“John Wick 4: Baba Yaga” – Crítica

O quarto filme da saga John Wick é insano, feroz e implacável consolidando o personagem de Keanu Reeves no papel título e ainda entregando um dos melhores longas do ano até o momento. Plus: Uma singela homenagem a Lance Reddick.

Fonte: Lionsgate

É curioso como alguns filmes perdem gás depois do segundo capítulo de uma franquia, que normalmente é o melhor das sequências, mas existe algumas exceções como o recente “Creed 3” e o monumental “Mad Max: Estrada da Fúria” que consegue ser excelente mesmo estando no seu quarto filme. Estou feliz em dizer que podemos falar que o mesmo acontece com a saga “John Wick”, iniciada em 2014 e conseguindo se superar filme após filme até culminar neste excelente capítulo quatro.

Na última quinta-feira a franquia protagonizada por Keanu Reeves (Matrix) finalmente estreou mais um filme de uma narrativa crescente que aqui chega em um de seus momentos mais decisivos com a nova produção da Lionsgate, “John Wick 4: Baba Yaga” (John Wick: Chapter 4, 2023), que traz John ainda sendo perseguido pela “Alta Cúpula” após os eventos do final do segundo filme numa escalada que se intensificou no terceiro filme e agora a se torna uma guerra aberta numa caçada ainda mais insana quando o Marquês (Bill Skarsgard) coloca assassinos e equipes fortemente armadas para persegui-lo por todos os cantos do planeta.

A narrativa escrita pelos roteiristas Shay Hatten (Army of th Dead: Invasão em Las Vegas e Dupla Jornada) e Michael Finch (Predadores) cria um grande quebra cabeça que se encaixa neste quarto capítulo de uma forma magistral, tudo isso potencializado em sequências de ação absurdas que são muito bem inseridas numa trama que faz boas escolhas do começo ao fim sem se perder ou cansar, mesmo tento uma duração de 169 minutos que poderia resultar em barrigas, mas aqui é bem dosada com muita adrenalina e ótimas reviravoltas.

Fonte: Lionsgate

O mais bacana de “John Wick 4” é a forma como o mesmo consolida um formado que vinha sendo trabalhado nos filmes anteriores numa progressão narrativa que aumenta o escopo, mas sem perder o charme que fez da franquia o que ela é, mas muito disso se deve a dois fatores cruciais, o diretor e seu protagonista, que conseguiram fazer desta saga uma das mais empolgantes dos últimos anos.

O diretor Chad Stahelski que dirige a franquia desde o primeiro filme está no topo do seu jogo mostrando um apuro técnico e artístico que mostra que o cineasta é o melhor do ramo atualmente em termos de ação. São tantas sequências espetaculares com uma quantidade de dublês e coreografias que deixam tudo mais críveis para não dizer realistas, que ficam ainda melhor por sabermos que Keanu Reeves fez 90% das suas cenas que são absurdamente bem executadas com destaque para duas grandes cenas, a primeira acontece no hotel Continental de Osaka no Japão e a segunda em um prédio abandonado já no terceiro ato do filme mostrando que Stahelski tem total controle da câmera com tomadas ousadas tornando essa sequência especial, para não dizer clássica.

E se a direção é um primor, o protagonismo de Keanu Reeves é outra ponta que deixa tudo ainda melhor, mesmo com poucos diálogos, mas uma presença marcante, seu John Wick é uma máquina de matar que mostra vigor físico em sequências de ação e humanidade numa trajetória de vingança que fica complexa a cada nova digressão narrativa e a cada nova reviravolta que torna o jogo de gato e rato com a alta cúpula algo interessante de acompanhar e que não conseguimos tirar os olhos.

Fonte: Lionsgate

Outro ponto positivo é a forma como a franquia aprendeu a usar bem seus personagens coadjuvantes, eu já tinha gostado da forma como os novos personagens são bem aproveitados nos filmes anteriores, alguns até retornam aqui como Winston (o sempre ótimo Ian McShane), Charon (Lance Reddick) e Bowery King (Lawrence Fishburne), no terceiro inclusive temos a ótima participação de Halle Berry (Ferida) no papel da letal Sophie. Seguindo esta mesma linha os personagens: Marquês (Bill Skargard), Shimazu (Hiroyuki Sanada), Akira (Rina Sawayama), o rastreador (Shamier Anderson) e o ótimo Caine (Donnie Yen) são ótimas adições no meio deste complicado jogo de xadrez.

A verdade é que o roteiro consegue dosar bem para que o personagem de Donnie Yen (O Grande Mestre) ganhe o máximo de destaque possível sem ofuscar o protagonista, o mesmo acontece com Shamier Anderson (Passageiro Acidental) que aqui surge como uma grata surpresa de um personagem que curiosamente tem sua própria agenda e jornada, com ambos atores servindo como suporte de luxo para o John Wick de Keanu.

No campo das partes técnicas, “John Wick 4” é um deleite, a direção de arte é magnífica principalmente nas sequências no Japão e em Paris, onde o design de produção dessas metrópoles ajuda dar um charme visual moderno de uma franquia calcada no luxo com assassinos que são máquinas de matar, mas que ainda assim mantém toda uma finesse seja nas vestimentas, com figurinos da mais alta grife, seja nos armamentos, seja na forma como se portam mostrando toda uma etiqueta hierárquica.

Fonte: Lionsgate

Em termos de roteiro, a história continua simples, porém consegue desenvolver bem de forma que o público não se perde com as constantes informações que são introduzidas na tela, tudo muito didático sem que isso atrapalhe na progressão da ação. A trilha sonora também dá o tom que casa muito bem com uma edição bastante enxuta com uma edição de som bacanuda característica dos filmes do gênero.

Desta forma, por tudo aquilo que foi citado “John Wick 4” é um filmaço, daqueles que dá vontade de rever assim que termina a sessão. O diretor Chad Stahelski eleva a narrativa a altíssimas proporções sem exagerar na fórmula, talvez tenha a extensão de algum diálogo aqui ou ali que poderia ser cortado, mas no geral é um filme que funciona do começo ao fim, conseguindo equilibrar ação e adrenalina entregando um entretenimento poucas vezes visto no cinema, inclusive o terceiro ato é um dos momentos mais intensos que você vai assistir neste começo de ano. O longa ainda beneficia da presença sempre marcante de Keanu Reeves no papel de título e na introdução de ótimos coadjuvantes. Se a franquia irá continuar, só saberemos no futuro, mas se algo vier, seja em qual formato (temos duas séries neste universo em desenvolvimento), se tiver a mesma qualidade desta obra prima da ação, aceitaremos de bom grato. Vida longa ao rei.

Observação: O filme possui uma cena pós crédito.

Elo Preto

Personagem: Charon
Ator: Lance Reddick
Idade: 60 anos

Nossa coluna hoje será póstuma, apesar de Lance ter uma participação mais rápida neste capítulo 4 e o ator Shamier Anderson ter mais destaque, não teria como não fazer esta homenagem ao ator Lance Reddick que faleceu no último 17 de março. O ator que ganhou destaques em séries como Fringe, The Wire e Bosh, também fez participação na série Lost, bem como outros filmes da franquia John Wick, inclusive no filme anterior foi o ápice do seu destaque. Um ator com uma voz suave e marcante, um ator cheio de talento e carisma que se foi de forma repentina falecendo em casa. O ator que era casado e tinha dois filhos, destacou-se recentemente pelas atuações na série Resident Evil da Netflix, John Wick 4 e terá seu último trabalho na primeira temporada da série do Disney Plus “Percy Jackson e os Olimpianos” onde fará o papel de Zeus. Descanse em paz Lance, você fará falta. 

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Shamier Anderson as Tracker in John Wick: Chapter 4. Photo Credit: Murray Close

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