“Ambulância – Um Dia de Crime” – Crítica

O novo filme dirigido por Michael Bay é frenético como sempre, mas usa o protagonismo de Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul-Mateen II e Eiza González para construir um thriller recheado de drama, adrenalina e coração.

Fonte: Universal Pictures

Os filmes de ação de Michael Bay têm uma assinatura tão própria que você já reconhece vendo qualquer cena ou sequência de ação que se apresente na tela. O diretor pode não ser um dos melhores da função, mas com certeza sabe causar impacto em suas produções, responsável por levar dois atores negros ao estrelado em “Bad Boys 1 e 2”, além de colocar Nicolas Cage e Sean Connery numa disputa em “A Rocha”, voltar para segunda guerra ao contar uma história de amor e romance em “Pearl Harbor”, trouxe ameaça global com Bruce Willis e Ben Affleck no filme desastre “Armagedon” e ainda colocou robôs para lutarem entre si em “Transformers” e suas sequências.

Dito isso e após um tempo sem aparecer nos cinemas, eis que Bay retorna em um thriller de ação cheio de adrenalina na super produção da Universal Pictures, “Ambulância – Um Dia de Crime” (Ambulance, 2021), que conta a história de dois irmãos, Danny Sharp (Jake Gyllenhaal) e Will Sharp (Yahya Abdul-Mateen II), que planejam um assalto milionário a um banco de Los Angeles, só que as coisas não ocorrem como planejado quando um policial (Jackson White) é baleado no meio da ação e os dois irmãos acabam por coloca-lo juntamente com a socorrista Cam Thompson (Eiza González) em uma ambulância como reféns e assim tentam desesperadamente escapar pelas ruas de uma cidade sitiada e com a polícia em seus encalços.

Tudo que você leu anteriormente não soa muito original, aliás, já tivemos vários exemplares do gênero similares, porém o que diferencia este longa dos outros é que o roteiro assinado por Chris Fedak (Prodigal Son) adapta a premissa de um filme francês de mesmo nome e cria uma narrativa frenética, mas que se utiliza das motivações dos personagens para construir um drama de ação sólido que nos faz importar com os protagonistas e com o plano em execução.

Fonte: Universal Pictures

A pirotecnia que Michael Bay traz em seus filmes é bem-vinda, até porque o diretor consegue colocar muitos efeitos práticos em meios as sequências de ação e isso deixa tudo ainda mais intenso e cheio de adrenalina. O primeiro ato de “Ambulância”, no entanto, é bastante confuso, sua câmera frenética é tão agitada em meio aos diálogos rápidos entre os protagonistas nos deixa um pouco perdidos, mas o filme se assenta quando o roubo do banco começa a ser executado.

Como citei anteriormente, Fedak consegue colocar em sua escrita motivações e caracterização marcante em seus personagens, como Will, que precisa de um dinheiro para salvar a vida do filho que tem uma doença grave e encontra no irmão Danny a oportunidade de atingir esse objetivo. Com sua esposa Amy Sharp (Moses Ingram) cuidando do filho em casa, o ex-militar embarca nessa arriscada operação que vai contra seus princípios.

Enquanto o arco principal dos dois irmãos toma forma, um arco paralelo com Cam Thompson se mostra um pouco fora da narrativa, mas que em algum momento deve ligar ao todo. Eu gosto como o longa é uma grande sequência de ação com poucos respiros e gosto que poucos diretores conseguiriam filmar de uma forma tão maluca quanto Michael Bay, que apesar de não apresentar aqui seu melhor trabalho, ao menos consegue não se perder em meio a ação como aconteceu no quinto filme da franquia Transformers.

Fonte: Universal Pictures

Isso mostra que o diretor quando segura a mão, apresenta trabalhos melhores e que conversam mais com expectador. O filme não tem diálogos primorosos, mas contém boas referências a filmes anteriores do Bay e na maior parte do tempo tem algumas boas sequências de drama entre seus protagonistas, isso conta muito quando olhamos para escolha do elenco que desta vez é grande parte do que faz a narrativa algo interessante de acompanhar.

O ator Jake Gyllenhaal (O Culpado) é o grande destaque aqui, apesar de suas motivações sejam praticamente em ajudar o irmão e se dar bem, seu personagem é bastante imprevisível, algo que ator consegue dominar bem numa atuação no mínimo boa. Outro destaque vai para Eiza González (Em Ritmo de Fuga) no papel de Cam, uma personagem que é testava ao limite e que ganha humanidade na pele da atriz que mostra uma faceta dramática muito boa principalmente na sequência precisa fazer uma cirurgia durante uma perseguição insana.

Por último temos Yahya Abdul Mateen II (A Lenda de Candyman), um dos meus atores negros preferidos do momento, seu personagem é a ponte moral do filme, funciona como a bússola que está pendendo sempre entre o certo e o errado, o ator talvez seja um pouco ofuscado por Jake em algumas sequências, ainda assim se sai bem apresentando uma atuação correta, mas a verdade é que a dupla funciona muito bem juntas principalmente quando o filme mostra o quão opostos os irmãos são e ainda assim bastante unidos, mesmo que o contexto projete que a índole de cada um pode leva-los a caminhos diferentes no fim daquele evento. O longa conta ainda com participações de Moses Ingram (A Tragédia de Macbeth) e Garrett Dillahunt (Army of the Dead).

Fonte: Universal Pictures

Em termos de produção, o filme entrega uma boa fotografia, mas muito repetitiva se comparada com os filmes anteriores do Michael Bay. As sequências de ação são boas, apesar de algumas causarem estranheza por inserirem músicas em momentos inusitados que acabam por quebrar um pouco o clima de urgência que a narrativa tem. A verdade é que por ser um filme de ação sem muitos respiros, a narrativa acaba por não perder muito tempo com enrolação e isso pode ser considerado algo positivo.

No geral “Ambulância – Um Dia de Crime” é um longa de ação eletrizante, remete muito os filmes dos anos 90 e tem uma segunda metade intensa e cheia de boas reviravoltas, apesar de um final um tanto quanto óbvio. Ao segurar um pouco seu ímpeto, Michael Bay entrega um filme com uma carga emocional bastante eficiente com personagens bem desenvolvidos, muito disso devido a correta escolha de elenco. O filme ganha pontos por oferecer boas sequências de ação, algumas bem absurdas, diga-se de passagem, mas nada muito novo para um diretor como Bay, que mostra que sabe entregar um bom entretenimento em escala menor se comparado a seus outros blockbusters, mas não menos emocionante ou eletrizante, vale com certeza a pipoca, o refrigerante e o tempo investido, nada mais digno de um bom cinema.

Gostou? Veja o trailer abaixo. Se já assistiu, diga o que achou nos comentários.

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