“The Mandalorian” – 3° Temporada – Crítica

Entregando uma temporada morna na primeira metade, mas cheia de expansão da sua mitologia, a série protagonizada por Pedro Pascal sofre para equilibrar urgência e cadência, ficando a um passo de se perder na própria ambição.

Fonte: Disney Plus

Seriados de tv possuem um momento na sua trajetória que podemos chamar de “momento de estabilidade”, é onde o seriado cresce se mantendo na zona de conforto entregando o mais do mesmo com algumas tentativas de manter o interesse do expectador. É normal que a terceira temporada seja esse ponto de progressão, é onde também o público começa a avaliar se vale a pena ou não continuar acompanhando.

É claro que essa análise depende de vários fatores e também depende de cada seriado. Digo isso porque a terceira temporada de “The Mandalorian” está passando exatamente por essa fase de estabilidade e expansão, o que resultou na recepção mais dividida entre os fãs, ainda que continue sendo aclamada pela crítica especializada.

A verdade é que a série criada por Jon Favreau (Homem de Ferro) para o Disney Plus segue o mesmo tom das temporadas anteriores, só que o roteiro decide dar mais espaço a outros personagens, além de Din Djardin (Pedro Pascal) e Grogu em um universo com fome de crescer, movendo suas peças para um futuro que começa a ser moldado revelando o grande plano montado por Favreau e o midas da Lucas Films, Dave Filoni (Star Wars: Clone Wars).

Talvez esta seja a temporada mais “aleatória” da série, não só por focar em uma narrativa mais cadenciada, mas por não ter pressa de chegar em um determinado ponto que acelere seu desenvolvimento. Quando encontramos Din e Grogu no episódio “Chapter 17: The Apostate” (3×01), estamos diante de uma jornada em busca purificação de um mandaloriano que largou suas raízes ao revelar seu rosto e agora busca a restauração da sua própria doutrina ao fazer uma busca pelas antigas águas purificadoras de Mandalore, seu planeta natal.

(L-R): Din Djarin (Pedro Pascal) and Grogu in Lucasfilm’s THE MANDALORIAN, season three, exclusively on Disney+. ©2023 Lucasfilm Ltd. & TM. All Rights Reserved.

O fato é que “The Mandalorian” aproveita esta busca da dupla protagonista para enriquecer todo seu lore de uma forma bastante consistente mostrando a cultura, as crenças e as diversas tribos de mandalorianas que precisam se unir para lutar por algo em comum mesmo sendo tão diferentes entre si. Infelizmente esse desenvolvimento só fica mais interessante na segunda metade da temporada, com a primeira parte servindo como um teste de paciência para aqueles que buscavam algo mais desafiador e corriqueiro de uma série que estava numa gradativa linearidade de crescimento que claramente escalava para algo maior.

O grande problema do seriado, foi acostumar seu público a um estilo de história e entregar outro ritmo completamente diferente numa temporada que no geral soa mais como uma narrativa de transição, do que algo mais isolado e satisfatório com doses homeopáticas daquele sabor de western espacial dentro do seu próprio universo como eram as duas primeiras temporadas, trazendo assim o melhor e o pior que a série pode oferecer que acabam resultando assim em episódios irregulares como “Chapter 20: The Foundling” (3×04), que apesar de ter um flashback excelente com Grogu, não consegue empolgar da forma como se deve parecendo totalmente descartável.

Ainda assim, a série ao meu ver foi mal compreendida no seu terceiro ano, claramente Favreau trabalha em prol da história e não em prol do “fan service”, que sim está lá em toda sua plenitude, mas sempre vem na hora certa (olhos abertos para uma participação mais que especial de um personagem da animação Star Wars: Rebels), fica claro que agora temos um escopo maior de onde o universo de Mando se encaixa nas lacunas que começam a serem preenchidas entres os filmes 6 e 7 da saga “Star Wars”, colocando finalmente a Nova República e os remanescentes do Império numa disputa de território que nos leva ao ótimo episódio conspiratório “Chapter 19: The Convert” (3×03), onde voltamos a Coruscant numa narrativa sombria que claramente poderia estar na série “Andor” e que aqui dá um pequeno vislumbre do que pode ser o futuro visto em “O Despertar da Força”.

Fonte: Disney Plus

Com esta base sólida se desenvolvendo nos bastidores, a série aproveita seu presente para cruzar o caminho de Din e Grogu com a maravilhosa Bo Katan, retornando a série de uma forma surpreendente por vários episódios inclusive dividindo os holofotes com o nosso protagonista mandaloriano. É muito nítido o tanto que Katee Sackhoff (Battlestar Galactica) se diverte no papel da guerreira, entregando não só no carisma, mas também na ação e presença de tela.

Inclusive é da personagem as melhores sequências de ação da temporada se destacando em episódios divertíssemos como “Chapter 18: The Mines of Mandalorian” (3×02) e “Chapter 22: Guns for Hire” (3×06) que colocam a mesma numa jornada épica para não só retomar Mandalore, mas também unir duas tribos mandalorianas rivais por um bem comum fazendo a trama tomar contornos dramáticos em um texto que claramente coloca a finalmente os caçadores de recompensas no protagonismo que sempre mereceram dentro do universo Star Wars.

E o mais legal de “The Mandalorian” é que a produção do seriado continua pomposa em todos os sentidos entregando cenários magníficos e um visual complexo de encher os olhos, além de personagens esquisitos e visualmente marcantes numa mistura bastante competente de efeitos práticos e efeitos visuais, sem perder o ar de blockbuster conseguindo entregar cenas de ação épicas como no episódio “Chapter 21: The Pirate” (3×05) com os mandalorianos salvando o povo do planeta Nevarro do ataque de piratas espaciais tendo como destaque os personagens The Armored (Emily Swallow) e ótimo Paz Vizsla (Tait Fletcher), consolidando a presença marcante dos mandalorianos na trama.

Fonte: Disney Plus

Enquanto a primeira metade da temporada demorou para achar seu tom certo, a segunda metade da temporada escalou de tal forma que trouxe tudo aquilo que amamos no universo de Mando no formato de batalhas grandiosas, participações especiais inusitadas e reviravoltas excelentes levando a catarses bem dosadas, tudo isso orquestrado pela direção impecável de Rick Famuyiwa (Dope: Um Deslize Perigoso), que já tinha dirigido episódios do seriado antes, mas aqui entrega seu melhor trabalho até então nos dois melhores episódios da terceira temporada “Chapter 23: The Spies” (3×07) e no fantástico “Chapter 24: The Return” (3×08).

Ainda que esta não seja a melhor temporada “The Mandalorian”, a série está longe de perder seu fôlego, mas mostra pela primeira vez uma vulnerabilidade ao correr riscos tirando parcialmente o foco da dupla principal para dar um bem vindo espaço para a história dos mandalorianos, um risco aceitável quando vemos a resolução épica no final da temporada em um cenário de guerra em um planeta destruído no passado, mostrando que o seriado não está interessado em permanecer na zona de conforto, mas precisa com certeza se equilibrar melhor ao desenvolver suas tramas para não acabar entregando episódios visualmente bonitos, mas sem conteúdo.

Em termos gerais, a série continua sendo um bom entretenimento e uma parte do universo “Star Wars” que ainda é bastante especial, o senso de aventura aqui é indescritível e a forma como a mitologia do seriado se expande é um deleite para os fãs. Mesmo que a temporada abra espaço para dúvidas sobre sua qualidade na cabeça do público mais exigente, cabe as futuras revisões lhe fazerem justiça, pois se por um lado temos Din e Grogu se tornando peças de algo maior, por outro lado temos a verdadeira ascensão dos mandalorianos que prometem ter um papel crucial no futuro tecido por Favreau e Filoni nos deixando empolgados pelo que estar por vir, prometendo entregar uma jornada épica e provavelmente inesquecível.  

Elo Preto

Personagem: Greef Karga
Ator: Carl Weathers
Idade: 75 anos

O destaque da coluna de hoje é o ator veterano Carl Weathers no papel do caçador, agora governador do planeta Nevarro. Seu Greef Karga já entregou momentos épicos em “The Mandalorian” e aqui não foi diferente, Weathers é puro carisma e além de fazer um personagem que figurinha carimbada neste universo, o ator também aproveitou para dirigir o quarto episódio desta temporada, seu segundo na série, mostrando também apuro atrás câmeras como diretor. O ator é conhecido pelos trabalhos em “O Predador”, os filmes da franquia “Rocky” e “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. 

Gostou? Veja o trailer da terceira temporada e comente abaixo se já conferiu.

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