“The Witcher: A Origem” – Minissérie – Crítica

O mundo antes de Geralt de Rivia. A nova minissérie da Netflix sobre o universo de “The Witcher” chega elucidando o passado com muita aventura, ação e revolução numa trama com ar genérico, mas satisfatória em termos gerais.

Spoilers Leves Abaixo

Fonte: Netflix

A Netflix tirou a sorte grande quando adaptou e lançou a versão live action de “The Witcher”, baseado nos livros Andrzej Sapkowski e também nos games de mesmo nome, o seriado bateu recordes de audiência que se acentuou na segunda temporada levando os responsáveis pela série a expandir o universo protagonizado por Geralt De Rivia (Henry Cavill), que gerou ano passado o excelente anime “The Witcher: A Lenda do Lobo” que se passava alguns anos da trama original e contava a história Vesemir, mestre de Geralt e um dos líderes do clã de bruxos.

Com o sucesso da série principal e do desenho animado, os investimentos continuaram gerando a produção “The Witcher: A Origem” (The Witcher: Blood Origin, 2022), que estava cercada de expectativas, pois contaria a história do começo do universo do bruxo mais famoso dos videogames, a Conjunção das Esferas, que deu origem ao Continente e o surgimento de novas criaturas mágicas, bem como incorporando os humanos neste universo caótico e perigoso.

A minissérie foi lançada no natal e foi composto por quatro episódios criados para televisão pelos showrunners Declan De Barra (The Originals) e Lauren Schmidt (The Witcher), na tentativa de esclarecer alguns pontos e assim enriquecer ainda mais o universo que carecia de algumas respostas ao levantar bastante questionamentos na série principal. A narrativa começa situando os expectadores trazendo o rosto conhecido de Jaskier (Joey Batey) convocado por uma contadora de histórias, Ithlinne (Ella Schrey-Yeats), para recitar a canção dos sete, um grupo de guerreiros que foram cruciais o evento que transformou a história do mundo conhecido.

Fonte: Netflix

A partir desta premissa, a narrativa da série começa a tomar forma, mostrando um mundo governado por elfos dividido em clãs guerreando entre si numa guerra que já dura milhares de anos. Sem perder muito tempo, a trama construída por Declan e Lauren vai direto ao assunto, apresentando seus protagonistas aos poucos, enquanto desenvolve o conflito principal em narrativas paralelas.

Por ser uma minissérie curta, “The Witcher: A Origem” não perde tempo em partir para ação e colocar a elfa Éile (Sophia Brown) do Clã dos Corvos e exilado elfo do Clã dos Cães, Fjall (Laurence O’Fuarain) em rota de colisão numa união para destruir uma imperatriz, Merwyn (Mirren Mack), recém empossada após destruir seus inimigos e assumir o trono do reino de Xintrea, tendo o poderoso mago Balor (Lenny Henry) puxando as cordas nos bastidores, é assim que o primeiro episódio “Of Ballads, Brawlers and Bloodied Blades…” (1×01) dá o tom da trama e é assim que a série vai aumentando seu escopo.

Muito do que se viu na primeira temporada de “The Witcher” foi uma confusão narrativa até que as coisas se alinhassem em algo mais compreensivo para seu público. Aqui em “A Origem”, os roteiristas simplificam a trama de forma ficar acessível e focam no ponto chave que vai levar diretamente ao evento da Conjunção das Esferas. Porém, ao trazer algo mais simplista, a minissérie perde em nuance e pode causar estranheza para os fãs mais aficionados.

Fonte: Netflix

É claro que se você curte o universo, a narrativa consegue atiçar sua curiosidade introduzindo mistérios, personagens peculiares como a guerreira Scian (Michelle Yeoh) e boas reviravoltas que prendem sua atenção. É desta forma que o segundo episódio “Of Dreams, Defiance and Desperate Deeds…” (1×02) introduz mais personagens e começa a trazer algumas respostas sobre a questão dos monstros trazido de outros universos e toda a questão envolvendo os monolitos, algo citado na série principal, mas que aqui ganham uma elucidação oportuna incluindo as consequências de usá-los.

Infelizmente, nota-se em termos produção uma série mais modesta no quesito orçamento, ainda que os efeitos visuais das cidades e universos paralelos sejam decentes, os efeitos visuais dos monstros são bem fracos e pouco polidos, mas nada que estrague a experiência, mas com certeza fica a má impressão de retrocesso em relação ao pomposo orçamento da série protagonizada por Henry Cavill (A Liga da Justiça de Zack Snyder). A série compensa utilizando-se de suas belas locações que ficam simplesmente lindas em plano aberto dando ênfase a locais montanhosos com belas paisagens que vão do verde florestal até solos vulcânicos.

A minissérie, no entanto, consegue prender nossa atenção pelo ritmo acelerado que tem no seu maior trunfo a interação do elenco, que em sua maioria é bastante carismático, como fica claro no episódio “Of Warriors, Wakes and Wondrous Worlds” (1×03), destaque para Sophia Brown (Giri/Haji) no papel da protagonista Éile, Laurence O’Fuarain (Vikings) no papel de Fjall, Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo) no papel de Scian e Francesca Mills (Zoolander 2) no papel da anã Meldof. As sequências de ação são boas e sangrentas na medida, nada muito diferente do que nós já vimos no gênero, mas são bem feitas o suficiente para empolgar durante a trama.

Fonte: Netflix

Por tudo aquilo que foi falado, “The Witcher: A Origem” talvez não seja uma minissérie primorosa, e as vezes é bastante genérica, mas cumpre o papel do entretenimento de aventura com pé na diversidade (amei ver uma elfa negra sendo protagonista) e na inclusão, trazendo esclarecimentos sobre o passado do Continente e como o mundo dos humanos, elfos, monstros, bruxos e anões se uniram em um só, além é claro mostrar a origem do primeiro bruxo. Claramente nota-se uma tentativa de explicar o passado servindo como pano de fundo para o que vai ser a terceira temporada da série principal, a minissérie tem suas ressalvas, mas também tem seus pontos positivos e cumpre bem seu papel.

 O episódio final “Of Mages, Malice and Monstrous Mayhem” (1×04) tem bastante ação, mortes e principalmente, consequências, ligando pontas soltas, conectando destinos, tudo de uma forma bem objetiva, tão objetiva que merecia até mais episódios para acostumarmos com esses personagens, que poderiam ter rendido boas aventuras num universo bastante rico e misterioso.

Observação: O último episódio possui uma cena durante os créditos.

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