“Sequestro no Ar” – 1° Temporada – Crítica

Um bom entretenimento. A série protagonizada por Idris Elba tem seus percalços e furos, mas consegue prender atenção num thriller cheio de boas reviravoltas que compensam o ritmo desconjuntado.

Fonte: Apple TV Plus

O melhor de seriados de TV, é a boa capacidade de desenvolver melhor suas narrativas, seus personagens e aproveitar episódios para enriquecer arcos. É seguindo neste ponto que thrillers de ação se encaixam tão bem nesta descrição, principalmente quando os episódios conseguem manter atenção do público do início ao fim se utilizando de artísticos criativos para dar desfecho a suas tramas.

Estou falando tudo isto, pois “Sequestro no Ar” (Hijack, 2023) se encaixa exatamente nestas descrições. A série que inicialmente era considerada minissérie antes de surpreendentemente ser renovada pela Apple TV Plus, é protagonizada por Idris Elba (Luther: O Cair da Noite) no papel de Sam Nelson, que embarca num voo que é sequestrado em pleno trajeto entre Dubai a Londres causando tensão e pânico em todos a bordo.

A série criada por Jim Field Smith (Criminal: Reino Unido) e George McKay (Lupin) se aproveita desta premissa para embarcar o expectador numa jornada de sete horas, dividida em sete episódios, onde vai destrinchando o papel de Sam na história, as motivações dos sequestradores, o pânico entre os passageiros, enquanto pavimenta a narrativa no solo com o controle de tráfego aéreo e posteriormente com comitê de crise do governo britânico tomando ações quando tomam conhecimento do ocorrido.                

Fonte: Apple TV Plus

E tudo isso é bem pavimentado nos episódios iniciais “Final Call” (1×01) e “3 Degrees” (1×02), onde a trama parece previsível, porém a série sabe criar uma intensa atmosfera de suspense, conseguindo definir personagens no meio de rostos aparentemente anônimos que ganharão importância no decorrer da história dando um ar de imprevisibilidade num quebra cabeça que vai ficando mais enigmático a cada nova cena.

Ainda assim, “Sequestro no Ar” mostra mesmo que merece nossa atenção, quando coloca seu protagonista para pensar em alternativas inteligentes para controlar a situação e dá escopo para que os passageiros tenham presença na narrativa como podemos ver no ótimo episódio “Draw a Blank” (1×03), onde o suspense e o drama escalonam desproporcionalmente gerando um dos ganchos mais eletrizantes da série até então.

É com esse ar de thriller de suspense, com pitadas de drama, que Jim e George tentam expandir a trama revelando uma teia de mistérios e conspirações que acaba ganhando fôlego quando as linhas narrativas vão se estabelecendo e se conectando. O problema é que ao fazer isso, a série por diversas vezes não consegue desenvolver bem tudo que propõe, deixando alguns vácuos para serem preenchidos pelo público.

Fonte: Apple TV Plus

Enquanto que o eixo principal dentro do avião até funciona, as ramificações carecem de um desenvolvimento melhor, mas acabam se perdendo toda vez que a série precisa acelerar o ritmo. Então a reta final do seriado, apesar de ser muito boa, dilui arcos e deixa muitas pontas para manter seu arco principal funcionando, como fica claro no episódio “Less Than An Hour” (1×05), que tem um final caótico, que logo é esquecido, pois a trama está seguindo para outro momento.

A série só não sai do controle, pois claramente sabe dosar bem drama e suspense, intercalando a aflição dos passageiros, a insegurança dos terroristas e toda a movimentação no solo. O episódio “Not Responding” (1×04) é um forte exemplo de como a série consegue humanizar até mesmo a figura dos bandidos, mostrando que são peões descartáveis num grande esquema.

Em termos de elenco, a série acerta em alguns momentos e falha em outros, talvez pela profusão de personagens irritantes motivados por decisões duvidosas, com algumas poucas exceções. O destaque mesmo fica por conta de Idris Elba, que tem bons momentos no papel de Sam, e apesar de perder bastante espaço na reta final, o ator sabe tirar leite de pedra, mesmo quando o roteiro parece limitar sua presença propositalmente.

Fonte: Apple TV Plus

Outro destaque vai para atriz Eve Myles (Em Busca de Respostas) no papel da controladora de voo Alice, sua firmeza e inteligência são atributos que faz que ganhe bastante destaque nos dois últimos episódios. Nomes conhecidos como Archie Panjabi (The Good Wife), Ben Miles (Napoleão) e Max Beesley (Magnatas do Crime (2019)) ajudam a encorpar o elenco coadjuvante, mas acabam não tendo grande impacto na trama como um todo.

Talvez, o maior mérito da série seja conseguir trazer elementos inesperado que ajudam a alavancar os dois últimos episódios. O sexto episódio “Comply Slowly” e o melhor desta temporada, reúne todos elementos de um bom thriller de ação trazendo caos, pânico e uma das reviravoltas mais chocantes dos últimos anos, num gancho espetacular que compensa qualquer problema que a série possa ter nas entrelinhas.

De uma forma geral, “Sequestro no Ar” é um suspense bem produzido, que consegue manter a atenção deste o primeiro momento até o último instante, mesmo que o ritmo pareça engolir algumas tramas e desfechos fiquem em aberto. O final da temporada “Brace Brace Brace” (1×07) é eletrizante o suficiente para terminar a série de uma forma bem positiva, mostrando que é possível fazer um bom thriller, com uma boa produção que entregue um entretenimento honesto, que senão é perfeito, ao menos é bastante satisfatório.

Gostou? Veja o trailer e comente abaixo sobre a série, diga o que achou e o que espera da segunda temporada.

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