“As Marvels” – Crítica

Rápido, dinâmico e maravilhoso. Ainda que esta sequência tenha algumas ressalvas, “As Marvels” entrega aquilo que se espera de uma aventura cósmica com muita ação, química incrível entre o trio protagonistas e surpresas inesperadas.

Fonte: Marvel Studios

O cinema é uma amálgama em constante mudança e evolução, o estático não combina com a sétima arte, assim como não combina com a evolução da nossa sociedade, gerações passam, cabeças mudam, pessoas se vão, outras nascem, é um movimento infinito e constante que cabe a nós adaptarmos ou sabermos que nosso tempo de aproveitar certas coisas passou e tudo bem, terá outras pessoas que irão aproveitar, porque certas obras se adaptam ao tempo em que são lançadas, não ao passado que nos apegamos.

É o sentimento que tive quando vi toda a trajetória e expectativa do público dividido que aguardava a superprodução da Disney/Marvel, “As Marvels” (The Marvels, 2023), o 33° filme de uma franquia que não para de crescer e expandir de uma forma absurda. Este longa é mais uma peça em um complexo quebra-cabeça que agora está na fase 5 da saga do Multiverso que iniciou de forma bem aquém com o criticado “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” e se aprumou de novo com o ótimo “Guardiões da Galáxia Vol. 3”, agora tenta manter a consistência com o longa protagonizado por Brie Larson (Lessons in Chemistry).

Devo dizer que este filme me trouxe vários sentimentos, um deles foi a sensação de frescor em uma tentativa de escapar do mais do mesmo que cercam boa parte das produções atuais do estúdio. Em parte, o longa dirigido por Nia DaCosta (A Lenda de Candyman) é muito bem sucedido nesta empreitada ao colocar Carol Danvers (Larson), Monica Rambeau (Teyonah Parris) e Kamala Khan (Imani Vellani) para trilharem o mesmo caminho ao se depararem com uma anomalia cósmica que acaba afetando seus poderes fazendo com que troquem de lugar toda vez que os utilizassem em batalhas.

Fonte: Marvel Studios

O roteiro escrito também por Nia DaCosta e co-escrito por Megan McDonnell (WandaVision) e Elissa Karassik (Loki) é feliz em moldar uma trama cósmica interessante, principalmente quando filme se inicia, o primeiro ato é muito sólido e acerta bem o tom de uma história que tem como ponto forte o dinamismo entre as cenas que não só vão mostrando como as personagens lidam com a troca de poderes, mas também é uma forma como a narrativa consegue tornar tudo familiar e claro para expectador em poucos minutos dando o tom para o resto do filme.

Talvez este seja um dos grandes pontos positivos de “As Marvels”, a forma como nos transporta rapidamente para dentro da trama torna tudo ainda mais dinâmico com uma edição frenética que em alguns momentos acaba até causando certa estranheza e a sensação de que algo está faltando, porém isto logo passa e ficamos diante de uma sequência inicial cheia de ação, bom humor e leveza que de forma equilibrada mostra a destreza de Nia em comandar com segurança um projeto tão ambicioso.

O que nos traz o principal mérito de “As Marvels”, o filme só funciona por conta do trio principal, é nele que está a força e o cerne da história, que se falha em alguns aspectos, neste acaba acertando bem demais por conta da química impecável das atrizes. O que mais sentia falta em Brie Larson na sua trajetória até aqui no MCU, era o fato de sua personagem não conseguir ter uma conexão completa com o público, mas aqui tudo muda, a atriz está mais a vontade, sua personagem ganha camadas e mesmo que a trama não pare muito para trabalhar melhor seus dramas, Capitã Marvel finalmente se mostra mais humana, complexa, vulnerável e uma heroína mais completa com momentos bastante significativos e importantes para sua construção.

Fonte: Marvel Studios

E isto só melhora quando Carol Danvers confronta seu passado com Monica Rambeau, os assuntos inacabados deixados no longa anterior, aqui ganha duas cenas chaves entre as duas personagens que enriquece o enredo de duas heroínas que acabam tendo uma jornada emocional do começo ao fim deste filme. Teyonah Parris (Clonaram Tyrone) é bastante consistente no papel de Monica, uma personagem com personalidade, momentos heroicos e dramáticos que dão ainda mais peso a história, mérito da atriz que domina bem suas cenas.

Completando o trio das “maravilhas”, temos Imani Villani, a atriz adolescente que foi um achado na série “Ms Marvel” esta melhor ainda nesta trama, roubando a cena toda vez que aparece e se tornando o coração de um filme que claramente foi feito pensando na geração Z, a garota parece curti cada momento da narrativa e simplesmente é a cola que une todos os personagens com seu carisma magnético.

O resto do elenco está bastante sólido, todo o núcleo da família da Kamala Khan é super engraçado e temos um Samuel L. Jackson (Invasão Secreta) se divertindo como nunca no papel de Nick Fury, bem como o astro coreano Park Seo-joon (Itaewon Class) no papel do príncipe Yan. O ponto fraco vai para vilão Dar-Benn interpretada por Zawe Ashton (Toda Arte É Perigosa), a atriz entrega muito na ação, as motivações da personagem são bem claras, mas segue o molde dos vilões de uma nota só, o que a torna genérica e fácil de ser esquecida.

Fonte: Marvel Studios

Ainda que a antagonista fique devendo, o filme possui uma escalada que só aumenta no segundo e terceiro atos. Em termos técnicos os efeitos visuais são ótimos e aumentam o escopo espacial mostrando vários planetas, diferentes ambientes, tudo muito bem retocado apresentando uma direção de arte muito boa, a ação é bastante clara com sequências muito bem coreografadas, as cenas são movimentadas e a trilha sonora de Laura Karpman é muito consistente com acordes que intercalam entre o pop e o épico conseguindo elevar a jornada das personagens.

O filme é bastante leve em muitos aspectos e possui um peso ao colocar reviravoltas e aparições durante a trama que definitivamente devem impactar no futuro da fase 5 daqui para frente (não saia da sala, o filme possui uma cena pós crédito incrível, duas se você considerar a última cena antes dos créditos iniciarem) numa escala que faz o terceiro ato um dos mais importantes dos filmes recentes da Marvel Studios.

No geral “As Marvels” é um filme leve, dinâmico e bem encaixado, talvez tenhas algumas irregularidades, muitos devido ao roteiro que tem muito para explicar, mas como entretenimento entrega tudo aquilo que se espera tendo na força do seu trio feminino servindo como o maior trunfo de uma narrativa que se desafia a cada cena graças a direção de Nia DaCosta primeira mulher negra a dirigir um filme da Marvel, conseguindo ser uma porta ao mundo moderno com uma linguagem jovem e atrativa (a sequência do planeta musical Aladna é simplesmente maravilhosa e totalmente inusitada) feito para todos os públicos com um tempo de metragem na medida misturando aventura espacial de primeira, comédia contagiante e ação da boa num produto Marvel que finalmente se diverte consigo mesmo. Entretenimento garantido!

Elo Preto

Personagem: Dar-Benn
Atriz: Zawe Ashton
Idade: 39 anos

O destaque da coluna de hoje é a britânica Zawe Ashton, sua personagem Dar-Benn é uma executora do exército Kree que busca uma vingança contra a Capitã Marvel após os eventos que quase levaram os Kree a extinção. A atriz se destaca pela boa presença de tela e por fisicamente conseguir um tom mais intimidador, por todas as ressalvas que possa ter em relação a personagem, Zawe ao menos se esforça para entregar o bom trabalho. A atriz atuou em filmes como “Animais Noturnos” e “Blitz”, além da série “The Handmaids Tale”, sendo “As Marvels” seu trabalho de maior destaque até agora. Seu próximo trabalho é “Mog’s Christmas”, filme em que divide a tela com Claire Foy e Benedict Cumberbatch.

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