“Os Opostos Sempre Se Atraem” – Crítica

Apesar das cenas de ação pouco inspiradas e do plot um tanto quanto óbvio, este longa francês ganha pontos por trazer uma dupla com boa química formada por Omar Sy e Laurent Lafitte.

Fonte: Netflix

Comédias policiais com duplas sempre foram algo comum no cinema, elas são chamadas de “buddy cop”, temos várias que são famosas como “Máquina Mortífera” que trouxe a dupla Murtagh e Riggs nos anos 90, além de “Bad Boys” com a dupla Martin Lawrence e Will Smith, sem falar em “As Bem Armadas” com Sandra Bullock e Melissa McCarthy, ou também nas comédias antigas como “Starsky and Hutch” dentre outras séries e filmes policiais que traziam e trazem esse estilo de companheirismo que gerava e ainda gera bons longas que misturam ação e comédia.

Estou citando esses exemplos para falar da nova comédia de ação da Netflix, “Os Opostos Sempre Se Atraem” (Loin du périph, 2022), que na verdade é sequência do longa “De l’autre côté du périph” de 2012 com a mesma dupla principal protagonizada pelo ator sensação Omar Sy (Lupin) e o ator Laurent Lafitte (Elle), ambos são respectivamente Ousmane Diakhité (Sy) e Francois Monge (Lafitte), antigos amigos que voltam a se encontrar depois de anos para resolver um misterioso assassinato que os levam a investigar um grupo reacionário em uma cidade no interior da França.

O longa dirigido por Louis Letterier (O Cristal Encantado: A Era da Resistência) não traz grandes novidades em termos de história, a verdade é que o roteiro escrito por Stéphane Kazandjian é pouco inspirado, trazendo bastante clichê do gênero, mas ganha pontos por focar na relação da dupla principal onde o filme entrega qualidades que valem o tempo investido do público.

Fonte: Netflix

O título nacional é horroroso, mas ao menos evidencia a característica oposta desses dois amigos que cresceram de forma diferente na carreira policial, mas que agora tem a chance de acertar os ponteiros quando se deparam com um caso violento e impactante que traz um jovem assassinado no metrô de Paris. Ousmane agora Comissário, focado e sem tempo para se envolver com pretendentes e François rebaixado a tenente devido ao seu histórico de mulherengo, são uma dupla inusitada, mas que acabam por encontrar pontos em comum.

A narrativa é bastante acelerada, não perde tempo com enrolação, partindo para investigação e diversas sequências de ação que vão se intercalando à medida que o filme vai progredindo. O problema de “Os Opostos Sempre Se Atraem” é não trazer nada de muito novo, consegue ao menos mostrar um lado menos bonito dos franceses, colocando vilões fascistas e racistas no centro da trama que condiz muito com contexto atual.

Fonte: Netflix

Essa modernização do roteiro em trazer um problema até recorrente na Europa torna trama no mínimo interessante, gerando uma conspiração que poderia ser bastante intrigante, mas no final das contas é apenas previsível. Ainda assim o filme consegue entreter de uma forma não subestimar tanto a inteligência do expectador, sabendo não se levar a sério através do humor francês que preenche boa parte da narrativa.

Assim como todo bom filme “buddy cop” que se preze, temos desavença entre os protagonistas, mas uma vez Omar Sy rouba a cena com carisma de sobra, e ainda que eu ache seu personagem um pouco acima do tom, gosto da fúria “fogo nos racistas” que a caracterização lhe propõe, principalmente quando isso proporciona boas cenas de ação. Acredito que Laurent também não fica atrás na questão de carisma, mas o ator traz um charme interessante para um personagem egocêntrico, mas que aos poucos vai nos ganhando por ter um pouco de coração.

A verdade que é que “Os Opostos Sempre Se Atraem” é um filme que começa bem, mas ao ser bastante frenético, perde um pouco em desenvolvimento em alguns momentos, a investigação policial cerne da história acaba por esvaziar antes do fim e boa parte dos três atos do filme são segurados pelo carisma da dupla principal, quando isso não acontece, o tom do filme cai um pouco.

Fonte: Netflix

Em termos de ação, acredito que Louis Leterrier fica devendo um pouco, o diretor que é conhecido pelo seu ritmo alucinante, tenta fazer o mesmo aqui, só que não consegue cenas de ação marcantes, ainda que seus movimentos de câmera deixem as cenas mais dinâmicas, se vê claramente uma falta de inspiração em certas sequências corpo a corpo e algumas perseguições de carro que acabam por ser apenas boas, mas com margem para serem melhores.

De uma forma geral, “Os Opostos Sempre Se Atraem” é um longa que no final das contas serve apenas como passatempo, senão inova ou não soa como algo novo, ao menos entrega o que se propõe, uma boa comédia de ação, com dois protagonistas carismáticos e engraçados que seguram as pontas mesmo que a narrativa não empolgue em determinados momentos. Em um gênero que para alguns já está saturado e batido, ao menos ganha uma versão bem humorada vinda do cinema francês traz belas paisagens onde a ação acontece causando certo entusiasmo, sem falar que qualquer filme protagonizado por Omar Sy é motivo o bastante para ser assistido, esta trama aqui com certeza é um bom exemplo disso.  

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