“Entergalactic” – Crítica

Único, envolvente, uma experiência sonora incrível e simplesmente arrebatador. Este novo especial de animação da Netflix com cara de longa metragem oferece uma experiência incrível ao telespectador e um belíssimo romance.

Fonte: Netflix

Animações são criações maravilhosas capazes de nos levar para lugares inimagináveis, universos incríveis e contar histórias simples de maneira fantástica servindo ao público momentos primorosos. Este ano fomos agraciados com várias incluindo o belíssimo “A Fera do Mar”, o setor de animação da Netflix está numa boa leva de longas nesta faixa com várias a caminho neste mês e nos próximos.

Dito isto, eis que a locadora vermelha nos apresentou no dia 29 de setembro uma belíssima animação chamada “Entergalactic” (tradução para “Entergaláctico”), que nesta crítica será tratada como longa metragem e não como especial, a obra conta a história de Jabari (Kid Cudi), um jovem artista que se vê no meio dilemas mundanos onde tenta equilibrar amor e sucesso ao se mudar para o apartamento dos sonhos em Nova York e se apaixonar pela nova vizinha.

A produção se apoia em uma narrativa leve, mas que usa todo um conceito de animação com traços expressivos, trilha sonora marcante e uma fotografia visual de encher os olhos para tecer a história de Jabari criando todo um estilo urbano voltado para o guetto predominantemente negro que traz uma aura autentica que casa com um cenário de Nova York que funciona como a terra das oportunidades e sonhos.

Fonte: Netflix

Esta produção criada pelo rapper Scott Mescudi mais conhecido como Kid Cudi, tem o roteiro do próprio Cudi, Kenya Barris (Black-ish) e Ian Edelman (Como Vencer na América) que abre um leque de possibilidades visuais e sonora onde o expectador entra numa jornada impossível de largar, devido a forte impacto que animação causa no momento que se inicia misturando um aspecto mais abstrato e espiritualista de personagens que parecem se entregar a emoções intensas.

O mais interessante de “Entergalactic” é ser algo único que você acaba se interessando pelos personagens e as figuras peculiares que vão se apresentando numa história que tem drama leve, mas na verdade se revela um romance com toques de musical avassalador que vai se intensificando à medida que vamos avançando e começamos a ver Jabari se apaixonar aos poucos pela linda Meadow (Jessica Williams).

É bacana como a narrativa tem um aspecto moderno e meio futurista com um visual que impressiona, seja na forma como enxergamos a cidade de Nova York, seus bares, apartamentos, cafeterias, galerias, tudo muito bem desenhado apresentando uma complexidade de cores seja na concepção do estilo, seja forma como a transição entre aquela realidade e a viagem mental dos personagens se dá, deixando tudo ainda mais colorido e impactante.

Fonte: Netflix

E este não é apenas o melhor aspecto técnico da animação, a trilha sonora composta por músicas originais criadas pelo próprio Kid Cudi, misturando hip hop, pop moderno, rap e música eletrônica, tudo inserido de uma forma muito eficiente pelo diretor novato Fletcher Moules que consegue belas tomadas principalmente quando Jabari e seus amigos estão andando de bicicleta pelos parques e ruas da metrópole.

Isso tudo muito bem editado num filme que é dividido em capítulos e transições elegantes que conseguem captar emoções genuínas servindo de complemento para os outros aspectos técnicos mencionados anteriormente. E a narrativa não para por ai, afinal temos um elenco de vozes impressionante que ajudam a dar vida e emoção a personagens apaixonantes, só para citar alguns nomes, temos o próprio Kid Cudi como Jabari, Jessica Williams (Animais Fantástico: O Segredo de Dumbledore) como Meadow, além de Timothée Chalamet (Duna), Keith David (Não, Não Olhe!), o rapper Ty Dolla Sign, Vanessa Hudgens (Tick, tick, boom), Jaden Smith (Depois da Terra), Laura Harrier (Homem Aranha De Volta ao Lar), Luis Guzmán, Christopher Abbott e Macaulay Culkin(Esqueceram de Mim).

Com tantos adjetivos, “Entergalactic” tem um ritmo linear que não cansa quem assiste, conseguindo criar pequenos arcos que duram brevemente e estão ligados ao todo, mas nos deixa acalentados com tamanha qualidade de um micro universo urbano convidativo e cheio de vida. E se em termos de história a animação é previsível, é pelo conjunto da obra que a mesma se torna algo memorável que vale a pena assistir e apreciar, sem falar que estamos aqui diante de um dos romances mais lindos visto em tela, cheio de olhares, pele, desejo e amor.

Fonte: Netflix

No geral, esta obra prima é simplesmente um deleite visual e narrativo, com uma trilha sonora acachapante que cria toda uma vibe em torno de Jabari e suas peripécias urbanas, o filme que tem um tom mais adulto com diversas cenas com consumo de drogas e cenas de sexo (aviso para não deixar crianças pequenas assistirem) que ajudam a elevar a narrativa a uma viagem psicodélica ainda traz reflexões sobre aproveitar o momento, viver a vida e não deixar grandes paixões se perderem de vista. Com uma presença de artistas negros conhecidos e um protagonismo negro carismático, esta obra animada é com certeza uma das maiores surpresas do ano até agora.

Gostou? Veja o trailer e comente se já assistiu este filme.

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