_{Mantendo a qualidade da temporada anterior, mas agora com mais espaço para se desenvolver melhor, “Sombra e Ossos” traz ação, fantasia e aventura numa narrativa que deveria ser mais popular do que é.}

Spoilers Moderados Abaixo

Quando a primeira temporada de “Sombra e Ossos” estreou em 2021, a série chegou com toda a pompa de um blockbuster do formato televisivo e apresentou ao longo de seus oito episódios uma trama rica em mitologia, bons personagens e a vontade de ser grande entre as séries de fantasia. Tudo isso foi comentado na crítica da primeira temporada que você pode ler aqui.

Depois de quase dois anos de espera, a segunda temporada da série chegou na Netflix no mês passado com toda pompa e potencial para se tornar um grande fenômeno que sempre prometeu. A série criada por Eric Heisserer (A Chegada) baseada na obra de Leigh Bardugo agora iria se basear no segundo e terceiro livros da trilogia adaptando “Sol e Tormenta” e “Ruína e Ascensão”, bem como outras partes do livro “Six of Crows: Sangue e Mentiras” numa temporada ainda composta de oito episódios.

Talvez o maior problema que tenha abatido sobre “Sombra e Ossos”, foi o tempo de espera, ficamos muito tempo órfãos da trama e agora com seu retorno, os expectadores precisam redescobrir a história que se interessaram a algum tempo atrás. O fato é que a segunda temporada retorna (se possível assista um recap rápido da temporada anterior no catálogo ou no youtube) com bastante informações e com um ritmo inicialmente frenético demais para que o expectador tenha tempo de assimilar tudo.

Não que o primeiro episódio “No Shelter But Me” (2×01) tenha muitos pontos negativos, mas a narrativa tem bastante informação que é preciso ter atenção a tudo que está sendo entregue. A trama começa logo após os eventos do final da primeira temporada, com a Alina (Jessie Me Li), agora Conjuradora do Sol partindo numa jornada com Mal (Archie Renaux) para as terras de Shu Han, após vencer o terrível General Kirigan (Bem Barnes).

Este último sobreviveu após a batalha com a protagonista e retorna de uma forma mais sombria e intimidadora após adquirir uma nova habilidade de conjurar sombras. Outra trama que acompanhamos é a de Kaz (Freddy Carter), Jesper Fahey (Kit Young) e Inej Ghafa (Amita Suman), agora com a presença de Nina Zenik (Danielle Galligan) e o novado Wylan Hendricks (Jack Wolfe) na tentativa de tirar Pekka Rollins (Dean Lennox Kelly) do controle da região de Ketterdam.

É nítido como toda a apresentação das regiões externas a Ravka (procure o mapa das regiões no google) na primeira temporada fazem sentido agora quando vemos a Alina fugindo para terras inóspitas quando sua cabeça está a prêmio após a aliança com Kirigan no final da temporada anterior. A trama ao menos se move muito rápido principalmente nos episódios “Rusalye” (2×02) e “Like Calls to Like” (2×03) quando a trama foca na busca por mais amplificadores para completar o poder da Conjuradora do Sol se tornam o principal objetivo da temporada.

O roteiro aproveita esta jornada de busca para introduzir mais personagens na mistura, além do já citado Wylan, temos ainda o misterioso corsário Sturmhond (Patrick Gibson), bem como os irmãos Tamar Kir-Bataar (Anna Leong Brophy) e Tolya Yul-Bataar (Lewis Tan), esse trio acaba cruzando o caminho de Alina e Mal na busca pelo segundo amplificador.

Ao colocar em movimento a trama principal e duas subtramas, “Sombra & Ossos” mantém uma das características da temporada anterior, sempre com algo para ser contado, desvendado ou revelado, isso dá um ótimo ritmo para uma narrativa que ainda carece de aprofundamento de personagens em algum momento, porém consegue consolidar outros considerados favoritos dos fãs, como Kaz Brekker que aqui ganha uma história mais dramática como podemos ver no ótimo episódio “Every Monstrous Thing” (2×04), bem como Alina, que apesar de ter uma trama mais óbvia, ganha dimensões ao se envolver em um novo triângulo amoroso com um príncipe de Ravka, além da personagem ter uma conexão mais sombria com seu antagonista nesta temporada.

O seriado cresce quando explora mais esse universo, que ainda continua sendo um dos principais atrativos de uma narrativa que tem uma cultura fictícia bastante sólida acentuado pelo excelente valor de produção que continua entregando bons efeitos visuais, direção de arte, figurinos e uma direção bastante impecáveis que me levam a perguntar porque a série não é mais popular.

Outro ponto positivo da segunda temporada é o fato de termos mais sequências de ação principalmente na segunda metade, inclusive Eric e seus roteiristas conseguem trazer bons ganchos e boas sequências com Grishas, corvos (as cenas de ação com Kit Young são excelentes e estilosas) e monstros das sombras em ação, sem falar que Alina está com vibe mais heroica, como fica claro nos episódios “Yuye Sesh (Despise Your Heart)” (2×05) e “Ni Weh Sesh (I Have No Heart)” (2×06), este último inclusive tem boas revelações em ganchos surpreendentes.

A série também não esquece dos outros personagens da primeira temporada, trazendo de volta Genya (Daisy Head), Zoya (Sujaya Dasgupta), Nadia (Joanna McGibbon) e Baghra (Zöe Wanamaker) como fortes aliados de Alina nas buscas dos amplificadores para derrotarem Kirigan e destruir a névoa que divide Ravka. É claro que as vezes falta ao seriado mais maturidade para mostrar um peso maior nesses eventos perdendo um pouco de tempo com tramas que não se movem muito nesta temporada, como a trama na prisão com Matthias (Calahan Skogman), que fica empacada depois de mostrar um potencial absurdo na primeira temporada, jogando seu interesse romântico Nina para fazer parte da trama dos corvos.

O fato é que quando assistimos toda a segunda temporada do seria a sensação é despedida, principalmente nos três últimos episódios, onde a trama chega num ápice gigantesco recheado de muitas batalhas e resoluções importantes com respostas levantadas na temporada anterior, mas que aqui finalmente ganham uma resolução. O melhor episódio da temporada “Meet You in The Meadow” (2×07) toma alguns riscos e consequências, e mesmo que caia em alguns clichês, entrega tudo aquilo que esperávamos de um seriado de fantasia e consolida todo o potencial a trama pode entregar.

De uma forma geral, “Sombra e Ossos” segunda temporada é um produto bem acabado que tenta equilibrar fidelidade enquanto quebra um pouco suas amarras literárias para entregar uma temporada que se preocupa e dar respostas, além entreter com boas cenas de ação e qualidade estética bastante consistente. As vezes se perde ao colocar muitas informações em tela, mas na maior parte do tempo funciona principalmente quando você abraça este universo complexo.

O episódio final da temporada “No Funerals” (2×08) é um pós-batalha que deixa muitas incógnitas e diversos ganchos abertos inclusive a relação entre Mal e Alina (que infelizmente não tem química), além de terminar com gancho grande para próxima temporada. Talvez os roteiristas tenham medo do cancelamento, então a trama central resolvida nesta temporada pode servir como final, mas fica claro ânsia de Eric Heisserer em continuar por mais um ano a jornada desses personagens, resta saber se a Netflix também vai responder aos fãs e renovar uma das melhores séries fantasias da atualidade, algo que a segunda temporada da série fez questão reafirmar.

Nossa coluna de hoje tem como destaque a bela atriz britânica Joanna McGibbon, que apesar de não está entre os regulares, tem bons momentos na temporada no papel de Nadia, uma das Grishas aliadas de Alina e que luta para acabar com hegemonia dos Grishas liderados por Kirigan. McGibbon tem presença e sua personagem chega dar um breve treinamento para protagonista no começo da temporada, além de ter um romance com a bela Tamar e participar de forma decisiva na batalha no final da temporada. McGibbon tem poucos papéis de destaque, sendo “Sombra & Ossos” seu maior papel até agora, a atriz ainda apareceu no filme “The Dark Tower” protagonizado por Idris Elba (Luther: O Cair da Noite).

Gostou? Assista ao trailer e comente se já conferiu a temporada.