“Irmãos de Honra” – Crítica

Protagonizado por Jonathan Majors e Glen Powell, este drama de guerra possui qualidades ainda que se apoie em velhos clichês que acabam segurando o potencial do longa.

Fonte: Sony Pictures

Filmes baseados em fatos são obras interessantes de serem retratadas em tela e normalmente vem com algumas mudanças pontuais para aumentar a dramaticidade das cenas que aconteceram realmente. Alguns recentes principalmente no gênero de guerra, tem se destacado pela qualidade técnica, por acertarem sempre nas atuações e sequências de ação, exemplo é o nove vezes indicado “Nada Novo No Front” ao Oscars 2023.

Seguindo esta linha, o drama de guerra da Sony Pictures Entertainment, “Irmãos de Honra” (Devotion, 2022) dirigido por J.D. Dillard (O Mistério da Ilha) traz uma premissa baseado em eventos reais que conta a história de dois aviadores, Jesse Brown (Jonathan Majors) e Tom Hudner (Glen Powell) que participaram de um grupo da marinha norte americana nos anos 50 que fizeram parte das missões de apoio a Coréia do Sul na guerra contra a Coréia do Norte se tornando os alas mais famosos da história da Marinha dos EUA.

A trama que se passa durante todo o período de 1950 mostra como Jesse e Tom se conheceram, como se tornaram companheiros de missão e como criaram um vínculo de amizade neste período. O roteiro escrito por Jake Crane e Jonathan Stewart se baseia no livro de Adam Makos, “Devotion: An Epic Story of Heroism, Friendship and Sacrifice” ( traduzido como: “Devoção: Uma Épica História de Heroísmo, Amizade e Sacrifício”), e é bastante direto, apresentando de forma breve o primeiro encontro de Jesse e Tom, assim como a vida de ambos e seus objetivos.

Fonte: Sony Pictures

Talvez o mais difícil para o diretor JD seja equilibrar o tempo de tela dos dois protagonistas em algo mais coeso que consiga cobrir ambos lados sem que nada se perca no caminho. O longa até consegue isso de forma correta no primeiro ato, mostrando Jesse como o único aviador negro do grupo, pincelando que até mesmo quando está em casa com a esposa Daisy Brown (Christina Jackson) e a filha pequena, sofre com racismo bastante evidente naquela época que ainda teria um longo caminho até aprovação dos direitos civis.

Por outro lado, temos Tom, um cara que ainda busca um objetivo na vida e desafios para se tornar um grande aviador. Ainda que acredite que o pano de fundo racial deixe a história de Jesse mais interessante, a amizade dos dois construída durante o filme é que torna o cerne da trama funcional conseguindo criar um elo que mesmo em meio a conflitos acaba solidificando fortes vínculos de companheirismo difíceis de serem quebrados.

É claro que “Irmãos de Honra” sofre um pouco com ritmo depois de um começo promissor exatamente por abraçar certos clichês do gênero, onde a história oscila e se torna previsível da forma como apresenta sua narrativa. A primeira metade é focado na preparação dos pilotos e nos perigos que o grupo de aviadores que ainda tem Bill Koenig (Daren Kagasoff), Marty Goode (Joe Jonas), Bo Lavery (Spencer Neville) e Carol Mohring (Nick Hargrove) compondo um esquadrão considerado um dos melhores da Marinha dos EUA.

O filme consegue passar um senso de perigo em alguns momentos e mostra a vulnerabilidade que correm estes pilotos ao arriscarem sua vida para defenderem seu país, mas isso abre espaço para algumas falhas como um determinado momento no segundo ato que acaba sendo executado de uma forma bastante crua e sem emoção que atribuo mais a um problema de direção, do que das atuações propriamente.

Fonte: Sony Pictures

Aliás, vejo na dupla protagonista o ponto forte de “Irmãos de Honra”, enquanto Glen Powell (Top Gun: Maverick) tem charme e firmeza como um boa praça que tenta criar um vínculo com seu novo parceiro carrancudo, temos aqui Jonathan Majors (Destacamento Blood) atuando de forma sublime ao carregar o peso de ser um aviador negro que precisa provar ser bom o suficiente para estar entre melhores, além de mostrar que pode ser igual aos seus companheiros brancos nas mesmas condições e proporcionalidades nas habilidades de voo.

É com essas duas sólidas atuações que o longa consegue capturar nossa atenção como expectador que ainda tem o bônus de apresentarem boas cenas de ação em um filme que tem sequências intensas de bombardeios aéreos que claramente podiam ser maiores, mas ao menos são bem executados na maior parte do tempo. O que mostra também que a deslumbrante fotografia do filme com tomadas aéreas impressionantes que acompanham de perto os aviões na ação funciona mostrando a destreza na direção de Dillard ajudado por uma boa ambientação e decentes efeitos visuais.

No final das contas, “Irmãos de Honra” é um drama de guerra correto, sem grandes cenas marcantes, mas com duas boas atuações com ênfase na de Jonathan Majors que se mostra um dos atores pretos mais promissores desta atual geração. Ao intercalar drama com ação, esta obra consegue adaptar uma história que traz preceitos sobre bravura, sobre peso da representatividade e ocupar espaços servindo de inspiração para outros, sobre amizade, lealdade e confiança. Ainda que sofra por conta da longa duração, este filme deve agradar aqueles que são fãs do gênero e que buscam histórias inspiradoras de pessoas reais e que marcaram épocas através por conta de sua coragem e persistência contra as adversidades, redefinindo assim o que é ser um verdadeiro herói.

Gostou? Veja o trailer e comente abaixo se já assistiu ao longa.

Um comentário sobre ““Irmãos de Honra” – Crítica

Deixe um comentário