“The Walking Dead: The Ones Who Live” – Minissérie – Crítica

A trama precisávamos dentro do universo The Walking Dead. Com um controle criativo de Danai Gurira e Andrew Lincoln, esta minissérie sobre Michonne e Rick é um dos capítulos mais marcantes da saga dos zumbis. 

Spoilers do Universo The Walking Dead abaixo

Fonte: AMC Studios

Quando o final de “The Walking Dead” (TWD) aconteceu no dia 21 de novembro de 2022, sabíamos que não seria o fim deste universo. Aliás, o último episódio deixava muitas pontas soltas para serem preenchidas para alguns personagens. Além do fim da série mãe, o spin off “Fear The Walking Dead” também terminou no final do ano passado, assim como a minissérie de duas temporadas “The Walking Dead: World Beyond” que apresentava a República Cívica como possível grande ameaça para o futuro.

Desde então, o universo dos zumbis mais famosos da TV vem expandido cada vez mais, não só com o spin off “The Walking Dead: Dead City” protagonizado por Megan e Negan, mas também com “The Walking Dead: Daryl Dixon” protagonizado por Daryl se passando na França. E existia um projeto de uma trilogia de filmes com Rick, que acabou evoluindo ao longo dos anos para uma série com Rick e Michonne, nascendo assim “The Walking Dead: The Ones Who Live”.

Esta minissérie superprodução da AMC que estreia amanhã no catálogo do streaming Prime Video conta a história do reencontro de Michonne com Rick, além do foco na trama da República Cívica, comunidade que logo evoluiu para um grupo paramilitar que tem como objetivo pavimentar e oferecer ordem para o mundo pós apocalipse Zumbi. A série foi criada pelo veterano neste universo Scott M. Gimple, assim como Danai Gurira e Andrew Lincoln, mostrando que o foco seria totalmente voltado para a história de Michonne e Rick.

Fonte: AMC Studios

Para aqueles que ainda acompanham o universo TWD, sabemos que Rick supostamente morreu na explosão da ponte no começo da nona temporada, marcando o fim da participação de Andrew Lincoln na série principal. Porém existia muitos vestígios de que Rick tinha sobrevivido e tinha sido capturado, o que levou inclusive a jornada de resgaste de Michonne na décima temporada encerrando a participação da Danai na série.

Ou seja, o roteiro estava apontando exatamente para o seguimento desses dois arcos em aberto e é assim que “The Walking Dead: The Ones Who Live” parte inicialmente em sua premissa. O primeiro episódio “Years” (1×01), é focado em Rick e nos cinco anos que esteve refém da República Cívica. É aqui que ganhamos respostas sobre tudo que ficou em aberto e do porque o personagem mais popular de TWD não voltou para seus familiares em Alexandria.

Talvez falte ao piloto um melhor senso de novidade e urgência, então para quem estava procurando algo com frescor e agilidade, pode ficar decepcionado com ritmo lento, com um Rick totalmente submisso, mas que encontra na persistência e numa certa conformidade a razão para sobreviver. O final do episódio é o que empolga e dá um pontapé aos eventos da minissérie.

Fonte: AMC Studios

O episódio que realmente nos ganha é o segundo episódio “Gone” (1×02) focado em Michonne. Um pouco mais movimentado, mostrando arma biológicas perigosas e zumbis em profusão, esta narrativa serve como um complemento ao piloto e dá um pouco mais de profundidade a personagem que continua sua busca incessante por Rick.

Os dois primeiros episódios dão tons diferentes para série, o que talvez deixe o público em dúvida sobre estar vendo ou não um mais do mesmo. O que faz também questionar o propósito da série, porém os roteiristas parecem entender que o foco é exatamente o retorno de Rick para casa e revelar as intenções da República Cívica como grupo militar que tenta colocar ordem em um mundo devastado.

O trunfo de introduzir novos personagens funciona em parte com a entrada do Major General, Jonathan Beale (Terry O’Quinn), comandante do exército da República Cívica. A destemida sargento Pearl Thorne (Lesley-Ann Brandt) melhor amiga de Rick entre os soldados. Além é claro do retorno de Jadis Stokes (Pollyanna McIntosh) que agora tem papel fundamental na República Cívica, além de funcionar como antagonista de Rick e Michonne na série.

Fonte: AMC Studios

Com estes personagens, a trama se movimenta melhor, na verdade a presença de Jadis torna tudo mais intrigante. Uma pena que a narrativa não consegue manter o suspense por mais tempo, pois acaba focando em moldar o reencontro de Rick e Michonne, além de seus conflitos como casal como podemos ver no episódio “Bye” (1×03), que é salvo do marasmo por um ótimo gancho no fim.

O ponto de virada da série é no episódio “What We” (1×04), inclusive é escrito por Danai Gurira, se mostrando uma boa roteirista com diálogos que acabam tornando Michonne uma personagem ainda melhor principalmente na forma como tenta abrir os olhos de Rick tentando livra-lo dos tentáculos da República Cívica, ao invés de voltar para casa. É claro que tudo que os fãs esperavam estão lá, beijos, brigas e revelações aguardadas por muito tempo são entregues de uma forma no mínimo satisfatórias.

É claro que “The Walking Dead: The Ones Who Live” ainda segue o molde engessado das séries deste universo, com muita conversa e as vezes pouca ação. Porém, o diferencial ao aqui é que quando a trama anda, ela literalmente decola e isso fica muito claro nos dois últimos episódios que são os melhores da minissérie e justificam toda a construção desenvolvida e estabelecida anteriormente.

Fonte: AMC Studios

A produção visualmente é mais pomposa do que as séries anteriores entregando efeitos decentes e uma fotografia caprichada numa clara melhora de orçamento. Enquanto o roteiro é bom em diversos momentos, a direção só mostra a que veio no episódio “Become” (1×05), focado no arco derradeiro de Jadis, ao mesmo tempo que Rick e Michonne encontram seu equilíbrio, além é claro de proporcionar o retorno de um personagem conhecido e um desfecho emocionante que potencializa as expectativas para o final da temporada.

Em termos de atuação, os destaques ficam por conta dos regulares da série, Andrew Lincoln (Um Milagre Inesperado) está bem como Rick, mas claramente não é o mesmo personagem que nós amávamos nas primeiras temporadas da série principal, existe um amadurecimento e vulnerabilidade que não tinha sido mostrado antes, transitando entre um lado positivo e negativo na construção do personagem.

A Danai Gurira (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre) mostra uma Michonne que só melhora com tempo, uma personagem obstinada, inteligente e forte. A atriz que agora é a primeira protagonista negra de uma série deste universo, entrega tudo aquilo que amamos desde sua primeira aparição em termos de ação e drama. Vale também uma menção para Pollyanna McIntosh (Vikings Valhalla) no papel de Jadis, a personagem tem um arco dramático muito bem desenvolvido nesta minissérie e atriz entrega uma atuação bem marcante.

Fonte: AMC Studios

De uma forma geral, “The Walking Dead: The Ones Who Live” talvez não seja o frescor que esperávamos, mas consegue equilibrar drama e ação, com toques de nostalgia, quando não é engolido pela sua fórmula batida. O final da temporada com “The Last Time” (1×06) não é só o melhor episódio da minissérie, mas também é um dos mais bacanas da saga TWD. A mistura de ação estilo blockbuster da boa, reviravolta monumental e uma cena final linda que vai fazer até o fã mais radical deste universo suspirar de emoção, apontando um futuro mais feliz e promissor para Rick e Michonne. Com este nível de qualidade, a minissérie se torna um dos capítulos mais incríveis da saga mostrando que TWD ainda consegue emocionar.  

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