“Dreamgirls – Em Busca de Um Sonho” – Crítica

Com elenco negro magnífico, “Dreamgirls” é o filme desta edição da coluna Nostalgia Preta. Protagonizado por Beyoncé, Anika Noni Rose e a revelação Jennifer Hudson, traz um musical cheio de cor, vozes potentes e muito drama.

Fonte: DreamWorks e Paramount Pictures

Filmes musicais são janelas para sonhos e emoções aflorarem de forma inimagináveis através não só das músicas que permeiam uma narrativa, mas também na entrega e na performance dos atores em cena. Já tivemos diversos musicais que viraram clássicos na história do cinema e de anos e anos ganhamos releituras e novas histórias originais que acabam por encantar audiências pelo mundo com canções que acabam por virarem hits.

As vezes longas musicais abraçam a fantasia, em outros casos embarcam numa jornada de drama flertando com gênero de biografia de cantores e cantoras consagradas, no caso do filme escolhido para coluna “Nostalgia Preta”, esta segunda opção se encaixa mais na sua descrição. Estou falando do longa produção da DreamWorks e Paramount Pictures, “Dreamgirls – Em Busca de Um Sonho” (Dreamgirls, 2006), um filme que tem 16 anos de idade e que estreou em meados de 2006 cercado pompa, principalmente por ser baseado em um musical da Broadway de mesmo nome de 1981.

Nesta versão moderna dirigida por Bill Condon (A Saga Crepúsculo: Amanhecer Parte 1 e 2) e que está atualmente disponível no streaming Globoplay, temos um drama forte com um elenco estelar com vozes maravilhosas e atuações espetaculares, ainda que falhe em alguns momentos pelo excesso de dramalhões típico do gênero. A premissa do filme conta a história do trio de cantoras Effie White (Jennifer Hudson), Deena Jones (Beyoncé Knowles Carter) e Lorell Robinson (Anika Noni Rose) que se veem subindo na indústria da música formando o trio Dreamettes após começarem a carreira como backing vocals de um famoso cantor do soul (Murphy), mas precisam enfrentar a ambição do empresário Curtis Taylor Jr (Jamie Foxx) e a rivalidade entre elas para sobreviver na turbulenta indústria da música.

Fonte: DreamWorks e Paramount Pictures

A obra “Dreamgirls – Em Busca de Um Sonho” é um filme sobre estrelas e como tal presta homenagem a diversas divas negras do soul norte americano como Etta James, Aretha Franklin, e grupos como Motown e o trio Supremes e o trio Supremes, que inclusive serve de inspiração para as protagonistas desta trama. Enquanto acompanhamos o surgimento de uma estrela suprema através da trajetória dramática de Effie White, também vemos como a indústria trata seus artistas, os colocando no top e depois os descartando quando viram um problema, como no caso do cantor de soul James “Trovão” Early (Eddie Murphy), algo que a narrativa perde a chance de transformar em uma crítica mais incisiva, mas que ainda é suficiente para mostrar que para se tornar uma grande estrela tem suas consequências.

O ponto forte do longa vem exatamente de suas canções, por mais clichê que a história possa ser, temos aqui uma trilha sonora embalada, cheia de músicas marcantes e performances memoráveis trazendo o melhor de seus atores e alguns surpreendendo positivamente se destacando dos demais. Em termos de produção o filme é um espetáculo sem precedentes, seja na bela e glamurosa fotografia, seja na ótima ambientação e nos figurinos, seja nas pomposas performances musicais.

A verdade que tudo isso não significaria nada senão fosse a dedicação do elenco, enquanto Anika Noni Rose (Uma Invenção de Natal) e Jamie Foxx (Ray) entregam um bom trabalho que ajuda a dar suporte ao resto dos outros atores com atuações boas e vozes consistentes nas performances musicais, temos espaço para atores de primeira viagem como a cantora e mega estrela Beyoncé soltar a voz e segurar bem no drama no papel de Deena Jones.

Fonte: DreamWorks e Paramount Pictures

No entanto, nenhum deles chega no nível atingindo pelo ator e comediante Eddie Murphy (Um Tira da Pesada) que sai da sua linha cômica para entregar a melhor atuação da carreira até aquele momento com um personagem inspirado no elétrico James Brown em uma performance dramática e musical poucas vezes vista na história do cinema. Murphy está tão bem no papel que foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante, mais do que justo depois da avassaladora atuação cantando a música “Jimmy Got Soul”.

E para consolidar ainda mais um elenco tão talentoso, temos a novata Jennifer Hudson (Respect) roubando a cena e os holofotes com uma voz de estremecer qualquer estrutura com melancólica e apaixonante Effie, com esta personagem Hudson se revelou uma estrela e com a performance “And I Am Telling You I’m Not Going” conseguiu mostrar toda sua potência vocal e carga dramática, uma boa atriz e uma cantora completa conseguindo ganhar uma Oscar de melhor atriz coadjuvante com esse feito.

O que mais encanta nesta trama é a forma como passa a sensação de um musical clássico dos anos 70 e ao mesmo tempo se apresenta como um ótimo filme de drama que as vezes sai um pouco do tom, mas nunca perde potência ou qualidade musical, isso porque a direção Bill Condon consegue segurar bastante algumas cenas, mesmo que o roteiro insista as vezes em cair em alguns clichês do próprio gênero, padronizando a narrativa em um dramalhão novelesco.

Fonte: DreamWorks e Paramount Pictures

Ainda assim, no geral “Dreamgirls – Em Busca de Um Sonho” é um filme sólido, indicado a 8 Oscars e vencedor em duas categorias, temos aqui um produto bem cuidado e bem produzido, que merece ser revisitado não só pela sua marcante trilha sonora, mas também por conta do seu excelente elenco e sua caprichada produção, além dos belos números musicais em sua maioria potencializados pela marcante performance de Jennifer Hudson. Este longa é um dos poucos musicais que marcaram sua época e ainda merecem sobreviver as marcas do tempo, não só por ser uma bela homenagem aos artistas negros do soul norte americano, mas por ser um tributo memorável e cheio de amor as divas das décadas de 60 e 70.

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