“Rebel Moon – Parte 1: Cálice de Sangue (Versão do Diretor)

Uma versão melhor! Zack Snyder entrega sua versão 18 anos para a mesma história explorando melhor os personagens, apresentando uma edição melhor e mais violenta que deve agradar nada além do que sua fã base.

Fonte: Netflix

Qual é a função de uma versão do diretor? É a incógnita que sempre paira no ar quando um diretor de renome traz um novo corte do mesmo filme para tentar mostrar sua visão da forma mais limpa possível sem a interferência do estúdio. Para alguns filmes funciona, “Blade Runner” (1980) é o exemplo mais famoso, detonado pelos críticos, depois aclamado como clássico após Ridley Scott revelar um novo corte do longa. Filmes como “Liga da Justiça” do Zack Snyder, “A Cruzada” do próprio Scott, “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido” do Bryan Singer, e é claro as versões estendidas da obra-prima “O Senhor dos Anéis”, são exemplos de como a experiência pode melhorar uma obra com um corte feito da forma certa.

É nesta linha que o próprio Zack Snyder seguiu nas suas versões estendidas de “Rebel Moon”, enquanto “Rebel Moon: A Menina do Fogo” e “Rebel Moon: A Marcadora de Cicatrizes”, tiveram recepções mistas para ruim da crítica, nem mesmo alguns fãs abraçaram este novo mundo devido aos vários problemas da narrativa que claramente se segurava para manter suas quase duas horas de duração.

Foi aí que o diretor disse que tinha versões estendidas das duas obras com corte para maiores de 18 anos, mais brutal e adulta. Foi assim que no dia 02/08 estreou “Rebel Moon – Parte 1: Cálice de Sangue” (Rebel Moon: Chalice of Blood – Director’s Cut, 2024), versão do diretor da Parte 1 que mostra a verdadeira visão segundo o Snyder de sua obra como o cineasta pensou. A primeira versão tinha basicamente duas horas, esta nova versão tem 3 horas e 24 minutos, com mais de uma hora de material adicional. Porém a pergunta que fica é, será que melhorou?

Fonte: Netflix

Uma das minhas críticas a obra anterior era exatamente a falta de ritmo e a edição mal executada que não conseguia deixar a trama coerente, mesmo mostrando um potencial gigantesco na apresentação do universo. Devo dizer que assistindo esta versão estendida, entendo porque Snyder queria tanto lançar, para alguns parecia uma jogada de marketing, mas para os insistentes como a minha pessoa, talvez seja a coerência que estava faltando no original.

E é assim que “Cálice de Sangue” se apresenta, um filme mais solto, com liberdade para contar sua história sem pressa, apresentando um monólogo violentíssimo com o general Almirante Noble (Ed Skrein) dando um tom de uma narrativa que é calcada na violência e dá o tom da ameaça do Mundo-Mãe logo de cara. Só depois somos introduzidos a personagem de Kora (Sofia Boutella) na lua de Veidt de onde a trama começa a tomar forma.               

Fica claro que os problemas, o maneirismo do diretor continuam lá, e o roteiro com diálogos expositivos e previsíveis também, mas existe aqui como citei, uma coerência narrativa melhor estruturada, inclusive a extensão de arcos de personagens que pareciam coadjuvantes no longa anterior, mas que agora ganham mais oportunidades de desenvolvimento, destaque para Gunna (Michiel Huisman) que tem mais o que fazer na trama, o jovem Aris (Sky Yang) que inclusive ganha um arco interessante no começo, além de Jimmy (voz de Anthony Hopkins) que tem sua própria jornada de autodescobrimento e aceitação.

Fonte: Netflix

Inclusive o robô apesar de ser o personagem mais interessante de “Rebel Moon”, tem um arco bem isolado nesta primeira parte, mas ao menos entendemos melhor como o personagem chega ao ponto de usar uma capa e chifres no final do filme. Outros pontos são a extensão das sequências de ação, seja na sequência de Tarak (Staz Nair) domando uma criatura alada, seja na sequência de Nemesis (Bae Doona) que não só é melhor introduzida, mas também ganha uma cena de ação maior enfrentando a aranha meio humana nas profundezas de Daggus, sem falar também na sequência final no porto, que é maior e melhor.

É claro que esta versão do diretor, exige paciência de quem assiste, porém, quem gostou ou simpatizou com a construção de universo da parte 1, agora é agraciado com um produto mais cuidadoso, que liga pontos, principalmente na forma como mostra os rebeldes da casa Bloodaxe tendo um papel bastante forte na revolução contra as forças do Imperium, temos também cenas com irmãos Darrian (Ray Fisher) e Devra (Cleopatra Coleman) que mostram mais dos personagens (que possuem uma HQ de origem chamada “A Casa dos Bloodaxes”). Se você não gostou de nada na história, talvez esta versão te agrade mais, porém não irá trazer uma satisfação completa, principalmente porque as previsibilidades continuam lá.

Porém, aqueles que se arriscarem, poderão ao menos enxergar uma narrativa que dá mais espaço aos rebeldes recrutados por Kora, principalmente colocando cenas extras de interação entre os forasteiros que se juntam por uma causa comum, são cenas simples, que fizeram falta na versão anterior, mas que aqui traz um elo melhor entre esses personagens.

Fonte: Netflix

Outro ponto é a questão da mitologia da Princesa Issa, que Snyder explica melhor através da narração de Kora durante os flashbacks. A questão da produção, tirando a fotografia desaturada que incomoda, no geral a produção é caprichada e a violência com sangue melhora as sequências de ação, além de adicionar mais criaturas estranhas, porém vale ressaltar que as cenas de sexo e nudez, soam muito gratuitas, mesmo que isso seja usado para mostrar que o filme é um sci-fi para adultos.

De uma forma geral, “Rebel Moon – Parte 1: Cálice de Sangue (Versão do Diretor)” é beneficiado pelas cenas extras, mesmo que as ressalvas continuem lá, fica claro que existe uma melhora de uma obra que tem bastante potencial e que aqui é sentida de uma forma mais completa, nos fazendo esquecer do quão rasa é a versão anterior. Snyder pode até jogado este jogo de versões de uma forma marketeira, mas não há dúvidas que ao menos esta parte 1 versão 18 anos, é um bom filme.

Leia outros textos sobre Rebel Moon:

  • Leia a crítica de Rebel Moon: Parte 1 – A Menina do Fogo aqui.
  • Leia a crítica de Rebel Moon: Parte 2 – A Marcadora de Cicatrizes aqui.
  • Leia a crítica de Rebel Moon: Parte 2 – A Maldição de Perdão (Versão do diretor) aqui.

Elo Preto

Personagem: General Titus
Ator: Djimon Hounsou
Idade: 59 anos

A coluna elo preto traz o destaque para o ator Djimon Hounsou no papel do General Titus, um gladiador antes comandante implacável das tropas do “Mundo Mãe”, está exilado no planeta Pollux e encontra em Kora a chance de um momento de redenção. Apesar de faltar um aprofundamento em seu personagem, Hounsou entrega aquilo que se pede num papel que claramente terá mais destaque no futuro. Um dos atores negros mais talentosos das últimas décadas, encantou o mundo no longa pelas atuações em “Terra dos Sonhos” e “Diamante de Sangue”, seu currículo ainda conta com várias produções como “Amistad”, “Gladiador”, “Guardiões da Galáxia”, “Velozes & Furiosos 7”, “King’s Man: A Origem” e recentemente no longa “Gran Turismo”. A próximos produções com o ator serão “Rebel Moon: Parte 2” e “Um Lugar Silencioso: Dia Um” em 2024.

Gostou? Diga nos comentários o que achou desta versão e veja o trailer.

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