçando Michael e sua tripulação a correrem contra o tempo para achar uma solução para esta ameaça que está destruindo civilizações inteiras incluindo a do personagem Booker (David Ajala), agora com um relacionamento com Michael e tendo que enfrentar a perda irreparável que leva a vários conflitos na temporada.

Fonte: Paramount Plus

A série cresce muito quando seu foco é ciência e personagens alienígenas inteligentes aparecendo em tela interagindo com os tripulantes da Discovery, é desta forma que somos agraciados com ótimos episódios como “The Examples” (4×05), “But to Connect” (4×07) e o excelente “Species Tem-C” (4×12), são neles que assuntos relacionados a filosofias científicas, engenharia e física quântica aparecem, além de ser uma forma de mostrar o quanto os debates sobre formas de vidas novas e inteligência artificial podem levar a diálogos riquíssimos que torna esta série algo único a ser apreciado.

Em termos técnicos não há nada a reclamar, visualmente a série entrega muito e a fotografia é sempre impecável, inclusive temos aqui uns dos visuais mais limpos e bonitos da série em episódios como “Stormy Weather” (4×06) e “The Galactic Barrier” (4×08) com efeitos especiais decentes, além de uma direção de arte consistente (amo a parte interna da nave onde a tripulação circula) e uma boa trilha sonora que dá ritmo aos episódios mais frenéticos e com mais ação.

Um dos pontos que gosto muito relacionado a série é o fato dela realmente trazer a saga “Star Trek” para o presente colocando não só mais representatividade negra no elenco liderado pela sempre muito boa Sonequa Martin-Green (The Walking Dead, Space Jam 2: Um Novo Legado), mas também abrindo espaço para personagens não binários na trama que se mostra realmente muito forte em relação ao que esperamos da humanidade num futuro onde orientações sexuais e de gênero são apenas palavras que aqui são normalizadas de uma forma respeitosa e inclusiva, colocando este seriado em um outro patamar em relação a outros semelhantes.

Fonte: Paramount Plus

No geral, esta quarta temporada de “Star Trek: Discovery” é muito boa, talvez não esteja no mesmo nível das anteriores, mas ainda assim consegue entregar ação, aventura e ficção científica de primeira numa trama consistente que as vezes se prolonga demais, mas consolida de forma positiva a liderança de Michael com uma ótima atuação de Sonequa Martin-Green, numa narrativa que começa eletrizante, mas que acaba sofrendo com ritmo no meio, mas ganha fôlego na reta final até fechar no ótimo episódio “Coming Home” (4×13). A quinta temporada foi anunciada como a última e a quarta temporada termina apontando para um final que pode ser no mínimo decente, para uma série que revitalizou “Star Trek” na TV e consolida aqui um belo legado que ainda terá a chance de fechar sua jornada com chave de ouro, é um grande feito. Em 2024 nos despediremos de Michael, Saru e companhia que desde já, deixará muitas saudades.

Gostou? Já assistiu a temporada? Comente abaixo e veja o trailer.

Deixe um comentário