“Duna: Parte 2” – Crítica

Um espetáculo visual. A Coluna Elo Preto com destaque para Zendaya traz uma análise sobre a épica segunda parte dirigida por Denis Villeneuve que entrega a experiência cinematográfica imersiva mais satisfatória desde Avatar 2: O Caminho da Água no melhor filme do ano até o momento.

Fonte: Warner Bros Pictures

Quando “Duna: Parte 1” estreou em 2021, estávamos começando a retomada do cinema pós covid, ainda tímidos e com medo na incógnita se iríamos ou não invadir as salas de cinema para ver o épico dirigido por Denis Villeneuve (Blade Runner 2049), que realmente agradou pela forte imersão cinematográfica e pela fidelidade como adaptação. O longa faturou mais de US$ 400 milhões de dólares em bilheteria e venceu 6 Oscars nas categorias técnicas.

O hype estava formado quando a Warner Bros anunciou o aguardado “Duna: Parte 2” (Dune: Part 2, 2024), que estrearia no final de 2023, mas foi adiado devido as greves dos atores e dos roteiristas que colocou Hollywood em estado de alerta. Eis que no último dia 29 de fevereiro estreou nos cinemas finalmente o épico protagonizado por Timothée Chalamet (Wonka).

De uma forma bem direta, este longa começa exatamente onde a primeira parte terminou, Stillgar (Javier Bardem) e Chani (Zendaya) acompanhados de alguns companheiros levando Paul Atreides (Chalamet) e Lady Jessica (Rebecca Ferguson) para o refúgio dos Fremen bem ao norte de Arrakis. A queda da casa Atreides e a ascensão dos Harkonnen liderados por Rabban (Dave Bautista) são apenas o estopim de um conflito duradouro com os Fremen pelo domínio do planeta.

Fonte: Warner Bros Pictures

Desde o primeiro frame fica claro o domínio de Denis Villeneuve sobre sua obra, enquanto a parte 1 era um ensaio do que estava por vir, a parte 2 é a engrenagem funcionando a todo vapor com um único e absoluto objetivo, abraçar o universo de Duna por completo. Todos os parâmetros técnicos do longa são amplificados, Greg Frasier (Blade Runner 2049) consegue entregar um trabalho ainda mais único com uma fotografia não menos que brilhante, assim como Hans Zimmer (Top Gun: Maverick) e sua trilha sonora vibrante que eleva ação a patamares supremos nesta obra, ainda que não seja tão inspirada quanto na primeira parte.

É visível que “Duna: Parte 2” busca entregar o melhor com um roteiro que realmente captura a essência expansiva do livro de Frank Herbert em sua segunda metade, seja na forma como explora a mitologia Fremen, seus rituais e crenças, com paralelos fortíssimos com a cultura do oriente médio, seja na forma como consegue trazer todo o jogo político entre os Harkonnen, o Imperador Padixá (Christopher Walken) e as perigosas Bene Gesserit, conseguindo tornar tudo isto uma sensata crítica ao imperialismo e fanatismo religioso que entrelaçam numa trama bastante encorpada e impactante.

E o filme não para por aí, pois além de Villeneuve no controle do espetáculo, o elenco parece ter entendido seus respectivos personagens completamente conseguindo trazer ainda mais complexidade para uma narrativa que clama por ótimas atuações e todas são entregues na mesma proporção. Rebecca Ferguson (Missão Impossível 7: Acerto de Contas) no papel de Lady Jessica é visceral, manipuladora e ardilosa difícil de odiar, mas fácil de hipnotizar. Javier Bardem (Piratas do Caribe 5: A Vingança de Salazar) no papel de Stillgar é o mentor com coração e a representação da religiosidade fanática.

Fonte: Warner Bros Pictures

O psicopata Feyd-Rautha Harkonnen vivido por Austin Butler (Elvis) é o vilão maluco e cruel na medida, seu confronto com Paul é um dos grandes pontos altos do filme. Florence Pugh (Viúva Negra) no papel de Princesa Irulan é sempre uma grata surpresa. Porém as duas grandes forças do filme em termos de atuação são: Timothée Chalamet e Zendaya (Malcolm & Marie), o primeiro no melhor papel da carreira com uma crescente visceral com destaque para uma cena do discurso pouco antes da batalha final que ficará na mente dos expectadores por muito tempo tamanha grandiosidade e altivez.

No caso da segunda, Zendaya é o fator humano em meio ao caos, o coração de uma história movida por poder, profecias e política onde a sua Chani se sobressai como a voz da razão em meio a jornada do escolhido traçada para Paul. A atriz se mostra segura com diálogos e até com a ausência deles com uma presença de cena impressionante, sua última cena é assombrosa. É neste ponto que podemos sentir que o longa é sentido e visto como um conjunto da obra impecável com a principal função de atiçar o expectador de todas as formas sensoriais possíveis (assista na maior tela e som possível, melhor dizendo assista no cinema).

É claro que “Duna: Parte 2” tem suas ressalvas, como adaptação o filme é eficiente, mas para os fãs mais atentos e fervorosos, ausências de personagens importantes e algumas tramas serão sentidas, mas felizmente o roteiro sabe suprir essa ausência com boas alternativas aproveitando para elevar a participação de personagens menores que no livro não tem grande presença.

Fonte: Warner Bros Pictures

O terceiro ato que é de longe um dos momentos mais espetaculares do longa, infelizmente ainda mostra certa fragilidade de Villeneuve nas sequências de ação, que por um lado acerta na urgência da grandiosidade e impacto, mas por outro acaba se perdendo na transição entre criar sequências de guerra mais estendidas que façam o expectador sentir a tensão e o peso da batalha antes de confinar a ação no confronto final entre Paul e o Imperador.

Esta são ressalvas mínimas e não atrapalham o espetáculo, o longa é tudo aquilo que você procura no blockbuster moderno, onde a narrativa é riquíssima em detalhes e apoteótica quando precisa entregar nas imensas sequências de ação. É impossível não se arrepiar com a cena de Paul tentando domar seu primeiro Verme da Areia, ou a primeira aparição de Feyd-Rautha na arena do planeta dos Harkonnen, ou até mesmo de toda a sequência final da batalha de Arrakis tão assombrosa e arrepiante que é impossível não se segurar na ponta da cadeira.

De uma forma geral, “Duna: Parte 2” é uma obra magnífica, daquelas de encher os olhos, muito bem produzida, e que não só expande a mitologia da primeira parte, como enriquece ainda mais um universo que não só fica mais fascinante, mas compreensível, com temáticas atuais sobre política, religião e cultura. Denis Villeneuve cria uma obra que é puro cinema, que faz jus ao universo criado por Hebert e consegue trazer um impacto visual que não sentíamos desde Avatar: O Caminho da Água, com detalhe que Duna é ainda melhor. Quando os créditos começarem a subir, a sensação de repetir a dose será inevitável, bem como criar expectativas para uma possível terceira parte. É cinema em sua plenitude.

Elo Preto

Personagem: Chani
Atriz: Zendaya
Idade: 27 anos

O destaque da coluna Elo Preto vai para Zendaya, cria da Disney desde pequena, a atriz construiu uma carreira não só promissora, como bastante sólida. Chani sua personagem em “Duna: Parte 2” é a chance de mostrar mais uma vez sua versatilidade na atuação. A personagem é feroz, inteligente, apaixonada e forte, de longe um de seus melhores papéis da carreira até o momento mostrando que é uma das atrizes negras mais talentosas e solicitadas do momento. A estrela ganhadora do Emmy de melhor atriz pela série sensação “Euphoria”, participou também da trilogia do “Homem-Aranha” da Sony/Marvel com seu namorado Tom Holland, além de atuar em dramas como: “Malcolm & Marie” e “Rei do Show”. Seu próximo trabalho será o longa “Challengers” do diretor Luca Guadagnino.

Gostou? Veja o trailer e comente abaixo sobre o que achou do longa.

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