“Dupla Jornada” – Crítica

Acelerado, com boas cenas de ação e uma vibe de filme B. O longa protagonizado por Jamie Foxx é mais um filme de vampiro que diverte e entretém, além de funcionar como um bom passatempo.

Fonte: Netflix

Os longas com seres sobrenaturais não são novidades no cinema, aliás, muitos dependendo do gênero levam muitas pessoas ao cinema como foi o caso do fenômeno “Crepúsculo” e seus vampiros cintilantes, para falar de exemplos de sucessos recentes. No caso dos vampiros, que normalmente estão ligados ao gênero terror, são também apontados como filmes B num subgênero que normalmente é subestimado, mas costumam trazer bons exemplares que acabam se tornando clássicos de uma geração, como o caso de “Garotos Perdidos” e “A Hora do Espanto”.

Estou falando sobre o assunto para dar meus pitacos sobre o novo filme de ação e comédia da Netflix, “Dupla Jornada” (Day Shift, 2022), longa protagonizado por Jamie Foxx (Meu Pai e Outros Vexames) que conta a história de um caçador de vampiros que tem uma semana para conseguir dinheiro para pagar as despesas da filha, mas acaba matando os vampiros errados e se tornando alvo de um grupo de dentuços que domina a região rica da Califórnia e vão fazer de tudo para captura-lo.

O longa é dirigido pelo novato J.J. Perry, mais conhecidos pelos trabalhos como coordenador de dublês de filmes como “John Wick 2“, além de “Velozes & Furiosos 8”, o drama de luta “Guerreiro”, o sci-fi de ação “Projeto Gemini” com Will Smith, dentre outros projetos conhecidos. Só por esse currículo, podemos ver que ao menos nas cenas de luta, o filme vale o tempo investido e Perry mostra seu cartão visita já nos primeiros minutos quando Bud Jablonski (Jamie Foxx) entra em uma casa em pleno dia para caçar vampiros.

Fonte: Netflix

A sequência inicial é visceral, bem coreografada, dinâmica e com um trabalho de dublês extremamente bem precisa. E o longa não para por aí, durante quase duas horas temos outras sequências de ação muito bem feitas que ajudam a carregar a narrativa e dar o tom da trama que tem um ritmo alucinante que as vezes acaba por atrapalhar o desenvolvimento da história carecendo de momentos de respiro que as vezes são escassos.

O roteiro escrito por Tyler Tice e o conhecido Shay Hatten (Army of the Dead – Invasão em Las Vegas) consegue criar uma mitologia interessante numa ensolarada Califórnia que serve de contraponto a evolução dos vampiros do lugar. Liderados por uma perigosa Audrey San Fernando (Karla Souza) e seu subordinado Klaus (Oliver Masucci) que estão tomando aos poucos os empreendimentos e preparando sua dominação agora que encontraram protetores solares potentes que os mantém no sol por mais tempo.

O mais legal de “Dupla Jornada” é que o longa tenta dar um fôlego a cansada mitologia dos vampiros, todas as regras estabelecidas pelos sanguessugas ainda estão lá, mas a narrativa lida com uma evolução natural da espécie que agora é mais rápida, se divide em vários tipos dependendo da idade e de como são transformados, tudo isso colocado num caldeirão de boas ideias por um roteiro que traz frescor, mas peca por apenas atirar essas informações para o público, não dando muito tempo para assimilação.

Fonte: Netflix

Ainda assim, todo o universo envolta de Bud é bastante interessante, temos um sindicado de caçadores de vampiros estabelecido, com regras que inclusive o protagonista não segue. Sem falar que o micro verso crescente do filme dá espaço a personagens peculiares como o engraçado Seth (Dave Franco), a vampira na porta ao lado Heather (Natasha Liu Bordizzo), os caçadores violentos e engraçados irmãos Nazarian (Scott Adkins e Steve Howey), sem falar no revendedor Troy (Peter Stormare), e temos também a ex-esposa do protagonista Jocelyn (Meagan Good) e sua filha, Paige (Zion Broadnax), que servem para trazer um lado mais humano de Bud.

Com um filme que se preocupa em construir um universo, talvez “Dupla Jornada” precisasse de um pouco mais de tempo para se desenvolver em sua plenitude, o longa é tão acelerado, que chega no terceiro ato perdendo um pouco de força e se tornando um pouco previsível na sua resolução, mesmo que aponte um caminho que pode gerar várias continuações dependendo da recepção da produção é claro.

Falando em termos mais técnicos, a trilha sonora do filme é muito boa, a fotografia solar é agradável e deixa as sequências de ação mais limpas fazendo com que o expectador possa enxergar tudo de maneira clara. Os efeitos práticos e especiais estão ótimos na medida, assim como a maquiagem dos vampiros, inclusive notasse uma pegada bastante trash aqui, em algumas sequências fica nítido, mostrando que a trama não deve se levar tão a sério.

Fonte: Netflix

Em relação ao elenco, mais uma vez Jamie Foxx entrega o que se espera dele, carisma, canastrice e porradaria, o ator virou especialista neste estilo de protagonismo nos últimos anos, principalmente aqui em sua segunda super produção trabalhando com a Netflix. Dave Franco (Os Vizinhos) adiciona aquele humor sem noção que as vezes funciona e as vezes não, mas o personagem serve como uma boa parceria para Foxx. Outro destaque vai para um surpreendente Snoop Dog, o cara não é um primor de atuação, mas tem momentos divertidíssimo no papel do durão Big John Elliott. O último destaque vai para Natasha Liu Bordizzo (Armas em Jogo) com uma personagem no mínimo interessante.

De tudo aquilo que foi citado aqui, pode-se dizer que “Dupla Jornada” é um ótimo filme, diverte, entretém e sabe ser um blockbuster com ação de qualidade e mitologia rica, um prato cheio para um domingão dos dia dos pais como hoje ou qualquer fim de semana descompromissado para você assistir com os amigos ou com paizão. Com uma produção caprichada e ótimas cenas de ação, este longa merece sua atenção principalmente se gosta de tramas de caçadores versus vampiros, aqui tem tudo isso e um pouco mais, e não se assuste se ver sequências no futuro, pois esta narrativa promete ser um dos hits do ano.

Gostou? Veja o trailer abaixo e se já conferiu esse blockbuster diga o que achou abaixo.

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