É assim que se faz um blockbuster! Liderado por uma emocionante atuação de Lupita Nyong’o, este prequel de uma das franquias mais celebradas no cinema atual ganha força ao mostrar a invasão alienígena de uma forma caótica equilibrando de fora impecável suspense e drama.

Foi em 2018 que um filme pequeno chamado “Um Lugar Silencioso” arrebatou plateias do mundo todo com um suspense bem dosado focado no drama humano em meio ao ataque de criaturas misteriosas que se guiavam pelo som. Protagonizado por Emily Blunt (No Limite do Amanhã) e seu esposo na vida real Joseph Krasinski (Jack Ryan) que não só dirigiu, como escreveu uma trama eletrizante que gerou uma sequência igualmente brilhante em “Um Lugar Silencioso: Parte 2” se tornando uma das franquias mais lucrativas, inusitadas e emocionantes dos últimos anos.
Era certo que um universo misterioso e rico iria se expandir em algum momento, então foi desta forma que chegamos no prequel “Um Lugar Misterioso: Dia Um” (A Quiet Place: Day One, 2024), o novo longa da franquia da Paramount Pictures que conta a história da invasão alienígena no seu primeiro dia, desta vez não como no flashback de abertura da “Parte 2” numa cidadezinha pequena, mas sim numa grande metrópole, Nova York, conhecida como um dos lugares mais barulhentos do mundo.
O filme tem uma ótima premissa que se utiliza de um prólogo poderoso e caótico quando seguimos a trajetória da personagem Samira (Lupita Nyong’o), uma cidadã nova iorquina que enfrenta um pesado tratamento de câncer e vê suas esperanças esvaindo de vez quando se encontra no meio do caos quando meteoros começam a cair do céu trazendo criaturas vorazes que começam atacar tudo que emite algum som.

Sem revelar muito, o longa dirigido pelo cineasta Michael Sarnoski (Pig – A Vingança) é um blockbuster daqueles que vale a pena assistir no cinema, primeiro porque consegue estabelecer muito bem sua protagonista e posteriormente o estudante de direito Eric (Joseph Quinn), tudo é muito bem costurado, com a câmera acompanhando de perto o pânico de uma cidade que precisa se calar para sobreviver.
É claro que “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é uma narrativa que requer paciência, estabelecendo primariamente como um drama, logo o clima muda para um suspense urgente, que vai crescendo em tensão, mas sem jamais esquecer de aprofundar e desenvolver seus personagens nos momentos mais calmos. O roteiro é inteligente, sabe usar os elementos mostrado nos filmes anteriores de uma forma “nova”, trazendo um frescor levando a trama para diversos cenários de uma Nova York devastada que vai sucumbindo aos poucos as criaturas implacáveis que agora aparecem em profusão com bandos enormes caçando em grupo.
Porém, nada do que foi estabelecido, seria algo impactante, sem a presença de Lupita Nyong’o (Pantera Negra: Wakanda Forever) em cena. A ganhadora do Oscar ficou anos sem receber o devido destaque até aparecer em “Nós” do Jordan Peele e agora ganha os holofotes mais uma vez com uma personagem com uma carga emocional muito forte, onde o diretor sabe explorar as expressividades no olhar e no rosto de uma atriz que traz nuances para uma heroína que transmite simpatia, força e emoção.

E vamos falar a verdade, é lindo ver uma mulher preta retinta liderar um blockbuster 60 milhões de dólares que promete ser um dos filmes de maior bilheteria do ano merecidamente. O elenco ainda é reforçado pela presença do ator Djimon Hounsou (Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes) retornando como Henri, personagem da parte 2 que aparece aqui mostrando da origem de sua história trágica.
Outro ótimo destaque é o ator Joseph Quinn (Stranger Things), que saiu da telinha para ganhar chance na telona e não faz feio, seu personagem Eric traz uma carga emocional e uma boa química com Samira (Nyong’o) que carrega boa parte da segunda metade que intercala bastante momentos mais calmos, com sequências eletrizantes incluindo uma em especial no na linha subterrânea no metrô que deve deixar o público na ponta da cadeira.
No final das contas “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é muito sobre sobrevivência, mas também é sobre empatia em meio ao caos, a jornada de Samira é triste e linda, seu encontro com Eric completado por um felino maravilhoso na pele de um gatinho que parece uma estrela ambulante formam um trio improvável num cenário devastador nos fazendo torcer para que saiam vivos no belíssimo último ato.

De uma forma geral, esta obra é uma nova peça numa franquia que ainda tem muito para render, a direção de Michael Sarnoski é precisa, daquelas que sabe usar elementos em cena para deixar tudo ainda mais emocionante com um suspense e terror que se espreita a todo momento, não deixando em nada a desejar para o que Krasinski fez nos dois primeiros filmes. Existe um cuidado de produção aqui bastante marcante de um filme que é caprichado nos efeitos visuais e traz cenas de ação muito boas usam bem a ambientação em Nova York, lembrando inclusive longas como “Cloverfield”.
Sendo assim, “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é um filme imperdível, daqueles que merecem ser visto na tela grande trazendo a aura de um blockbuster milionário, mas com a consciência de um filme indie que sabe explorar seus personagens através de bons diálogos ancorado por uma atuação não menos excelente de Lupita Nyong’o conseguindo se firmar como um dos grandes sucessos do ano até momento.
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