O poder do cinema! Coluna Elo Preto está de volta. Com atuações magistrais de Cynthia Erivo e Ariana Grande, este musical adaptação da Broadway é encantador, arrebatador e mostra um longa metragem que não tem medo de ser grande musical.
| 10 Indicações ao Oscar 2025 Vencedor de 2 Oscars |
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| Melhor Design de Produção |
| Melhor Figurino |

Cinema é isto! Foi esta a sensação que tive quando a última nota cantada por Cynthia Erivo (Luther: O Cair da Noite) ecoou em alto e bom som antes da tela fica preta seguida de aplausos da sessão que estava. Quando vamos ao cinema, esperando imergir naquela narrativa de tal forma que crie uma sensação de êxtase tome conta da nossa alma e nos dê uma satisfação de ter feito a escolha certa ao comprar ingresso para aquela produção com cara de fenômeno de audiência.
Exageros à parte, “Wicked” ou “Wicked: Parte 1” (Wicked: Part One, 2024), longa adaptação do famoso musical da Broadway de 2003 ganhador de vários Tony (O Oscars do teatro), “Wicked: A História Não Contada das Bruxas de Oz” protagonizado por Idina Menzel e Kristin Chenoweth, que já era baseado no livro de Gregory Maguire, “Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West”, chegou aos cinemas mundiais na última quinta-feira, cercado de expectativas ao contar a história pela perspectiva das Bruxas de Oz antes da chegada de Dorothy, Elphaba (Cynthia Erivo), a Bruxa Má do Oeste e Glinda (Ariana Grande), a Bruxa Boa do Sul, que tiveram uma relação de amizade, até chegarmos no futuro visto no filme “O Mágico de Oz” de 1939.
O longa é dirigido por John M. Chu (Podres de Rico), que já havia comandado o ótimo musical “Em um Bairro de Nova York”, mas aqui tinha a chance de consolidar o talento com uma das histórias mais aclamadas de todos os tempos. E não é que deu certo? Esta superprodução da Universal Pictures, é tudo aquilo que se espera de um grande musical e mais um pouco.

A trama foca sua primeira parte na relação tempestuosa e complexa entre Elphaba e Glinda, antes de serem bruxas, indo para escola de magia e feitiçaria para estudarem e aprenderem a desenvolver seus talentos. Enquanto a trama tece a vida de privilégios de Glinda de um lado, por outro vemos a vida de rejeição de Elphaba, que nasceu verde, não seguindo os padrões de beleza da sociedade, sendo vista como uma criatura estranha com poderes incontroláveis tendo que conviver com pai que a culpa pela morte da mãe, bem como sua irmã, Nessarose (Marissa Bode).
É assim que o roteiro assinado pela dupla Winnie Holzman (Jerry Maguire: A Grande Virada) e Dana Fox (Cruella) costura uma relação de rivalidade e amizade entre duas personagens que são o cerne de uma história que se abre para as cores de Oz, tratando a questão do preconceito racial de uma forma sincera e franca que revela também onde reside a carga emocional que carrega toda a narrativa.
O musical consegue através desta premissa, se transformar num grande evento que já mostra a que veio no começo do primeiro ato dando o tom do filme com a música de abertura cantado por Glinda e os habitantes de um vilarejo. O diretor John M. Chu sabe como atiçar o público, com cores vibrantes, coreografias envolventes e uma direção correta que só melhora a cada nova cena do filme.

Existe três grandes pontos que fazem “Wicked” um dos grandes filmes do ano, o primeiro é a produção, tudo é grandioso e impecável, a começar pelos figurinos estravagantes, passando pelo design de produção (os cenários da Escola são magníficos, bem como o trem de Oz e a cidade Esmeralda) bem elaborado que deixa tudo mais estonteante, a fotografia é boa, apesar de um filtro que atrapalha em muitos aspectos, existe aqui sequências de puro deleite visual, principalmente a cena final que é magistral.
E por último a trilha sonora que é simplesmente arrebatadora com destaque as tocantes “I’m Not That Girl” e a monumental “Defying Gravity” são de arrancar suspiros tamanha a carga dramática destas sequências. A canastrona “Dancing Through Life” é puro suco de musical (sequência muito bem dirigida por sinal), “One Short Day” e “Popular”, são deliciosas e bem entoadas trazendo leveza para um filme que também nos faz rir.
O que nos leva a segundo ponto, Ariana Grande (Não Olhe Para Cima), dona de uma voz magnífica como cantora, entrega seu melhor papel como atriz. Nossa pequena Cat Valentine (entendedores entenderão) simplesmente oferece uma das melhores atuações do ano, equilibrando humor, superficialidade, doçura e falta de noção fazendo sua Glinda uma personagem fascinante que tem uma jornada maravilhosa durante o longa e uma química incrível com sua parceira de cena.

O que nos traz a Cynthia Erivo (Harriet), no terceiro e importante destaque, com uma voz simplesmente impecável, a atriz é o contraponto perfeito para o personagem de Ariana, sua Elphaba é sonhadora, casca grossa e sentimental de tal forma que Erivo domina todas as cenas em que parece, é daquelas personagens que dá gosto torcer, e se emocionar junto, trazendo para o filme uma consistência que fica ainda melhor quando as duas protagonistas dividem a cena.
Isto tudo, só funciona porque “Wicked” tem um diretor que entende como um verdadeiro musical funciona, seja na harmonia entre as sequências de musicas que ajudam florescer emoções em tela, seja de forma dramática com Elphaba, seja de forma bem humorada com Glinda, seja da forma mais egocêntrica possível com a presença do príncipe Fiyero, interpretado na medida pelo sempre ótimo Jonathan Bailey. Ainda tempos a participação de Jeff Goldblum (Kaos) e a sempre impecável Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) no papel da excêntrica e dúbia Madame Morrible.
A verdade é que com uma direção sólida que traz um equilíbrio indiscutível para obra, temos um espetáculo musical de mais de duas horas e quarenta minutos que vibra em tela e cresce numa narrativa que funciona ainda melhor pelo magnetismo na relação entre as personagens de Erivo e Grande, fazendo o filme entregar dois momentos antológicos que devem ficar na memória do público por muito após os créditos começarem a subir.

De uma forma geral, “Wicked: Parte 1” é um grande filme, daqueles blockbuster que trazem consistência dramática acima do normal elevado por duas grandes atrizes e um trabalho técnico irretocável que mostra que musicais estão mais vivos do que nunca numa narrativa vibrante, brilhante, as vezes longa, é verdade, mas tão magnífica em tocar em temas universais de uma forma tão comovente que é impossível não derramar uma lágrima (de olho na impecável cena do baile) e vibrar ao fim sessão mostrando deve ser visto na maior tela possível. Este longa não é só um dos longas musicais mais lindos dos últimos anos, mais uma das melhores produções de 2024. Os fãs de espetáculo, agradecem. Que venha a parte 2.

Elo Preto
Atriz: Cynthia Erivo
Personagem: Elphaba
Idade: 37 anos
O destaque da Coluna Elo Preto vai para atriz Cynthia Erivo, que brilha no papel de Elphaba conseguindo impacto poucas vezes vistos numa narrativa cinematográfica. Um controle de voz impecável, uma atuação tocante, Erivo se mostra ideal em papel que toca em temas delicados como preconceito e rejeição que são nada mais do que uma analogia ao racismo vivido por pessoas pretas, aqui a atriz mostra uma força extraordinária entregando uma atuação digna de Oscar num dos seus melhores trabalhos até então. Cynthia é britânica e já atuou em longas como o drama “Harriet” de 2019, a série “The Outsider” da HBO em 2020, além de soltar a voz no subestimado filme “Maus Momentos no Hotel Royale” de Drew Goddard, além de fazer parte do elenco do brilhante do longa “Viúvas” do diretor Steve McQueen de 2018. Recentemente a atriz atuou no filme “Luther: O Cair da Noite” de 2023 ao lado de Idris Elba (Sequestro no Ar), atriz ano que vem retorna ao universo do mágico de Oz, com “Wicked: Parte 2” no final do ano.
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