“O Meu Pai é Um Caçador de Recompensas!” – 2° Temporada – Crítica

Colocando a mãe no centro das atenções e deixando o pai como coadjuvante, a segunda temporada expande o universo, traz mais afrofuturismo e entrega uma trama recheada de ação e mais aventuras.

Spoilers Moderados Abaixo

Fonte: Netflix

O melhor de uma segunda temporada, é quando ela entrega algo melhor do que apresentou no seu primeiro ano, existe vários exemplos que ajudam a elucidar isto no mundo das séries, mas a melhor qualidade de uma série que causou uma boa impressão inicial, é conseguir expandir sua mitologia de uma forma ainda mais empolgante e dinâmica, resultando num entretenimento que sua primeira empreitada.

Digo tudo isso, pois foi exatamente a sensação que senti ao assistir a segunda temporada de “O Meu Pai É Um Caçador de Recompensas!” (My Dad The Bounty Hunter, 2023), que após a estreia da primeira temporada no começo deste ano na Netflix, surpreendentemente retornou com sua segunda leva de episódios no mês de agosto, dando seguimento as histórias da família de Sabo Brok (voz de Laz Alonso), que tem sua vida virada de pernas para o ar quando seus filhos Lisa Hendrix (voz de Priah Ferguson) e Sean Hendrix (voz de Jecobi Swain) descobrem que o patriarca é um caçador de recompensas espacial famoso, terminando a temporada revelando que sua mãe Tess (voz de Yvonne Orji), também faz parte dessa vida espacial.

A segunda temporada se passa pouco tempo depois dos eventos da primeira, com Tess e seus filhos sendo pegos de surpresos ao descobrirem que seu pai foi sequestrado e levado da terra por robôs espaciais no episódio “Sequestro” (2×01), um episódio que na verdade funciona como dois episódios condensados em um, com uma corrida contra o tempo da matriarca da família embarcando numa busca pelo seu marido, deixando suas crianças na Terra, até descobrir que elas embarcaram junto com Blobby (Patrick Harpin), um criminoso capturado por Terry que logo vira um importante aliado, para também ajudar na missão de resgate.

Fonte: Netflix

A série criada por Everett Downing Jr e Patrick Harpin entende o que funcionou anteriormente e agora se sente à vontade em colocar a família ainda mais no centro da aventura, ou melhor, Tess toma a frente já que a primeira metade da temporada é uma busca contra tempo pelo paradeiro de Terry, resultando em muitos becos sem saídas, novas dinâmicas e adições de novos personagens conseguindo assim enriquecer uma mitologia que só fica melhor a cada episódio.

O melhor do roteiro desta nova trama, é a forma como não desacelera a partir do momento que a ação começa. Os episódios “Fuga da Prisão” (2×02) e “No Cassino” (2×03) mostra Tess, Sean, Lisa e Blobby, além do retorno de Gorlox (Rob Riggle), entrando numa prisão e depois em um cassino para tentar achar pistas que levem a Terry. O desenho neste ponto funciona de forma equilibrada entregando ação e aventura de uma comédia espacial de primeira, mas sem esquecer que é uma série feita para o público infantil.

E o seriado não para por aí, pois o mais intrigante desta nova trama é forma como exploram mais os inimigos espaciais principalmente o conglomerado EHC liderado pela persuasiva senhorita Peeps (Kari Mahlgren), basicamente um grupo que domina todo sistema de comércio e negócios da galáxia explorando recursos de pequenos planetas, além de controlar os caçadores de recompensa oferecendo mercado para capturarem criminosos, ou até mesmo outros caçadores.

Fonte: Netflix

O melhor do desenho aqui, é a forma como a trama ganha corpo ao explorar o passado de Tess Hendrix, a personagem esconde um segredo que é revelado nos episódios “Esta é Doloraam” (2×04) e “Velhos Amigos” (2×05), conseguindo não só ligar a trama principal a subtrama do marido capturado, mas aproveitando as boas reviravoltas para revelar uma nova tribo para enriquecer ainda mais o lore da série, é neste ponto que a segunda temporada mostra a que veio ao apresentar o planeta Doloraam.

É neste ponto que “Meu Pai é um Caçador de Recompensas!” ganha tanto em termos de história, quanto nos aspectos técnicos, visualmente o desenho continua impecável, mantendo as mesmas qualidades da temporada anterior, mas desta vez adicionando uma pitada mais explicita de afrofuturismo, que está em alta como vimos na antologia do Disney Plus “Kizazi Moto: Geração Fogo”, e aqui não é diferente, principalmente ao mostrar o quão tecnológico é o planeta Doloraam, mantendo a estética que lembra tribos africanas com ar de realeza, mas com uma tecnologia espacial que abraça um futuro magnifico.

Por outro lado, em termos de roteiro, o desenho não inova tanto, expandido apenas no aspecto fraternal, trazendo mais membros da família de Tess em Doloraam para trama, conseguindo assim transformar numa “novela” familiar que todos sabemos o final, mas isso não torna a narrativa menos interessante, inclusive a adição de personagens como Adja (Thando Thabethe) e o esquisito B’Calaa (Keith David) acabam dando uma dinâmica diferente gerando bons episódios como “Lobos e Ovelhas” (2×06) e “Pelo Trono” (2×07).

Fonte: Netflix

O fato é que mesmo com algumas ressalvas, a série tem um ponto crucial que define bem esta temporada, raízes, e no final das contas isso vem muito do espirito africano, algo que a série imprime muito bem e mistura para criar algo que soa novo, além é claro de abraçar as batalhas espaciais contando com personagens carismáticas e usando a cultura norte americana como apoio para entregar um produto que diverte do começo ao fim.

No geral, por tudo que foi comentado aqui e baseado nos dois episódios que fecham a temporada “Histórias de Doloraam – Parte 1” (2×08) e “Histórias de Doloraam – Parte 2” (2×09), temos um desenho que deve agradar adultos e principalmente crianças, visualmente colorido, vibrante, engraçado e ainda mais divertido em sua segunda temporada, se aproveitando das boas dinâmicas entre a família Hendrix, colocando a matriarca da família no centro da história conseguindo uma narrativa focada no feminismo preto que evolui de uma forma consistente resultando numa trama com mais ação, aventura e ótimos ganchos trazendo boas lições sobre família, união, pertencimento e a certeza de que a família é a base de tudo.

Gostou? Comente se já assistiu a nova temporada e vejo o trailer abaixo.

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