“Skeleton Crew” – 1° Temporada – Crítica

Aventura descompromissada! Retomando a aura de Star Wars e apostando alto para conquistar a geração “Stranger Things” e “Goonies”, esta nova série traz ação e aventura pelo olhar de crianças cheias de talento e carisma de sobra num dos produtos mais legais da saga até o momento.

Fonte: Disney Plus

Parece que os astros estão começando a se alinhar de novo para a saga Star Wars, apesar da recepção morna de “O Acólito”, a franquia vem apresentando obras consistentes como “Ahsoka” e principalmente “Andor”, conseguindo moldar um futuro promissor para saga, que já anunciou uma nova trilogia para os próximos anos no cinema focando no passado, presente e futuro da franquia, além de confirmar o filme “Mandalorian e Grogu” para o ano que vem.

Enquanto a saga não retorna as telas grandes, vamos de presente, com a nova aventura “Sketelon Crew” (Star Wars: Skeleton Crew, 2024-Presente), série do Disney Plus criada por Jon Watts (diretor da trilogia Homem-Aranha com Tom Holland) que estreou no final do ano passado e conta a história de quatro jovens que acidentalmente encontram uma nave que os leva para uma aventura no espaço desencadeando uma trama cheia de mistérios e descobertas.

O piloto dirigido pelo próprio Watts captura a vibe “sessão da tarde” inspirado em aventuras semanais de uma forma tão bacana que é impossível não se apaixonar logo de cara pela narrativa em “This Could Be a Real Adventure” (1×01), que ainda tem o roteiro de Christopher Ford (Homem Aranha: De Volta ao Lar) que dá o tom da trama que revela um deslumbramento inicial marcante.

Fonte: Disney Plus

A história foca nos quatro amigos Wim (Ravi Cabot-Conyers), Fern (Ryan Kiera Arms), KB (Kyriana Kratter) e Neel (Robert Timothy Smith), que acabam encontrando destroços de uma nave misteriosa no bosque do planeta At Attin, mas por engano acabam sendo levados para o espaço perdidos na galáxia longe de casa, servindo de pontapé para uma grande aventura.

É focado nisto, que “Skeleton Crew” tenta conquistar seu público, existe um senso de liberdade narrativa aqui que captura a essência da saga Star Wars privilegiando o simples, sem se preocupar com conexões, sem se preocupar com Skywalkers, sem se preocupar com rebeliões, são crianças descobrindo o universo e seus perigos com pitadas de lore do que foi criado por George Lucas, mas conseguindo criar sua própria identidade nesta vasta mitologia.

E a série não para por aí, Jon Watts sabe trabalhar com público infantil com um senso de entretenimento que é exatamente o que Star Wars estava precisando. Cada criança tem sua própria personalidade, temos o garoto que sonha em ser um jedi na pele do pequeno Wim, temos a garota que possui um senso de liderança com a pequena Fern, temos a prodígio e inteligente KB, e é claro, o carisma em pessoa na pele de uma das criaturinhas mais fofas deste universo na pele do pequeno Neel.

Fonte: Disney Plus

É uma série que abraça o estranho sem medo de ser feliz e mostra um lado da saga que parece familiar, mas com certeza bebe das fontes de filmes como “Goonies” e séries como “Stranger Things” e a recente “Perdidos no Espaço”, isto fica muito claro nos episódios “Way, Way Out Past the Barrier” (1×02) e “Very Interesting, As an Astrogation Problem” (1×03), ambos dirigido pelo ótimo David Lowery (The Green Knight) que traz piratas, um robô bacana na pele do excêntrico SM 33 (voz de Nick Frost) e criaturas espaciais aos montes.

Como toda aventura espacial, “Skeleton Crew” se inspira nas melhores histórias piratas possíveis e coloca as crianças em situações inusitadas, fazendo com que o caminho delas cruzem com um estranho misterioso, Jod (Jude Law), que pode ou não ter habilidades com a força. É focado neste tipo de dualidade que a série nos conquista enquanto desenvolve dramaticamente seus personagens mirins.

Talvez falte ao seriado um pouco mais de agilidade em termos de trama, as vezes os episódios demoram um pouco para chegar do ponto A ao ponto B, para logo em seguida causar certa frustração com o fim do episódio. É algo que os universos Star Wars e Marvel ainda sofrem um pouco para equilibrarem durante suas temporadas, a quantidade de ganchos que segurem nossa curiosidade até a próxima semana.

Fonte: Disney Plus

Apesar disto, Jon Watts parece é esperto o bastante para trazer talentos que não deixam as tramas sucumbiram com a irregularidade. Um dos grandes pontos técnicos desta obra é o fato de conseguir recrutar diretores renomados para dirigirem os episódios e brincarem com a caixa de conteúdo chamada Star Wars.

E posso dizer que todos aproveitam bem, colocando seu próprio estilo no seriado e conseguindo deixar tudo ainda mais interessante. A dupla de “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo” ganhadores do Oscar, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, não só consolidam o personagem Neel como o coração da série no legal “Can’t Say I Remember No At Attin” (1×04), entregando um episódio cheio de aventura e boas reviravoltas se pautando na simplicidade.

O diretor Jake Schreier (Beef e do esperado Marvel’s Thunderbolts) também teve a oportunidade colocar as crianças em maus lençóis, adicionando mais piratas e uma caça ao tesouro num planeta luxuoso resultando em um ótimo enredo no episódio “You Have a Lot to Learn About Pirates” (1×05).

Fonte: Disney Plus

Porém é com a presença de Bryce Dallas Howard (Jurassic World: Domínio) que ganhamos o maravilhoso “Zero Friends Again” (1×06) focado na relação entre as quatro crianças e mostrando o quanto “Skeleton Crew” é um achado num dos episódios mais legais da temporada com uma sequência final de ação lindíssima e muito bem executada, mostrando o quanto Howard se encaixa bem no universo de Star Wars.

É neste episódio também que notamos o valor de produção do seriado que não só tem um capricho técnico notável, com efeitos visuais bacanas misturado com efeitos práticos da melhor qualidade, somado a um cuidado de construção desde a concepção das criaturas, cenários de planetas complexos terminando com os figurinos num produto que claramente foi feito para agradar e resgatar a sensação de estar vendo algo novo da saga.

E consegue na maior parte do tempo, muito porque o elenco é muito bom, daqueles que vale a pena ficar de olho. As crianças são todas muito bem selecionadas, destaque para o pequeno Robert Timothy Smith (Querido Papai Noel) no papel do alien Neel, além da jovem Kyriana Kratter (Acampados) no papel de KB. É claro que Ravi Cabot-Conyers (Encanto) e Ryan Kiera Arms (Uma Família Extraordinária) merecem menções no papel de Wim e Fern, até porque o quarteto funciona muito bem juntos numa conexão muito boa que vai ficando melhor no decorrer da temporada.

Fonte: Disney Plus

Enquanto isto, no elenco de veteranos, o destaque fica por conta de Jude Law (The Order), seu misterioso Jod Na Nawood é um personagem inescrupuloso e bem interessante, que cresce muito à medida que vamos descobrindo mais sobre seu passado (detalhe para revelações nas artes dos créditos último episódio da temporada). O resto do elenco ainda possui Kerry Condon (The Banshees of Inisherin) e Tunde Adebimpe (Twisters) como os pais de Fern e Wim respectivamente, aliás, a subtrama como estes personagens e os outros pais de Neel e KB ajudam a criar um clima de mistério sobre o planeta de At Attin, protegido por uma barreira misteriosa longe dos olhos do regime da Nova República.

Por tudo que foi falado, chegamos à reta final da série numa rota linear bastante consistente nos dois últimos episódios, “We’re Gonna Be in So Much Trouble” (1×07) dirigido por Lee Isaac Chung (Minari) e o final de temporada “The Real Good Guys” (1×08) dirigido por Jon Watts, que reúnem tudo aquilo que a série tem e construiu de melhor, são então agraciados com ótimas sequências de ação na terra e no ar aproveitando o apuro visual do planeta At Attin.

No final das contas, “Skeleton Crew” é daqueles seriados que vale a pena conferir, não só por ser um produto de qualidade da saga Star Wars que se passa na mesma timeline da saga “Mandalorian”, mas por ser uma narrativa divertida que entrega aquilo que promete com uma aventura descompromissada que entretém por ser recheado de ação, aventura e sci-fi num dos conteúdos mais incríveis da TV dos últimos tempos. Um resgaste a nostalgia com total respeito a tudo que foi criado, o seriado é um frescor que deixa o coração quentinho com aquele gostinho de quero mais. Que venha a segunda temporada!

Elo Preto

Personagem: Wim
Ator: Ravi Cabot-Conyers
Idade: 13 anos

O destaque da Coluna Elo Preto desta vez vai parar o personagem Wim, um garoto sonhador e cheio de entusiasmo que embarca em uma aventura com amigos pela galáxia não muito distante, se vê numa jornada de amadurecimento ao encontrar perigos pelo caminho o levando a ganhar coragem para ajudar seus amigos a voltarem para casa. O jovem Ravi é carisma puro, as vezes demora um pouco para mostrar a que veio, mas o garoto tem seu melhor momento no último episódio quando Wim abraça seu lado mais heroico. O ator mirim já foi visto na série de Kenya Barris “Black AF” da Netflix e também trabalhou no filme de animação “Encanto” dublando o pequeno Antônio. Seu próximo projeto será o filme drama “Beneath The Grass”.

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