Marvel em êxtase! “WandaVision” não é só a estreia ideal para a fase 4 do Universo Marvel, mas também a série ideal para quem gosta de teorias e do bom entretenimento.

Quando Kevin Feige anunciou que a partir da Fase 4 a Marvel iria focar também na produção de séries dois anos atrás, além dos filmes expandindo esse universo e trazendo ainda mais conexões e focando em personagens secundários que ainda não tiveram espaço merecido no MCU (Marvel Cinematic Universe), gerou toda uma expectativa de como a empresa de super-heróis se sairia neste formato, uma vez que seus filmes eram praticamente eventos quando estreavam no cinema. No último dia 5 de Março, a temporada final de “WandaVision” terminou sendo muito bem-sucedida nessa empreitada apontando um futuro promissor para o MCU e ainda conseguindo dar uma base mais aprofundada para personagem Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e um protagonismo que ela sempre mereceu, assim como seu amor e parceiro Visão (Paul Bettany).
A série “WandaVision” estreou em janeiro optando por um formato semanal saindo toda sexta no Disney Plus, foram oito semanas (a premiere teve dois episódios) num total de nove episódios de muitas teorias malucas, repercussão grande e muitas reviravoltas, tudo muito bem costurado utilizando uma forma bastante original de desenvolver sua narrativa. A premissa da série segue Wanda Maximoff e seu marido Visão que acabam de casar e se mudam para uma vizinhança numa cidade no interior dos EUA chamada Westview, porém por alguma razão misteriosa, nada é o que parece ser.
Tudo que sabíamos sobre o seriado era que se passava após os eventos dos filmes “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato” e que faria homenagens aos sitcoms mais populares da TV através de décadas a partir da década de 50. Os episódios “Gravado Ao Vivo Com Plateia” (1×01) e “Não Mude de Canal” (1×02) são ótimos para situar o expectador sobre o que esperar da série, enquanto o piloto traz uma homenagem aos sitcoms (comédias gravadas com plateias) dos 50 com Wanda e Visão lidando com as peripécias da vida de casal recém chegado em uma cidade estranha, o episódio seguinte já situado nos anos 60 (e fazendo homenagem a série “A Feiticeira”), amplia o escopo da narrativa intercalando o tom cômico estabelecido antes com um toque de mistério noir mostrando que aquela realidade vivida por Wanda não era o que parecia ser.

O seriado ganha pontos de originalidade por trazer algo que parece novo e ao mesmo tempo nostálgico, sem perder o DNA do MCU que tanto fez sucesso nas fases anteriores da Marvel. A verdade é que a sensação de assistir “WandaVision” é de navegar em águas desconhecidas uma vez que vamos descobrindo as verdades sobre a trama aos poucos. No episódio “Agora em Cores” (1×03) que se passa nos anos 70 a série ganha ritmo e começa a trazer alguns destaques no elenco, além da vizinha enxerida e linguaruda Agnes (Kathryn Hahn), temos também a presença da misteriosa Geraldine (Teyonah Harris) como personagens peculiares de uma cidade bem estranha.
Aos poucos a série começa a mostrar que aquele mundo vivido por Wanda não é o que parece, desta forma o expectador tende a formar várias teorias sobre o que pode ter acontecido e o que está acontecendo. A verdade é que o seriado funciona até certo ponto, mesmo que você não esteja familiarizado com a história do Universo Marvel criado para o cinema, porém é impossível ter uma experiência completa se você não tiver o mínimo de informações e conhecimentos sobre os personagens e os eventos antes de “WandaVision”. Isto fica claro no revelador episódio “Interrompemos este Programa” (1×04) focado em Mônica Rambeau, verdadeira identidade de Geraldine que na verdade foi inserida nesta realidade onde esta Wanda de uma forma não intencional.
A verdade é que “WandaVision” é puro entretenimento, pode sim causar certa estranheza em determinados momentos para quem não tá acostumado com os sitcoms antigos ou com o ritmo que eles têm, mas a série criada pela roteirista Jac Schaeffer (roteirizou também o aguardado filme da Viúva Negra) que também serve como showrunner aqui, consegue evoluir a cada episódio trazendo pedaços de um grande quebra cabeça que o público vai encaixando aos poucos ao longo dos episódios.

A série ganha contornos de algo mais familiar e dramático à medida que a narrativa vai avançando entre as épocas e a série se divide em dois arcos fora e dentro da realidade onde Wanda se encontra, sendo que o ápice da série se dá na minha opinião nos episódios “Em Um Episódio Muito Especial…” (1×05), “Um Halloween Assustadoramente Inédito!” (1×06) e um dos meus favoritos “Derrubando a Quarta Parede” (1×07) quando somos apresentados em participações inusitadas, informações surpreendentes e ganchos muito bem inseridos durante os períodos 80, 90 e 2000, tudo isso muito bem dirigido por Matt Shakman (Game of Thrones) que consegue dosar humor, comédia, ação e mistério de uma forma bastante orgânica mesmo que em determinados momentos seja notado que a trama se segura um pouco para não revelar todos seus trunfos.
Um dos principais pontos positivos da série é seu elenco, temos Paul Bettany retornando com o papel do vingador Visão mostrando várias facetas desde humor pastelão que se encaixa bem quando o sitcom dos anos 50 e 60, passando por um tom mais dramático e romântico na medida quando divide a tela com outros personagens em especial Wanda mostrando que o casal é um dos mais interessantes do MCU. Outro grande destaque é a personagem Agness vivido pela Kathryn Hahn, a atriz é um dos achados desta temporada, bem-humorada e com ar misterioso numa atuação esplendorosa, sua personagem só cresce e se torna uma das melhores partes da narrativa inclusive dos últimos episódios com um tema musical próprio.
A atriz Teyonah Parris no papel da já crescida Mônica Rambeau (sim é aquela garotinha do filme da Capitã Marvel) é outra bela adição, aqui sua personagem tem sua origem de heroína sendo moldada de forma primorosa além de servir como parâmetro para conhecermos a introdução da misteriosa agência E.S.P.A.D.A (uma espécie de SHIELD que protege a Terra de ameaças cósmicas). Ainda temos a participação mais que bem-vinda de Jimmy Woo (O mesmo de “O Homem Formiga e a Vespa”) vivido por Randall Park, o retorno da extrovertida Darcy (dos filmes do Thor) da Kat Dennings e o por fim o vilanesco Diretor da E.S.P.A.D.A, Tyler Hayward vivido por Josh Stamberg.

De todos que citei, ninguém consegue ter mais presença e desenvolvimento de tela do que Elizabeth Olsen no papel de Wanda, aqui temos várias facetas de uma atriz que esta super confortável no seu papel e consegue entrar toda a dor, luto e emoções que sua personagem sente e enfrenta durante todos esses episódios e não é a toa que quando revisitamos a história da personagem no emocionante “Nos Capítulos Anteriores” (1×08), onde somos surpreendido por um roteiro que molda todo o luto da personagem de uma forma intensa, triste e inesquecível trazendo uma atuação primorosa de Olsen.
Toda a construção de “WandaVision” tem uma razão e um propósito, talvez por gerar expectativas altas demais, o público esqueça que a narrativa ainda é de uma série de TV e ainda precisa funcionar como tal, então o season finale “O Grande Final” (1×09) pode soar um pouco anticlímax nos últimos minutos, ainda que entregue tudo que você almeja de um grande final de temporada com ação épica, reviravoltas, momentos de pura cartase para personagem de Wanda no seu melhor momento Feiticeira Escarlate, além de entregar momentos água com açúcar com Visão e outros personagens mirins importantes para trama.
No final das contas, “WandaVision” foi e é um evento, nove episódios de puro entretenimento equilibrando humor, drama, ação e uma construção emocionante de um universo Marvel que só se expande de forma positiva e ainda entrega os melhores momentos de Wanda e Visão no MCU. A série tem milhares de easter eggs e por mais que responda as perguntas principais, deixa vários arcos em abertos que prometem abalar a fase 4 da Marvel, inclusive, espero até o final, pois tem duas cenas pós crédito, uma fazendo ligação com “Capitã Marvel 2” e outra com “Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura”, ambos devem sair nos cinemas nos próximos anos. A nova era do MCU começou com tudo.

Elo Preto
Personagem: Mônica Rambeau
Atriz: Teyonah Parris
Idade: 33 anos
O destaque da coluna de hoje vai para Teyonah Parris no papel de Mônica Rambeau. Sua personagem é uma agente da E.S.P.A.D.A conhecida como “Capitã Rambeau”, inteligente e destemida, se descobre uma super-heroína no decorrer de “WandaVision” num desenvolvimento bastante consistente de uma personagem que ainda lida com o luto e acaba sendo uma ponte de comunicação para o limbo em que Wanda se encontra. Parris atua muito bem e consegue deixar um gostinho de quero para uma personagem que só tende a crescer futuramente. Teyonah ficou conhecida pelos papéis nos filmes “Cara Gente Branca” de Justin Simien e no belíssimo “Se a Rua Beale Falasse” de Barry Jenkins.
Gostou? Assista ao trailer, se já assistiu comenta logo abaixo.

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