“Jon Batiste: American Symphony” – Crítica

Belíssimo! O documentário intimista sobre a vida de Jon Batiste traz mais da vida deste grande artista vivendo o melhor e o pior momento de sua fica na eminência de um dos maiores concertos de sua carreira.

Uma Indicação ao oscar 2024
Melhor Canção – “It Never Went Away”
Fonte: Netflix

A vida é uma incógnita inesperada, capaz de mudar em um piscar de olhos quando estamos diante de grandes mudanças, algumas dentro do nosso controle e outras não. É partindo desta premissa que narrativas se formam, histórias são contadas e a força extraordinária de pessoas comuns são descobertas.

É partindo desta análise que venho falar do belíssimo documentário da Netflix, “Jon Batiste: American Symphony” (2023), obra que mostra um momento de grande importância na vida do múltiplo ganhador do Grammy incluindo álbum do ano Jonathan Michael Batiste, que precisa compor uma sinfonia enquanto sua esposa, a escritora Suleika Jaouad, passa por um delicado e exaustivo tratamento de câncer.

O documentário dirigido por Matthew Heineman (Afeganistão: A Retirada) e produzido pelo casal Barack e Michelle Obama (Rustin), é um retrato sensível e humano da vida de um artista que ama o que faz, ao mesmo tempo que se encontra com a carreira em ascensão, seu lado humano está a flor da pele ao dar todo apoio possível a esposa em um momento delicado.

Não existe um caminho fácil para este longa, que é dirigido de uma forma bastante intimista onde entramos no mundo de Batiste e acompanhamos sua rotina diária desde o momento em que é indicado a onze prêmios Grammys até sua apresentação no famoso Carnigie Hall. É desta forma que Heineman mostra o homem por trás do artista e o artista por trás do homem, numa história que é desenvolvida cuidadosamente e preenchida com breve flashbacks documentais da infância desse talentoso compositor.

Fonte: Netflix

O documentário tenta criar uma atmosfera mais natural e orgânica possível, as vezes é possível perceber que Jon e Suleika ficam pouco à vontade sendo filmados, mas a direção de câmera tenta ser a menos invasiva à medida que os acontecimentos vão se desenvolvendo, desta forma o diretor consegue capturar momentos de pura ternura e cumplicidade do casal, destaque para a cena do casamento, simples, mas encantadora.

Toda a perseverança que Suleika demonstra durante as fases do tratamento, ajuda a dar uma dramaticidade que afeta também Batiste durante seu processo criativo, desta forma o documentário entra numa jornada emocional que revela sentimentos de empatia e insegurança, ao mesmo tempo que o casal precisa tentar seguir em frente em meio a tantos percalços.

A narrativa é bastante eficiente na forma como mistura o processo de criação da sinfonia de Jon, que se inspira não só na sua esposa, mas nos seus pais, nas suas origens afro de Nova Orleans e também nos artistas negros consagrados de outrora para se tornar um dos artistas pretos mais talentosos de sua geração. O documentário mostra que o compositor é bastante altruísta com uma aura bastante positiva, isso fica muito evidente na forma como se comporta durante seus momentos tocando no programa “The Late Show” de Stephen Colbert e também durante maravilhosa apresentação no Grammy, com a performance eletrizante de “Freedom”.

O longa possui uma primeira metade bastante cativante e uma segunda metade bastante triste, afinal quem já teve alguém da família ou amigo que já passou por tratamento de câncer, sabe como a doença é devastadora, sendo ainda mais doloroso o tratamento em busca da remissão, isto afeta não só o paciente, mas todos a sua volta, levando a uma tensão constante, algo que o documentário consegue transmitir de uma forma bastante direta.

Porém “Jon Batiste: American Symphony” é também sobre persistência, a força de uma mulher enfrentando de frente as dores de um tratamento, enquanto em paralelo temos um artista que tenta manter a sanidade enquanto tenta ser a âncora que sustenta o casal dando todo apoio possível. A narrativa editada consegue equilibrar bem como Batiste sofre com ansiedade de cumprir seu trabalho para entregar a sintonia no prazo determinado, enquanto tenta estar presente como marido dando apoio a esposa.

O interessante é como o documentário explora que a fama poderia ser algo que deixaria Batiste deslumbrado, mas o artista parece ter os pés no chão sabendo priorizar aquilo que mais importa, o amor pela companheira e o amor pela música. É assim que a história nos encanta, mostrando que a arte é também o caminho para viver e também o caminho para se eternizar, é isto que faz Jon e Suleika, pessoas fascinantes de acompanhar.

Fonte: Netflix

De uma forma geral, “Jon Batiste: American Symphony” é um lindo documentário, dizer mais não faria jus ao que está sendo mostrado na tela, com uma produção caprichada, trilha sonora marcante, fotografia que intercala o cinematográfico com o estilo caseiro, conseguindo nos arrebatar não só mostrando o grande artista que Jon Batiste é, mas também o quão inspirador o mesmo pode ser, assim como sua esposa. A sequência final no Carnegie Hall é belíssima e mostra que música clássica partindo de várias vertentes dentro do gênero se torna mágico, inspira e liberta, mostrando que artista são muitos, mas gênios como Batiste, existem poucos, então é importante apreciá-los.

Feliz ano novo HNers, desejo toda felicidade a vocês e tudo de bom neste novo ano que se inicia. Este texto é a mostra que é preciso viver o presente e valorizar os pequenos momentos de felicidade, desta forma que 2024 seja repleto destas oportunidades. Grande abraço!!!

Veja o trailer logo abaixo e comente se já conferiu o documentário.

Deixe um comentário