“Homens Brancos Não Sabem Enterrar (1992)” – Crítica

Um clássico dos anos 90, esta comédia interracial brinca com estereótipos, subverte expectativas e entrega uma química bacana entre Weslley Snipes e Woody Harrelson.

Fonte: 20th Century Fox

Estamos no período das finais da NBA, esporte nacional preferido dos norte-americanos, uma paixão nacional que unem negros, brancos e outras etnias torcendo por seus respectivos times numa sintonia insana numa das ligas mais disputadas do mundo e também a mais popular. O fenômeno que o basquetebol é hoje, começou com nos anos 70 e 80, mas se tornou um espetáculo com ascensão de Michael Jordan no esporte, veja a crítica do documentário “Arremesso Final aqui.

É seguindo nesta linha que voltamos nossos olhos para a coluna “Nostalgia Preta” que traz uma comédia irreverente e canastrona chamada “Homens Brancos Não Sabem Enterrar” (White Men Can’t Jump, 1992), escrita e dirigida por Ron Shelton, temos aqui a história de dois vigaristas que decidem unir forças para ganhar dinheiro jogando basquete em competições e desafios de rua.

Como uma comédia dos anos 90, o longa tem seu charme e também como todo longa desta época a trama começa da forma mais aleatória possível quando conhecemos Sidney Deane (Wesley Snipes), jovem negro com vigor físico que adora jogar basquete de rua desafiando todos que passam pelas redondezas de sua quebrada, certo dia desafia o jovem Billy Hoyle (Woody Harrelson) para uma partida e acaba surpreendendo pela habilidade do mesmo com uma bola de basquete nas mãos, afinal segundo ele, homens brancos não sabem jogar o esporte.

Fonte: 20th Century Fox

O roteiro escrito por Shelton pega este estereótipo da época e usa para criar uma história bem humorada quando Sidney vê a oportunidade de usar suas habilidades trambiqueiras para enganar outros desafiantes da sua região apostando alto escolhendo Billy de forma aleatória (claro tudo combinado) para ganhar uns trocados a mais.

É desta forma que ganhamos um filme irreverente que mistura humor e pauta racial subvertendo expectativas tendo como elo a amizade interracial de Sidney e Billy. É claro que a trama cresce a partir de sua premissa e conhecemos mais da vida desses dois vigaristas que tentam se dar bem e assim melhorar a vida de seus respectivos interesses amorosos.

Enquanto temos Sidney tentando ganhar uma grana para tirar a esposa Rhonda (Tyra Ferrell) e o filho de um conjunto habitacional e levar para um lugar mais decente, vê em Billy uma oportunidade de ganhar grana fácil. Enquanto do outro lado, Billy está fugindo de criminosos que querem pega-lo por conta de uma dívida, junto com sua namorada, a charmosa e atraente Gloria Clemente (Rosie Perez), que almeja fazer sucesso na tv em um programa de perguntas e respostas, acaba vendo em Sidney a oportunidade de levantar grana e pagar o que deve.

Fonte: 20th Century Fox

A primeira metade de “Homens Brancos Não Sabem Enterrar” sobrevive mais pelo charme da atmosfera solar de Los Angeles onde a trama se passa, com calor intenso, belas paisagens e o clima perfeito para um bom jogo de basquete. Shelton dirige o filme com destreza, as sequências nas quadras são muito boas e algumas até chegam a empolgar, um prato cheio para os fãs do basquete. A narrativa é consistente, sabe trabalhar bem a questão do Billy se destacar em meio a competidores negros sendo o estranho no ninho que surpreende pela habilidade de marcar cestas uma atrás da outra, mas é na dinâmica dele com Sidney que o longa cresce, afinal temos dois atores que entregam bastante carisma em tela.

É bacana ver Wesley Snipes (Um Príncipe em Nova York 2) em começo de carreira conseguindo um de seus primeiros sucessos antecipando uma carreira bastante aquecida entre os anos 90 e 2000. É nele que o filme encontra seu porto seguro, um preto da quebrada que tem charme, irreverência e lábia, conseguindo passar para atrás e com jogo de cintura para formar uma dupla vencedora com um amigo improvável.

E este amigo interpretado por Woody Harrelson (Zumbilândia) também em começo de carreira, acaba promovendo um equilíbrio perfeito com Snipes trazendo um personagem vigarista, mas com charme, coração e sex appeal dividindo a tela com a bela Rosie Perez (Faça A Coisa Certa) que acabam promovendo cenas tórridas de amor que ajudam a temperar um filme que vai além do gênero comédia de esportes e entrega pitadas de romance.

Fonte: 20th Century Fox

O filme tem lá seus clichês e a segunda metade perde um pouco de força ao não ter muita objetividade no final mesmo que a narrativa esforce para criar um clima de definição quando Sidney e Billy participam de um torneio no final, mas tudo é resolvido muito rápido sem trazer muita emoção, porém o fato do roteiro se apoiar na dupla protagonista é suficiente para carregar a atenção do expectador do começo ao fim.

No geral, “Homens Brancos Não Sabem Enterrar” acaba ficando um pouco datado principalmente na questão do ritmo, mas ainda assim consegue divertir por não se levar muito a sério e funciona muito bem por ter dois atores carismáticos que entram em conflito constantemente, mas encontram um denominador comum no basquete para aplicarem golpes e assim fazerem a graça do público. O filme vale a pena para aqueles que não conhecem e vale ser revisitado para aqueles que ajudaram a torna-lo um clássico.

Gostou? Veja o trailer abaixo e diga nos comentários se lembra desse clássico.

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