_{Maior, mais engraçada e com um elenco mais afinado do que nunca, a comédia sensação da tv aberta dos EUA retorna com uma temporada ainda mais inteligente e consolidada como um dos melhores produtos do gênero no momento.}

É maravilhoso quando uma série aclamada consegue corresponder as expectativas após uma primeira temporada ótima, conseguindo entregar uma segunda temporada ainda melhor e consolidando seu formato de uma maneira ainda mais bacana conseguindo fidelizar o público e ainda aumentando sua popularidade num gênero que atualmente é difícil de agradar e muitas vezes precisa apelar muito para o drama perdendo a essência do que é um gênero feito para fazer as pessoas rirem.

Não foi à toa que falei tudo isso, porque a segunda temporada de “Abbott Elementary” do canal ABC dos EUA que é transmitido também no streaming Hulu por lá e no Star Plus no restante do mundo incluindo no Brasil, conseguiu o feito enorme de não só conseguir consolidar um formato, mas se firmar como uma das melhores, senão a melhor série de comédia da atualidade entregando entretenimento de primeira.

O seriado criado pela talentosa Quinta Brunson que também estrela como a professora Janine Teagues, é um achado, ao misturar o estilo documentário explorando o cotidiano dos professores de uma escola pública dos EUA situado na periferia, onde vemos suas dificuldades e desafios em dar uma boa educação para crianças do primário, mas tudo com muito bom humor e irreverência tornando a série uma das mais engraçadas do momento.

Depois de um primeiro ano excelente aclamado tanto pela crítica quanto pelo público com um aumento da audiência, a premiada série vencedora de três Emmys em 2022, retorna para seu segundo ano cercada de expectativas e com a missão de provar que não é uma produção de uma nota só. É assim que o seriado estreia sua segunda temporada, mantendo tudo aquilo que deu certo e focando naquilo que a torna diferente dos outros seriados do gênero, seu premiado e talentoso elenco.

A boa notícia é que “Abbott Elementary” retorna muito bem, entregando logo de cara nos dois primeiros episódios “Development Day” (2×01) e “Wrong Delivery” (2×02) boas confusões e situações engraçadíssimas, além de lidar com o fato de que Janine (Brunson) agora está solteira, Gregory (Tyler James Williams) terminou o namoro com a filha de Barb (Sheryl Lee Ralph) e o restante dos professores estão retornando junto com a diretora maluca Ava Coleman (Janelle James) para mais um ano na escola “Abbott”.

O bom de uma série que esta no seu segundo ano, é poder se arriscar, tanto em novas histórias, como no desenvolvimento do seu elenco regular, que aqui ganha um espaço bem vindo durante uma temporada longa de 22 episódios, a começar por Melissa Schemmenti (Lisa Ann Walter) que tem um arco interessante no começo da temporada entre os episódios “Story Samurai” (2×03) e “Juice” (2×05), é assim que o roteiro consegue aprofundar não só a personagem que tem a presença da irmã nesta temporada, mas também um novo desafio ao cuidar de duas classes simultaneamente.

Este ponto é um dos momentos positivos de uma temporada que não só explora drama, mas também usa esses pontos para criar situações que também gerem momentos cômicos que são bem dosados a cada episódio, mostrando que é importante equilibrar não só as inserções e piadas, mas entrega-las de uma forma que não torne a narrativa exaustiva, desta forma conseguimos episódios excelentes que geram boas risadas como no episódio de Halloween “Candy Zombies” (2×06), no hilário “Egg Drop” (2×08) e no sem noção “Sick Day” (2×09), este último um prato cheio para a ótima Janelle James entregar um de suas melhores performances cômicas, quando Ava precisa assumir a classe de Janine que está doente em casa.

A série também continua explorando através de boas críticas sociais a dificuldade das escolas públicas em conseguir materiais, financiamentos para tecnologias novas, bem como viagens escolares e uma simples premiação para professores, tudo isso exemplificado em episódios como “Attack Ad” (2×07), “Read-a-Thon” (2×11), “Fight” (2×12) e “Fundraiser” (2×13) que entregam também a ameaça ao sistema de educação que tentam acabar com modelos ensino como as da escola “Abbott”.

Talvez minha maior preocupação, seja a questão da quantidade de episódios, na primeira temporada “Abbott Elementary”, treze episódios foram ideais para desenvolver tudo aquilo que o seriado precisava, porém agora com mais de vinte episódios, a série sente um pouco essa extensão, gerando episódios menos engraçados como “Principal’s Office” (2×04) e “Mural Arts” (2×17), passando a impressão de que a temporada poderia ser mais condensada, felizmente no geral não diminui a qualidade da série.

Tirando essa ressalva, não tem muito do que reclamar da narrativa, que aqui se torna cada vez mais afiada sabendo explorar a características de cada professor, usando a personalidade dos mesmos para elevar episódios que acabam marcando porque personagens como Gregory, Jacob (Chris Perfetti) e Barbara rendem muito, como âncoras cômicas e dramáticas, os dois primeiros cada vez mais a vontade com formato documentário, olhando prá tela nos momentos certos gerando risadas espontâneas de quem assiste, enquanto a última entrega uma carga dramática bem vinda, exemplificado no episódio “Fire” (2×15), que traz o assunto sobre saúde mental para dentro da série.

Os grandes destaques do elenco continuam sendo Quinta Brunson que ainda é a espinhal dorsal da série, com carisma, doçura e inocência, atriz/showrunner é a cola que une todo elenco, nesta temporada ganha mais independência e atitudes admiráveis, destaque vai para o episódio “Mom” (2×21) com a participação de Taraji P. Henson (Empire) como mãe de sua personagem. Enquanto isto, Janelle James continua ser o maior destaque cômico disparado, talvez seja a personagem com as linhas de diálogos mais inspiradas do roteiro, por outro lado os atores Chris Perfetti e Tyler James Williams estão ótimos e na medida, inclusive Williams tem a vantagem de ter um arco romântico de Gregory com Janine, que é conduzido durante toda a temporada gerando esperados avanços para o casal como no ótimo episódio “Teacher Conference” (2×16).

A atriz Sheryl Lee Ralph continua entregando muito como a “mãozona” do grupo Barbara, depois de levar um Emmy pelo papel, mais uma vez consegue entregar uma performance nada mais do que excelente nesta temporada, que provavelmente será lembrada novamente no período das premiações. Lisa Ann Walter também entrega uma carga dramática bem vinda nesta temporada e o ator William Stanford Davis continua sendo o coadjuvante de luxo mais engraçado da série no papel do zelador Mr. Johnson.

Com uma base tão forte através de seu elenco, “Abbott Elementary” consegue se aproveitar das datas comemorativas e das viagens escolares tanto dos alunos quanto dos professores para entregar os episódios mais divertidos e também os que mais entretém, destaque para os episódios “Holiday Hookah” (2×10), “Valentine’s Day” (2×14), “Festival” (2×19) e no final da temporada “Franklin Institute” (2×22).

De uma forma geral, “Abbott Elementary” não só consolida como uma das séries de comédias mais engraçadas da atualidade e uma das melhores do ano, com desenvolvimento impecável e um elenco talentoso que só fica melhor a cada episódio, temos aqui um seriado que não só entrega tudo aquilo que promete, mas também diverte e entretém o tempo todo. O melhor de ter uma comédia engraçada, é o fato dela ganhar uma carga dramática que não só valoriza o ensino público, mas também valoriza o trabalho dos professores como peças chaves para um sistema de ensino bem sucedido, com episódios lindos e memoráveis como “Teacher Appreciation” (2×18) e “Educator of the Year” (2×20), mostrando o quão importante a função do mestre no ensino e quanto este trabalho é complexo, o seriado ainda nos ensina boas lições de uma forma irreverente se tornando umas produções mais memoráveis e conscientes da atualidade.

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