“Bridgerton – 3° Temporada – Crítica”

O mesmo charme de sempre! A terceira temporada de Bridgerton é a primeira sem um casal interracial no centro da trama, mas continua trazendo mudanças sociais para este universo. E ainda que se repita em alguns dramas, segue entregando o entretenimento de sempre.

Spoilers da série abaixo.

Fonte: Netflix

Quando a primeira temporada de “Bridgerton” (2020-presente) estreou há alguns anos atrás, surpreendeu pela forma como trouxe a sociedade de época totalmente interracial e com ar de mudança que em meio a muito romance água com açúcar, vivido pela bela jovem Daphne (Phoebe Dynevor) e o bom vivant Duque de Hastings, Simon Basset (Regé-Jean Page), conseguiu entreter numa pegada moderna e viciante mesmo sendo uma trama de época.

A segunda temporada protagonizada por Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey) e a bela Kate Sharma (Simone Ashley), trouxe doçura e ainda mais romance numa trama que se consolidada como uma das melhores séries de entretenimento da atualidade com rótulo de casais de química explosiva, além de sempre usar a representatividade racial da forma mais inclusiva possível.

Em meio as fofocas da alta sociedade e as temporadas cheio de jovens diamantes procurando pretendentes, chegamos a terceira temporada da trama narrada pela fofoqueira Lady Whistledown (voz de Julie Andrews), que teve seu rosto revelado ganhando as características da sonhadora e romântica Penelope Featherington (Nicola Coughlan), que agora ganha os centros das atenções na adaptação do quarto livro de Julia Quinn intitulado “Os segredos de Colin Bridgerton”.

Fonte: Netflix

O seriado criado por Chris Van Dusen e produzido de perto por Shonda Rhimes (Grey’s Anatomy) através de sua produtora “Shondaland”, finalmente solta as amarras de seguir fielmente a adaptação cronológica dos livros de Quinn e toma mais liberdades. Ao pular a história de Benedict e focar no romance entre Colin Bridgerton (Luke Newton) e Penelope, a série da Netflix abraça o popular numa trama bastante esperada pelos fãs e com a chance de entregar a melhor temporada até então.

Este novo ano de “Bridgerton”, marca também a primeira temporada sem que casal principal seja interracial. Ainda assim, a trama de segundaria com ares de protagonismo entre a jovem Francesca Bridgerton (Hannah Dodd) e o Lorde John Stirling (Victor Alli) compensa para não deixar que os ares de inclusão da série não se percam pelo caminho, continuando a desabrochar uma sociedade que mesmo seguindo certos padrões patriarcais, começa a se estabelecer cada vez mais como um ambiente mais progressista.  

Quando a série dá o pontapé com “Out of the Shadows” (3×01), uma nova temporada de casamento se inicia com Francesca se preparando para ser a mais nova integrante da família a ser apresentada na sociedade. Enquanto isto, Colin retorna de viagem e Penélope finalmente começa a olhar para si mesma ao mudar o visual para este que promete ser um grande momento para a personagem.

Fonte: Netflix

É claro que “Bridgerton” não foge muito da sua proposta, o jogo de gato e rato, flertes e química exalando pelos poros entre os protagonistas estão presentes, como nas duas primeiras temporadas. Tudo aqui é replicado e repetido daquilo que já vimos antes, Penélope começa procurar um pretendente, Colin começa a ajuda-la, até que o sentimento mútuo toma conta de ambos como podemos ver nos deliciosos episódios “How Bright the Moon” (3×02) e “Forces of Nature” (3×03).

Existe aqui uma aura clichê que é difícil desvencilhar e é usada a exaustão através dos bailes magníficos, roupas elegantes, produção impecável e trilha sonora moderna que dá um tom para uma série que sabe seu papel na forma de trazer o velho e bom romance. Tudo aqui é muito óbvio, você sabe exatamente o que vai acontecer e ainda assim, é impossível parar de assistir aos episódios.

É claro que ao se repetir em seus desenvolvimentos, a série é muito bem sucedida principalmente na sua primeira metade fechando com o explosivo e sensual episódio “Old Friends” (3×04), que trouxe um gancho que justificou o hiatus de um mês entre as duas partes da temporada. Porém, quando a série abraça o casal protagonista, a narrativa começa a oscilar ao esgotar um pouco suas ideias.

Fonte: Netflix

Além do romance entre Penelope e Colin, as tramas secundárias que normalmente trazem um grande interesse, desta vez se perdem um pouco ao focar em alguns personagens desinteressantes. Enquanto a trama de Francesca e John, soa como uma sub trama boa de acompanhar, assim como o breve romance entre Violet Bridgerton (Ruth Gemmell) e o irmão de Lady Danbury (Adjoa Andoh), os plots de Benedict Bridgerton (Luke Thompson) com uma viúva, e o casal Will Mondrich (Martins Imhangbe) e Alice Mondrich (Emma Naomi) lidando com sua entrada para alta sociedade, são mal desenvolvidos e pouco atraentes em termos narrativos.

Ao menos estes por menores são apenas detalhes de uma temporada que finalmente soube dar espaço a família Featherington conseguindo trazer equilíbrio entre humor e drama, com Lady Portia (Polly Walker) e sua filha Penelope ganhando momentos maravilhosos que ajudaram a remendar uma relação que sempre foi complicada, criando inclusive um paralelo importante que define bem a temporada, que foca entre abraçar o velho tradicionalismo, ou buscar a independência para si mesma.

Isto define bastante a jovem Penelope na série, talvez a personagem com melhor arco de toda a série e que precisa agora lidar com fato de que sua identidade como Lady Whistledown está cada vez mais ameaçada, além é claro de seu impacto na sociedade, tudo isto enquanto tenta finalmente se entregar a paixão por Colin Bridgerton, como podemos ver nos episódios “Tick Tock” (3×05) e “Romancing Mister Bridgerton” (3×06).

Fonte: Netflix

A verdade é que os expectadores vão acabar amando esta temporada por conta do longo tempo que ficaram sem assistir “Bridgerton”, que compensa é verdade com um clichê maravilhoso de acompanhar e torcer. Porém fica claro que ao gastar muito gás com tantas boas reviravoltas e revelações nesta segunda metade da terceira temporada, corre o risco de a narrativa ter chegado no seu pico de qualidade, o que sempre leva ao desgaste depois.

É claro que isso é apenas um detalhe para uma série que continua servindo ao seu propósito ao trazer aquele romance clichezinho, mas eficiente, além das intrigas palacianas e fofocas alheias na sociedade governada pela espirituosa Rainha Charlotte (Golda Rosheuvel). O ritmo do seriado é notável e a produção é caprichada, além é claro do elenco que continua sendo recheado de talento destacando aqui Nicola Couglan, Victor Alli, Hannah Dodd, além das veteranas Polly Walker, Ruth Gemmell e Adjoa Andoh.

De uma forma geral, não existe uma série mais feminista e progressista do que “Bridgerton” atualmente, além de ser pontualmente uma série interracial que continua subverter nossas expectativas como fica claro nos ótimos episódios “Joining of Hands” (3×07) e o final de temporada “Into the Light” (3×08), a narrativa parece entender que seu público está preparado para o futuro, deixando ganchos interessantes para a próxima temporada (a série já foi renovada para quarta temporada faz dois anos), além de consolidar mais um romance bem sucedido entre Penelope e Colin, que talvez não seja o melhor apresentado pela série, mas ao menos entrega a celebração do amor em sua plenitude, e a certeza que este seriado ainda tem muita lenha para queimar.

Elo Preto

Personagem: Lady Danbury
Atriz: Adjoa Andoh
Idade: 61 anos

O destaque da coluna de hoje é a atriz britânica negra Adjoa Andoh, a veterana que vive o papel da inteligente, magnífica e sempre sagaz Lady Danbury, entrega mais uma vez um trabalho impecável. Além da elegância de Adjoa, sua altivez dá a personagem mais influente da sociedade de “Bridgerton” uma presença de tela que poucas atrizes tem. Adjoa ficou conhecida pela série da Netflix como seu maior destaque, mas já apareceu em outras produções, como o spin off “Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton” reprisando seu papel de destaque, além de séries como Doctor Who e The Witcher, além de filmes como Fratura de 2019 e Invictus protagonizado por Matt Damon e Morgan Freeman. O próximo trabalho da atriz será a animação stop motion “Wallace & Gromit: Vingança das Aves”. 

Gostou? Veja o trailer da temporada abaixo e comente sobre o que achou.

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