“Lupin” – Parte 3 – Crítica

Omar Sy retorna na pele de Assane Diop em uma temporada dinâmica, cheia de ótimas reviravoltas do começo ao fim e a certeza de que “Lupin” é uma das melhores séries da atualidade com facilidade.

Fonte: Netflix

Em meados de 2021, quando o seriado “Lupin” estreou sua Parte 1, ficamos diante de uma série inesperadamente boa, moderna que apresentava uma história envolvente, personagens interessantes e uma construção bastante eficiente se apoiando no carisma e presença de tela de Omar Sy (Os Opostos Sempre Se Atraem) no papel de Assane Diop, personagem que se inspirava nos livros de Arsène Lupin para aplicar golpes e roubar joias valiosas sempre conseguindo escapar da polícia no processo.

Quando a Parte 2 estreou ainda em 2021, precisamente em junho, vimos que a série da Netflix manteve o que tinha dado certo e focou em finalizar o arco de vingança de Assane que finalmente conseguiu através de uma estratégia genial derrubar seu maior inimigo Hubert Pellegrini (Hervé Pierre) vingando assim seu pai. A temporada termina com Diop em fuga deixando Claire (Ludivine Sagnier) e seu filho Raoul (Etan Simon) para atrás com a polícia em seu encalço no que prometia ser um final cheio de possibilidades e incógnitas.

A série criada por George Kay (Sequestro no Ar) retornou no último dia 5 de outubro para sua Parte 3 de uma forma alucinante, mostrando que “Lupin” não perdeu nada do seu fôlego conseguindo entregar uma temporada dinâmica, bem desenvolvida que fica ainda melhor agora com sete episódios ao invés dos tradicionais cinco.

Fonte: Netflix

Desta vez, após um tempo ausente e ainda procurado pela polícia, Assane Diop tenta armar um grande plano para roubar uma pérola negra rara com ajuda de seu fiel amigo Benjamin Ferel (Antoine Gouy) para dar um desfecho a sua história como ladrão e assim finalmente ficar com a família sem preocupações. O mais legal é que Kay e seus roteiristas sabem trazer um ar de novidade para série mesmo que se apoie em alguns clichês do gênero.

Os episódios “Capítulo 11” (3×01) e “Capítulo 12” (3×02) começam de uma forma acelerada focado no grande plano de Assane terminando num excelente gancho no primeiro episódio e uma inteligente reviravolta no segundo conseguindo dar um pontapé inicial que alimentaria todo o resto da temporada fazendo o protagonista testar seus limites.

Sem entrar muito em spoilers, o retorno de personagens do passado de Assane e o surgimento da mãe do ladrão mais famoso da França ajudam a potencializar uma narrativa que só fica melhor. É claro que temos também a chegada de novos personagens com destaque especial para a jornalista Fleur Bélanger (Martha Canga Antonio) que aparece no “Capítulo 13” (3×03), servindo de peça fundamental para ajudar os policiais Youssef Guédira (Soufiane Guerrab) e Sofia Belkacem (Shirine Boutella) a pegarem Diop.

Fonte: Netflix

Outro ponto interessante, é a introdução de novos personagens nos flashbacks de 1998, ano do mundial na França (prepare-se para boas referências inclusive a final com Brasil) e também o ano em que o jovem Jeune Assane (Mamadou Haidara) conhece Bruno e Anna, dois amigos de infância que acabam por apresenta-lo a Jean-Luc Keller (Salif Cissé), dono de uma academia de boxe para jovens desafortunados que veem no esporte uma saída para suas respectivas vidas acabando por chamar a atenção do jovem Assane que passa a frequentar o local.

É desta forma que “Lupin” ganha seu público, reestruturando sua história, desenvolvendo seus personagens no passado e aperfeiçoando a trama no presente fazendo os episódios “Capítulo 14” (3×04) e “Capítulo 15” (3×05) se tornarem alucinantes, sempre colocando Assane a frente de seus inimigos até revelar que um adversário misterioso vai colocá-lo com os nervos à flor da pele numa corrida contra o tempo para salvar alguém que ele ama. A trama não é nova, mas não subestima o telespectador, conseguindo ser inteligente sem ser pretensioso, além de sempre entregar ganchos fantásticos sendo impossível parar de assistir.

O fato é que mesmo a série bebendo de muitos clichês e apresentando alguns furos aqui e ali, as vezes até abusando de sua própria verossimilhança em determinadas cenas, isto não abala o charme de uma história deliciosa de acompanhar e que neste ponto é impossível não se importar com os personagens. E isto só fica mais evidente com Omar Sy entregando outra atuação consistente, carismática e pontual, servindo como um ladrão de mil disfarces e agora bastante conhecido em toda França transformando Assane Diop num fenômeno cultural. É bom destacar também as atuações sempre boas de Antoine Gouy (Uma Família de Dois), Ludivine Sagnier (Peter Pan) e Soufiane Guerrab (B13-U), além do jovem Mamadou Haidara no papel do jovem Assane.

Fonte: Netflix

A verdade é que a terceira temporada de “Lupin” é acima de tudo uma aventura honesta, bem dirigida, com uma fotografia linda acentuando a beleza da capital francesa, trilha sonora fluída com ação dosada que só fica melhor episódio após episódio. A primeira metade funciona como um retorno triunfal do personagem e a segunda metade é a série seguindo por caminhos seguros, porém se arriscando com dose homeopáticas conseguindo trazer ação, viradas espetaculares e a revelação de um inimigo que ninguém espera gerando excelentes episódios como “Capítulo 16” (3×06) e “Capítulo 17” (3×07), este último inclusive consolida a reta final como uma das melhores da série até então.

No geral, se você ainda tem dúvida se “Lupin” vale ou não apena, a terceira temporada trata de responder esta pergunta, apresentando talvez o melhor ano do personagem até então com um “Capítulo 17” (3×07) espetacular unindo com maestria ação no passado e no presente apontando um excelente gancho que deixa brecha para mais aventuras e a certeza de que o entretenimento é garantindo mesmo que fique uma certa sensação de deja vu em alguns momentos. Com uma atuação sempre impecável de Omar Sy, a série francesa da Netflix é um dos grandes acertos dos últimos anos que retorna mais charmosa, bem humorada, envolvente e brilhante como nunca, entregando tudo aquilo que se espera de uma série escapista, mas com qualidade de um bom drama atual.

Gostou? Veja o trailer. Se já assistiu a temporada, diga o que achou.

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