“Rebel Moon: Parte 2 – A Marcadora de Cicatrizes”

Agora é guerra! A parte 2 da saga espacial de Zach Snyder entrega mais desenvolvimento de personagens, mais ação e um terceiro ato insano que realmente mostra o potencial deste novo universo. Cleopatra Coleman é o destaque da coluna.

Fonte: Netflix

Quando “Rebel Moon: Parte 1 – A Menina de Fogo” estreou no final do ano passado, muitos se dividiram, mas todos foram unânimes em dizer que o longa tinha muitos problemas de ritmo e parecia uma grande introdução com pouquíssimo desenvolvimento de personagens chaves da narrativa. Snyder tinha então o compromisso de entregar mais, muito por conta da pompa e orçamento investido pela Netflix em um Universo que parecia fadado ao fracasso.

Então chegamos ao dia 19 de abril de 2024, depois do marketing apontando uma sequência mais explosiva, as expectativas altas ficam mais por conta dos fãs do diretor, do que pela audiência geral que estava torcendo nariz para o que foi entregue até o momento. É desta forma que “Rebel Moon: Parte 2 – A Marcadora de Cicatrizes” (Rebel Moon: Parte 2 – The Scargiver, 2024) estreia prometendo mais ação e menos introduções. Será que o filme conseguiu entregar o que estava prometendo?

Posso dizer que na maior parte do tempo sim. E para deixar claro para você que está lendo este texto não tenha dúvidas, a parte 2 é muito melhor que a parte 1. Não que isto seja muito difícil, mas percebemos aqui um desenvolvimento de personagens melhor que consegue oferecer mais opções narrativas que acabam fazendo tudo fluir de uma forma melhor, mesmo que ainda tenha suas previsibilidades.

Fonte: Netflix

O grande mérito de “A Marcadora de Cicatrizes” é conseguir concentrar a ação apenas um lugar, neste caso, a lua de Veidt, desta forma fica mais fácil de entender a trama que é sequência direta dos eventos da parte 1. Nesta continuação acompanhamos Kora (Sofia Boutella) e outros rebeldes de volta a Veidt, enquanto em paralelo vemos o ressurgimento do Almirante Noble (Ed Skrein) que escapou da morte para ter outra oportunidade de vingança contra sua adversária.

Tudo isto é resumido de uma forma bem didática pela “narração em off” do robô Jimmy (voz de Anthony Hopkins) logo no começo. A partir disto a primeira metade é basicamente uma preparação para um eminente confronto entre os rebeldes e aldeões de Veidt contra as forças do Imperium lideradas por Noble, então o filme acaba ganhando a oportunidade de desenvolver melhor seus personagens.

O roteiro escrito por Shay Hatten (Army of the Dead – Invasão em Las Vegas), Kurt Johnstad (Atômica) e o próprio Snyder não tem grande brilhantismo narrativamente, na verdade é bastante simplista, mas consegue desta vez transitar bem do filme de jornada e descobrimento de universo da parte 1, para um filme de sobrevivência e guerra na parte 2. Desta forma, temos aqui longos monólogos motivacionais com flashbacks reveladores, uma melhor interação entre personagens e a criação de vínculo entre o elenco principal.

Fonte: Netflix

O ritmo funciona melhor, pois intercala arcos, inclusive explorando mais a opressão do Mundo-Mãe principalmente em flashbacks, que acabam por inevitavelmente colidir na segunda metade do filme. É claro que esta parte 2 tem seus clichês e previsibilidades que acabam por apontar onde tudo vai começar e onde tudo vai terminar. Alguns diálogos também são repetitivos, mas existe aqui uma clara intenção de esmiuçar bem as motivações que cercam os rebeldes, desta forma Snyder entrega romance, tragédias e ponto de virada para personagens quebrados em busca de um objetivo em comum.

Em termos de elenco, Sofia Boutella (A Múmia (2017)) continua sendo o grande destaque, sua Kora ganha ainda mais camadas nesta parte 2 dando peso ao subtítulo do filme a colocando no centro da ação como uma guerreira em busca de abraçar seu destino. Outro destaque vai para Djimon Hounsou (Gran Turismo – De Jogador a Corredor) que finalmente ganha um espaço merecido na pele do general Titus. A novata Elise Duffy é uma grata surpresa no papel de Millius, inclusive é confirmada como uma primeira personagem não binária deste universo.

O ator Ed Skrein (Game of Thrones) está cada vez mais a vontade no papel do Almirante Atticus Noble, se tornando um vilão inescrupuloso e mais implacável do que na primeira parte. Os atores Michiel Huisman, Star Nair, Bae Doona e Cleopatra Coleman, tem finalmente algum destaque merecido para seus personagens, alguns deles como Nair e Bae ganhando flashbacks que moldam seus passados trágicos fazendo o público se importar mais com seus respectivos destinos.

Fonte: Netflix

Acredito que sem o peso de estabelecer um universo, Snyder parece mais à vontade nesta parte 2, conseguindo imprimir um ritmo que aumenta a tensão principalmente na segunda metade. Aliás, toda a sequência da hora final traz um filme de guerra com tensão, riscos e batalhas sangrentas com baixas e sacrifícios. A entrega de todo elenco impressiona com sequências de ação que se apresentam em vários detalhes aumentando cada vez mais o escopo da pirotecnia que o diretor adora entregar.

Este aspecto da narrativa abre espaço para personagens como Titus, Millius e Nemesis brilharem em boas sequências de porradaria mesmo com os excessos de slow motion do diretor, que aqui até funcionam melhor nos momentos de cartase. Destaque para maravilhosa sequência com Jimmy, que é de longe um dos personagens mais fascinantes de universo e que ganha seu momento para brilhar finalmente.

É claro que “A Marcadora de Cicatrizes” é um pouco limitada por conta da classificação iniciativa e conseguimos identificar em vários momentos que o longa clama por uma versão adulta com mais sangue e violência. Algo que teremos que aguardar até agosto para assistir, mas já evidencia que irá melhorar ainda mais a obra.

Fonte: Netflix

Em termos de produção, a trilha sonora de Tom Holkenborg (Mad Max: A Estrada Fúria) consegue dar um tom épico e de urgência que ajudam a incrementar ainda mais o ritmo do filme. Os efeitos visuais misturando CGI e efeitos práticos são maravilhosos e no terceiro ato são puro blockbuster escapista dando ainda mais exagero visual a uma belíssima fotografia que aqui soa mais vibrante e elegante que no longa anterior.

De uma forma geral, “Rebel Moon: Parte 2 – A Marcadora de Cicatrizes” prova que Zack Snyder sabe o que estava fazendo na construção deste universo, mesmo repetindo alguns erros da parte 1, fica claro que o diretor também sabe trazer pontos positivos que desta vez se sobressaem num filme que é pura guerra sci-fi com bons personagens que agora parecem ter um pouco mais de profundidade. Esta segunda parte mostra não só o potencial, como consegue trazer exatamente a curiosidade que esperávamos desde o capítulo anterior. Entregando um espetáculo visual estravagante, “Rebel Moon” é o cinema em casa que esperávamos de um entretenimento honesto que não sucumbe a própria pretensão. A sequência final abre a porta para uma inevitável continuação, se Snyder fizer certo e continuar nesta crescente, finalmente teremos um sci-fi digno de ser abraçado.

Elo Preto

Personagem: Devra Bloodaxe
Atriz: Cleopatra Coleman
Idade: 36 anos

O destaque para coluna de hoje vai para jovem atriz Cleopatra Coleman no papel de Devra Bloodaxe, sua personagem que cresce muito na HQ “A Casa dos Bloodaxes” lançado em quatro volumes, ganha um papel fundamental no terceiro ato de “Rebel Moon: A Marcadora de Cicatrizes”, apesar da líder dos rebeldes espaciais ter pouco tempo de tela, fica claro que seu papel tem tudo para crescer no futuro da saga. Coleman é conhecida pelo longa de ficção cientifica “Sombra Lunar” de 2019, assim como o recente terror “Piscina Infinita”. A promissora atriz será vista em breve na minissérie “Clipped”.

Gostou? Veja o trailer e diga nos comentários o que achou da obra se já assistiu.

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