“Família Upshaw” – 1° Temporada – Crítica

Engraçado e divertido. Finalmente a Netflix acerta em cheio em um sitcom, entregando uma comédia com uma família negra carismática, cheia de confusões e piadas no ponto certo.

Fonte: Netflix

O Brasil tem uma relação muito boa com sitcons norte-americanos, afinal muitos deles foram reprisados exaustivamente em canais como SBT e Record, tendo como destaque “Um Maluco no Pedaço”, “As Visões da Raven”, “Eu, a Patroa e as Crianças”, sem falar em A Casa da Raven e “Todo Mundo Odeia o Chris”, este último não chega a ser um sitcom, mas com certeza entra na lista de séries com famílias negras populares no solo brasileiro.

Com esse histórico positivo, a ânsia do público BR foi sempre procurar sitcons principalmente aqueles com famílias negras protagonizando para suprir aqueles que fizeram sucesso no passado. A decadência do formato é nítida faz um tempo que isso tem ficado em evidência, mas de vez enquanto surgem algumas histórias que vale a pena serem comentadas e seguidas, a trama da “Família Upshaws” (The Upshaws, 2021) é uma delas, um sitcom engraçado que resgata um humor que a muito tempo não se via.

Esta nova série da Netflix, estreou com bons números e conquistou o público nos EUA ano passado, tanto que ganhou uma segunda temporada que deve estrear ainda este ano. Esta história que ainda precisa ser descoberta pelo público brasileiro, conta a história da família Upshaw, que tem como membros, Bennie (Mike Epps), sua esposa Regina (Kim Fields), seus três filhos Bernard Jr (Jermelle Simon), Aaliyah (Khali Spraggins) e a pequena Maya (Journey Christine), ainda vivendo com eles, temos a irmã de Regina, Lucretia (Wanda Sykes). Por outro lado, Bennie teve um filho fora do casamento com a melhor amiga de sua esposa, Tasha (Gabrielle Dennis), este menino é Kelvin (Diamond Lyons).

Fonte: Netflix

Com esse tempero familiar cheio de ramificações, a série criada por Regina Y. Hicks (Insecure) e a atriz, comediante e produtora Wanda Sykes (A Sogra), consegue criar uma trama cheia de confusões, brigas e picuinhas tudo levado de uma forma bem humorada em uma série que consegue capturar a essência dos populares sitcons dos anos 90 de forma bastante eficiente se apoiando no carisma do seu elenco e na forma como entrega suas cenas de comédia.

Digo isso, porque ao assistir os dois primeiros episódios “Birthady B.S.” (1×01) e “The Hook-Up” (1×02), conseguimos ficar bem familiarizados as confusões de “Família Upshaws” e em como Bennie e Regina tentam conciliar seus respectivos trabalhos, suas próprias ambições e sua vida familiar, o que nem sempre é fácil e é daí que o roteiro se utiliza para criar situações de puro humor conseguindo entregar uma série leve, divertida, mas que não esquece de desenvolver seus dramas.

Pode parecer clichê e repetitivo, mas ao contrário de outras séries da Netflix que tentaram se estabelecer neste formato, “Família Upshaws” é bem sucedida ao apostar no humor bagaceiro, cheio de insultos (alguns que só os norte-americanos vão entender) principalmente entre Bennie e sua cunhada Lucretia. Outro ponto que a série acerta, é na questão dos filhos, a maioria ali é carismático e sabe entregar cenas boas de resultam em boas risadas, como fica claro nos episódios “Joy Ride” (1×03), “Big Plans” (1×04) e “Riding Dirty” (1×05).

Fonte: Netflix

O que torna este seriado interessante, é como também possui momentos de drama inesperados, os episódios “Last Straw” (1×06) e “Yard Sale” (1×07) se utilizam de um arco dramático focado na personagem Regina que alimenta toda a segunda metade da primeira temporada, trazendo temáticas interessantes sobre responsabilidade parental, sobre casamento, sobre sustento familiar, sobre criação dos filhos, sobre aceitação de gênero, dentre outros assuntos.

Tudo isso não seria nada se o elenco não mostrasse a que veio, o comediante Mike Epps (Meu Nome é Dolemite) é naturalmente bom de comédia, o cara além de ter um timming perfeito para as piadas entregues por Bennie, tem uma química excelente com sua parceira de cena Wanda Sykes que faz sua cunhada e quem o personagem tem sempre uma indireta ou ofensa para dizer. Falando em Sykes, ela também manda muito bem gerando boas risadas e ótimas tiradas, essa é a vantagem de ter dois atores acostumados a fazer stand up comedy em circuitos nos EUA.

Gosto de Kim Fields (The Real Housewives of Atlanta) no papel de Regina Upshaw, sua personagem consegue segurar na comédia, mas seu lado dramático é que da algo mais para o roteiro trabalhar, inclusive seu arco dramático que envolve conseguir um MBA para poder melhorar de vida gera boas ramificações que acabam afetando praticamente todos os personagens da família. O elenco mirim e pré-adolescente é bom, mas o destaque mesmo vai para Journey Christine (Deixe a Neve Cair) no papel de Maya, pequena, mas esperta o suficiente com um carisma gigante, destaque para a cena de sua apresentação na escola no episódio “Night Out” (1×08).

Fonte: Netflix

De uma forma geral, “Família Upshaws” pode ser uma boa surpresa se você estiver procurando uma comédia mais simples e engraçada. Com tiradas mais pontuais, conflitos familiares engraçados, situações cotidianas boas que geram humor e um elenco afinado que não deixa o ritmo cair, este seriado promete surpreender e entreter de uma forma que outros sitcons do passado faziam. A série pode ser clichê em alguns momentos, mas tem coração ao focar nessa família negra que vive no subúrbio, mas que luta para ter uma vida melhor levando tudo de uma forma muito bem humorada como podemos notar nos episódios finais “Gloves Off” (1×09) e “The Backslide” (1×10), este último termina com um gancho que promete gerar um pouquinho de drama no futuro, mas afinal qual família normal não tem algumas complicações de vez enquanto.

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