“Luther: O Cair da Noite” – Crítica

Baseado no seriado de mesmo nome da BBC, este longa traz Idris Elba de volta ao papel que lhe consagrou num longa que mistura suspense, ação e boas reviravoltas.

Fonte: Netflix

O ator Idris Elba é uma estrela, um dos astros britânicos mais bem sucedidos e aclamados dos últimos anos, dono de um carisma enorme e um charme inglês difícil de não notar. O artista que fez diversos longas seja como protagonista (Alma de Cowboy) ou vilão (Velozes & Furiosos: Hobbs e Shaw), é um ator versátil e um produtor super influente que ajuda a trazer mais diversidade para indústria apoiando diversas produções voltadas para o público preto.

Elba ficou famoso por estrelar o drama em forma de thriller investigativo “Luther”, seriado britânico criado por Neil Cross que contava a história do detetive John Luther (Idris Elba) que trabalhava para uma unidade crimes seriais, investigando e montando casos contra seriais killers em sua maioria. Após 20 episódios e cinco temporadas, a série chegou ao fim de sua jornada em 2019, mas deixando brechas para uma continuação.

Em setembro de 2021, Idris Elba (Vingança & Castigo) anunciou que a Netflix iria co-produzir um filme com a BBC Film e a Chernin Entertainment que serviria de continuação para quinta temporada. Eis que chegamos então a “Luther: O Cair da Noite” (Luther: The Fallen Sun, 2023) que estreou no streaming na última sexta feira dia 10 de março retornando um universo e também com a chance de trazer novos fãs para acompanhar a saga de John Luther.

Fonte: Netflix

Confesso que nunca assisti ao seriado, mas sempre ouvi elogios sobre a obra e como a mesma era e é muito celebrada entre seus fãs. O longa escrito pelo próprio Neil Cross, é dirigido pelo veterano Jamie Payne (Outlander) acostumado a dirigir mais episódios de seriados, mas aqui com a acunha de dirigir um filme longa metragem cercado de mistérios ao colocar o agora ex detetive John Luther numa corrida contra o tempo para capturar e parar um assassino em série (Andy Serkis) que está aterrorizando Londres.

O mais difícil para “Luther: O Cair da Noite” funcionar em termos de trama, é tentar desvencilhar do seu formato de série, o primeiro ato é bom em apresentar a trama, mas pouco efetivo em situar o expectador em termos de narrativa, apresentando seus créditos iniciais enquanto tudo se desenrola como o protagonista sendo preso num período muito curto até tudo se assentar num presente que se torna o ponto de partida da história.

O clima neo-noir que mistura um estilo de ação investigativa amparado por uma fotografia bastante limpa em planos abertos belíssimos de uma Londres mais sóbria e cinza que dá um tom bastante imersivo para o filme, porém mais uma vez, continua a passar a sensação de estarmos vendo episódios longos de um seriado, inclusive a narrativa que tem 130 minutos parecem três episódios condensados que as vezes funcionam como longa metragem, mas muito desta percepção se deve ao ritmo que as vezes é irregular.

Fonte: Netflix

A trama que é ditada pelas ações do assassino David Robey (Andy Serkis), uma mente criminosa que desafia toda a habilidade de Luther como investigador e parece sempre estar a um passo a frente do personagem, inclusive colocando a força policial da cidade liderada por Odette Rainey (Cynthia Erivo) numa caçada humana ao ex detetive que tenta provar sua inocência ao mesmo tempo que tenta alcançar e desvendar o jogo de seu antagonista.

Um dos pontos positivos de “Luther: O Cair da Noite” é saber envolver mesmo aqueles que não conhecem o passado do personagem principal, criando uma trama com começo, meio e fim utilizando inclusive da temática da tecnologia e obsessão humana pela violência muitas vezes transmitidas pelos veículos de comunicação e rede sociais, para criar um vilão que traz John Luther para nosso presente numa narrativa que serve também como uma boa crítica aos males e perigos da internet e o quanto estamos vulneráveis em termos de segurança.

Ainda que o filme carregue algumas ressalvas, não há dúvida que em termos de mistério e ação, tudo aqui funciona de forma instigante, fazendo o expectador se prender na história principalmente quando o segundo ato traz boas reviravoltas numa trama que senão é muito brilhante, ao menos consegue surpreender nos momentos certos, representado pela ótima e caótica sequência no centro de Londres.

Fonte: Netflix

A obra também se beneficia de rostos conhecidos para fazer a narrativa funcionar, enquanto a adição de Cynthia Erivo (Harriet) e Andy Serkis (Pantera Negra) ajudam a trazer atores de fácil identificação, o retorno do ator Dermot Crowley (O Estrangeiro) no papel do detetive veterano Martin Schenk, promete deixar os fãs do seriado original com um gosto de nostalgia no ar. Ainda assim, o palco continua sendo de Idris Elba, seu personagem John Luther tem presença, ainda que alguns momentos pareça cansado, mas ainda assim é uma mente aguçada que vai desvendando um elaborado quebra cabeça que vai ficando mais claro a medida que o filme progride.

De uma forma geral, “Luther: O Cair da Noite” funciona como uma obra nostálgica para quem conhece o personagem e consegue atiçar aqueles que ainda não são familiarizados com este universo, porém o filme claramente sofre com ritmo ao tentar se firmar como longa em detrimento da sua base seriada, mas quando consegue abraçar seu lado cinematográfico ficamos diante de um thriller visualmente vistoso e com bons momentos de puro entretenimento que tem um final clichê, mas redondo, sendo suficiente para trazer John Luther de volta ao jogo e provavelmente com mais gás para outras aventuras investigativas.

Gostou? Veja o trailer e comente se já conferiu ao filme.

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