“Homem Formiga e a Vespa: Quantumania” – Crítica

A Marvel tenta se reinventar com o fim da trilogia do Homem Formiga e aponta um caminho promissor para fase 5, mas o resultado é caótico e exagerado que só se apruma em alguns momentos devido as atuações de Paul Rudd, Michelle Pfeiffer e Jonathan Majors.

Fonte: Marvel Studios

Fase 5 chegou! Finalmente entramos numa nova era na Marvel, a segunda fase da “Saga do Multiverso” entrou prá valer, a fase 4 mostrou algo novo para Kevin Feige e seus produtores, a eminência da fadiga narrativa e críticas mais pontuais as suas produções que saíram em profusão deixando muito a desejar em muitos aspectos que fãs e não fãs começaram a notar e exigir mais qualidade depois do bem sucedido fim da “Saga do Infinito” com arrebatador “Vingadores: Ultimato”.

Confesso que apesar de várias ressalvas, a Marvel se arriscou bastante no limite da sua “fórmula” de fazer filmes entregando produções ótimas como “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, “Eternos” e “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, assim como seriados do Disney Plus como “Cavaleiro da Lua”, “Miss Marvel”, “WandaVision” e a recente “She-Hulk – Defensora de Heróis”, onde a diversidade de etnias, gênero, diretoras, roteiristas e atores fizeram deste universo mais rico e inclusivo agregando mais aspectos do nosso mundo atual hoje focando mais no lado humano dos personagens, mas sem perder seu lado fantástico.

Muito se reclamou da fase 4 pela “falta de objetividade”, porém quem acompanhou a saga anterior, sabe que sementes foram plantadas para serem colhidas nas fases seguintes, mas infelizmente o público se acostumou a um formato de imediatismo e conexão, que acabaram por criar expectativas surreais que resultaram em recepções mornas para filmes como “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e “Thor: Amor e Trovão”.

Fonte: Marvel Studios

Após o fim emocionante da fase anterior com “Pantera Negra 2”, seria necessário algo mais para fazer o público empolgar com as fases seguintes, é ai que entra “Homem Formiga e a Vespa: Quantumania” (Ant-Man and the Wasp: Quantumania, 2023), que marca o começo da nova fase do estúdio e o fim da trilogia de um dos super-heróis mais inusitados e carismáticos do universo cinematográfico da Marvel.

Confesso que ao sair da sessão, fiquei pensando muito em vários momentos apresentados nesta produção dirigida por Peyton Reed na sua terceira aventura com o herói, que chegou ao MCU (Universo Cinematográfico da Marvel em inglês) com bonde andando assumindo uma produção que tinha Edgar Wright adaptando o universo do Homem Formiga para as telonas, mas que saiu da produção devido a diferenças criativas, que mesmo assim resultou numa aventura menor, bem sucedida e bastante divertida em 2015.

A sequência “Homem Formiga e a Vespa” de 2018 consolidou Reed como âncora deste universo trazendo uma parte 2 na minha opinião melhor, mais aventuresca e que se apoiava exatamente no seu lado família, fazendo Scott Lang (Paul Rudd), Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), Hank Pym (Michael Douglas), Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) e a pequena Cassie Lang (Abby Ryder Fortson) um núcleo que misturava o lado científico com o lado humano que trazia algo gostoso de acompanhar, lembrando em muitos aspectos o “Quarteto Fantástico” dos quadrinhos.

Paul Rudd as Scott Lang/Ant-Man and Jonathan Majors as Kang the Conqueror in Marvel Studios’ ANT-MAN AND THE WASP: QUANTUMANIA. Photo by Jay Maidment. © 2022 MARVEL.

A terceira aventura do Formiga e da Vespa, traz um Reed que queria sair do aspecto mais descompromissado da aventura de uma tecla só dos dois primeiros filmes trazendo esses dois super-heróis para uma narrativa mais significativa que colocasse ambos como parte integral de uma saga, não apenas epílogos divertidos pós ou entre filmes dos vingadores. Neste ponto concordo com o diretor, já que Paul Rudd (Caça-Fantasmas: Mais Além) fez de Scott Lang um personagem maravilhoso e juntamente com Evangeline Lilly (Lost), se tornaram a duplinha mais interessante de super-heróis já criado neste universo.

O maior desafio de “Quantumania” era conseguir ser ambicioso em escopo e manter sua aura de filme família ao colocar Scott Lang e companhia em perigo após uma experiência que dá errado levando todos a pararem no Reino Quântico semelhante ao que aconteceu com Jane Van Dyne décadas atrás. O roteiro de Jeff Loveness (Rick e Morty) consegue fazer a ponte dos filmes anteriores mostrando Scott Lang lidando com uma vida mais popular pós “blip” (termo usado para aqueles que voltaram após o Hulk trazer todos de volta em “Ultimato”) e com fato de ter perdido anos da vida da filha agora uma adulta e problemática Cassie Lang (Kathryn Newton).

O primeiro ato apesar de ser correto e conseguir situar o público bem, carece de ritmo que acaba se intensificando na estranheza quando Scott, Hope, Cassie, Janet e Hank caem no Mundo Quântico cheio de criaturas estranhas e lugares inóspitos onde a narrativa vai jogando elementos e mais elementos num mundo grandioso e inicialmente rico mundo cheio de mitologias pronto para ser explorado.

Fonte: Marvel Studios

O longa abre duas linhas narrativas, a primeira acompanhamos Scott e Cassie perdidos no meio do nada, na outra temos Hope, Janet e Hank em outro lugar se deparando com o lado mais hostil deste lugar misterioso. Apesar do encanto inicial, começa a se notar que o roteiro não consegue trazer diálogos orgânicos e o humor em vários momentos não encaixa, falta “timming”, desta forma nota-se uma grande estranheza visual em relação ao que está sendo mostrado.

A direção de Peyton Reed tem uma grande dificuldade em equilibrar a ambição mostrada em tela representada pelo visual maçante e colorido do Reino Quântico, com o aspecto de aventura e urgência que a narrativa pede, o que resulta em uma trama irregular e diversas quebras de ritmo que acabam inclusive prejudicando várias sequências de ação (se puder assista em 2D) que soam caóticas e mal filmadas, principalmente no segundo ato, tendo uma melhora apenas no final do filme.

Ainda assim, “Quantumania” não é uma aventura ruim, apenas carece de polimento melhor principalmente na forma como lida com as relações da família Lang Pym, que ainda continua sendo o cerne das aventuras do Homem Formiga e da Vespa e é o que traz o público para dentro da história. Desta forma o elenco continua sendo o ponto forte aqui, com três grandes destaques.

O primeiro destaque é Paul Rudd, seu carisma é o que segura o filme, até quando o roteiro insiste em coloca-lo como coadjuvante, o ator consegue se destacar e trazer uma aspecto familiar e bom humor para o filme, aqui sua jornada e relação com a filha são um destaque positivo abrindo espaço para mais dramaticidade e emoção, infelizmente não se pode dizer o mesmo de Kathryn Newton (Freaky: No Corpo de um Assassino) que entrou no lugar de Isabelle Furhman (que apareceu brevemente em Ultimato) no papel de Cassie, a atriz tem pouco carisma e pouca emoção, algo que sua versão mirim tinha de sobra.

Fonte: Marvel Studio

O segundo destaque vai para Michelle Pffeifer (Saída Á Francesa), surpreendentemente seu arco narrativo é um dos mais emocionantes do filme, não só pelo constantes conflitos com a filha Hope, mas principalmente por sua relação com vilão do filme e sua familiaridade com reino Quântico que nos leva a querer uma aventura animada mostrando o tempo que a personagem ficou presa neste universo em miniatura.

E falando em vilão, Jonathan Majors(Irmãos de Honra) é o maior destaque de “Quantumania”, o ator tem presença de tela, firmeza e crueza que o papel pede, seu Kang é uma força da natureza implacável que só não fica melhor, pois suas motivações ainda precisam ser melhor exploradas, porém não a dúvidas que a presença do ator eleva e muito a narrativa, tanto que consegue atingir exatamente ambição que o Peyton Reed almejou para o fim da saga de seus super-heróis e apontando assim futuro ambicioso para fase 5.

A pegada emocional do longa é boa e funciona em diversos momentos, sendo mais significativa no terceiro ato com um belo momento entre Scott e Hope lutando contra Kang. Ainda assim, podemos dizer que o filme é uma aventura caótica e exagerada que tem muitos personagens, tribos e povos em profusão que carecem de mais foco para funcionar, fica nítido que Reed tenta beber da fonte de “Star Wars” e “Star Trek”, bem como outras ficção cientificas conhecidas, mas isso resulta em muita estranheza que tem seu ápice com a introdução do MODOK no MCU.

Fonte: Marvel Studios

Falando nessa criatura bizarra, é uma boa ponte para falarmos dos aspectos técnicos da produção, que tem um visual bastante esquisito que mistura estéticas que transitam entre beleza e feiura muito rápido resultando em algo que não impressiona, mas claramente se vê uma inspiração nas aventuras de Júlio Verne como “Viagem ao Centro da Terra”, os efeitos visuais são razoáveis e se destacam positivamente quando os personagens viajam mais fundo no reino Quântico, sendo o ponto fraco na modulagem de algumas criaturas como MODOK, que foi feito para ser tosco mesmo, mas aqui inicialmente causa bastante aversão antes de acostumarmos com o rosto.

No geral, “Homem Formiga e a Vespa: Quantumania” é uma aventura sci-fi razoável, longe de ser memorável, o longa sofre com a própria ambição mesmo que ainda tenha uma jornada bastante emocional para seus personagens principalmente Scott Lang. Tendo Jonathan Majors roubando a cena como um vilão cruel e insano, a narrativa que sofre com problemas de ritmo mesmo tendo duas horas de duração, ainda assim possui bons momentos de ação e humor que mostram que é uma aventura que não se deve levar muito a sério e a prova que o universo da Marvel atualmente é uma incógnita que os fãs devem controlar suas próprias expectativas para gostar e evitar grandes decepções.

Observação: O longa possui duas cenas pós créditos, a primeira aponta o caminho para “Vingadores: Dinastia Kang” e o segundo aponta um caminho alternativo para outra série da Marvel que deve estrear este ano.

Elo Preto

Personagem: Kang, O Conquistador
Ator: Jonathan Majors
Idade: 33 anos

O destaque da coluna de hoje é Jonathan Majors, talvez um dos atores negros mais requisitados do momento, tem no personagem de Kang a chance de dominar as futuras produções da fase 5. O ator que faz um vilão implacável e ameaçador, consegue ofuscar todos a sua volta com muita presença de tela que só mostra a boa escolha de Kevin Feige e companhia ao chama-lo para um papel tão importante. O ator de “Vingança e Castigo” deve ter um ano agitado, logo mais estreia em “Creed 3” com Michael B. Jordan e deve chamar a atenção no drama “Magazine Dreams”.

Gostou? Veja o trailer abaixo e comente o que achou se já assistiu ao filme.

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