“Whitney Houston: I Wanna Dance With Somebody” – Crítica

Ainda sofrendo dos mesmos clichês que outras biografias musicais, este longa baseado na história da icônica Whitney Houston entrega uma trama de altos e baixos, porém consegue mostrar o quão grandioso é o legado de uma das maiores cantoras de todos os tempos.

Fonte: Tristar Pictures

O padrão de biografias segue um caminho de extremos constante na indústria do cinema, por um lado entrega grandes filmes musicais do naipe de “Rocketman” de 2019 que adaptou maravilhosamente a história de Elton John com Taron Egerton no papel do cantor, por outro lado surge adaptações mais fracas como “Bohemian Rapsody” de 2018 que apesar do sucesso estrondoso de bilheteria e ter levado o Oscar de melhor ator para Rami Malek no papel de Freddie Mercury, o longa ainda é um bom exemplo de como não se deve fazer em termos de biografia.

Quando adaptações estão relacionados a artistas negros, as coisas costumam ficar engessadas na forma como as tramas são contadas adicionando muitas coisas em um curto espaço de tempo, e parece que os diretores ainda não encontraram um equilíbrio necessário entre o drama, o musical e a catarse em seus longas. Isso ficou muito claro com o longa “Respect – A História de Aretha Franklin” e “Estados Unidos Vs Billie Holiday”, agora volta acontecer com a produção da Tristar Pictures, “Whitney Houston: I Wanna Dance With Somebody” (I Wanna Dance With Somebody, 2022), que inclusive está disponível na HBO Max no Brasil e na Netflix nos EUA.

O longa dirigido por Kasi Lemmons (Harriet) tem boas intenções e na maior parte do tempo funciona, inclusive, acredito que o filme se sai muito bem nos primeiros atos ao contar a história de Whitney Elizabeth Houston (Naomi Ackie), uma jovem dotada de um talento vocal sem igual que tenta seguir os passos da mãe Cissy Houston (Tamara Tunie) e se tornar uma grande voz no meio da música.

Fonte: Tristar Pictures

O roteiro assinado por Anthony McCarten (Dois Papas) é cauteloso em mostrar como Whitney foi descoberta pelo empresário Clive Davis (Stanley Tucci), ao mesmo tempo que mantém um relacionamento com a melhor amiga Robyn Crawford (Nafessa Williams), além de ser gerenciada pelo pai sanguessuga John Houston (Clarke Peters), despontando em uma ascensão meteórica se tornando uma das maiores vozes da história da música.

A primeira metade do longa se desenvolve bem e é curioso como Kasi Lemmons tenta evitar cair no velho clichê da biografia que acaba por virar um recorte de vários clipes, aqui ao menos a montagem é dinâmica, e casa bem à medida que cada música famosa da cantora vai representando um passo a mais em sua carreira para que a mesma se torne uma sensação da época conseguindo emplacar sete primeiros lugares consecutivos no chart da Billboard, de longe o ranking mais concorrido e famoso dos EUA.

Infelizmente o que se percebe é que o filme mesmo sendo dinâmico demais, acaba por acelerar certos momentos que carecia de mais respiro, principalmente quando se trata de explorar melhor o triângulo amoroso entre Whitney, Robyn e Bobby Brown (Ashton Sanders), este último que se tornou o marido da cantora e também foi o grande responsável por sua ruída aparece como um meteoro num relacionamento tóxico que é pouco explorado pela narrativa ganhando algumas pinceladas pontuais.

Fonte: Tristar Pictures

O maior problema de “Whitney Houston” é o fato de o longa não conseguir tirar um melhor proveito dos seus longos 144 minutos de duração, se tornando irregular quando precisa explorar mais o drama e não apenas momentos chaves da carreira de Whitney, claramente falta uma maior sutileza no desenvolvimento dos personagens, sem falar que muitas tramas e subtramas ficam no meio do caminho. É aí que entra a atuação de Naomi Ackie (Star Wars: A Ascensão Skywalker), a atriz é responsável por ser conexão da biografia com expectador, além de preencher as lacunas que o roteiro deixa de lado.

A atriz tem uma presença de tela muito boa, por mais que suas feições não sejam parecidas com a Whitney na vida real, notasse um esforço aqui de capturar os trejeitos e a forma como a cantora performava. Ackie cresce ao longo do filme à medida que precisa ter mais esforço físico, seus melhores momentos são na cena da performance durante o superbowl e na icônica performance do medley de Whitney em 1994, porém mais uma vez quando o texto precisa dar mais espaço dramático para atriz, a direção parece não confiar em sua protagonista cortando para próxima cena, isso acaba prejudicando inclusive o terceiro ato que claramente carecia de uma carga dramática mais acentuada e melancólica.

Em termos técnicos, acredito que o filme não fica devendo em nada, a edição e a mixagem de sons são bem feitas, bem como algumas tomadas abertas de efeitos visuais. A trilha sonora é o ponto alto, afinal estamos falando de uma cantora incrível e incomparável com uma seleta e extensa biografia com músicas que marcaram gerações transformando Houston em uma das cantoras mais adoradas do planeta por mais de duas décadas.

Fonte: Tristar Pictures

É claro que em termos gerais, “Whitney Houston: I Wanna Dance With Somebody” é uma biografia decente, talvez seja um pouco longa em alguns momentos, mas no geral consegue ser bastante fluída contando pontos chaves da vida de Whitney valorizando a voz e a pessoa amorosa que sempre foi, o roteiro humaniza a personagem não escondendo seus vícios em drogas e bebidas que levou seu fim trágico, porém tudo isso é tocado de uma forma superficial, infelizmente acaba por amenizar bastante algo que poderia ser melhor explorado.

Ainda assim, Naomi Ackie é o grande destaque aqui, o elenco coadjuvante é bastante sólido, porém é a protagonista que brilha com holofote em si, trazendo uma caracterização respeitosa e que captura a figura de Whitney de uma forma bastante sensível e profunda, mostrando porque a cantora arrebatava corações com suas canções e conseguiu atingir a massa indo além das classes sociais, gênero e etnia, tornando não só uma das cantoras negras mais consagradas da história, mas também uma das maiores de todos os tempos, muito bem representado num filme tem várias falhas sim, mas menos é marcante o suficiente para lembrarmos Whitney Houston foi uma gigante da música, mesmo com defeitos no lado pessoal, a cantora marcou toda uma geração pelo carisma e por sua voz inesquecível e isso no final das contas é o que mais importa.

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