O fim de uma era. O último filme da trilogia Jurassic World iniciada em 2015 chega ao fim com promessa de dar um desfecho a saga Jurassic Park quase 30 anos depois de seu início.

Grandes sagas não são novidades no cinema, grandes franquias que iniciam e acabam também são comuns, não só para determinar o fim de uma era, mas um fim de um ciclo. Quando Jurassic Park 3 dirigido por Joe Johnston (Rocketeer) chegou ao fim em 2001, deixou um gostinho meio amargo ao trazer Alan Grant (Sam Neill) e brevemente Ellie Sattler (Laura Dern) para uma história isolada, com alguma tensão, mas sem um desfecho definitivo para saga iniciada por Spielberg em 1993, deixando brechas para uma continuação.
Corta para 2015, quando Colin Trevorrow tomou as rédeas da franquia trazendo uma espécie de reboot/sequência para esta saga com nome de “Jurassic World” ou “Mundo dos Dinossauros” sendo protagonizado por Chris Pratt (Guardiões da Galáxia) e Bryce Dallas Howard (Histórias Cruzadas) conseguindo trazer a nostalgia e o frescor do primeiro filme fazendo o longa explodir nas bilheterias faturando incríveis 1,671 bilhão de dólares se tornando o filme mais lucrativo da saga (sem ajuste da inflação é claro).
Após sete anos esta nova saga da Universal Pictures chega ao fim com a estreia nos cinemas de “Jurassic World Domínio” (Jurassic World: Dominion, 2022), que não só é uma sequência dos eventos de “Jurassic World: Reino Ameaçado” de 2018, mas também sequência do subestimado “Jurassic Park 3”, ao trazer novamente o trio que iniciou tudo, Alan, Ellie e Ian Malcom (Jeff Goldblum) para fechar lacunas e dar um fim mais concreto para uma das franquias mais amadas da história do cinema.

Ao focar na nostalgia e unir personagens favoritos dos fãs num mesmo universo, “Jurassic World: Domínio” criou uma expectativa muito grande em torno do que esperar da narrativa que seria desenvolvida aqui. A história segue o interessante gancho deixado em “Reino Ameaçado” com dinossauros soltos no mundo prometendo um debate ético se humanos e dinos poderiam coexistir num mesmo ambiente mesmo que não sejam feitos para isto.
O roteiro escrito por Emily Carmichael (Círculo de Fogo: A Revolta) e pelo próprio Colin Trevorrow tenta mostrar um mundo totalmente diferente com dinossauros cada vez mais soltos na natureza e trazendo um perigo constante para os humanos no planeta. A narrativa se divide aqui em dois arcos narrativos, o primeiro segue Claire (Bryce) e Owen (Pratt) isolados nas montanhas de Nevada na tentativa de proteger o velociraptor Blue e a pequena Maisie Lockwood (Isabella Semon) dos predadores que tentam captura-los a qualquer custo.
O segundo arco acompanha Ellie Sattler que se junta a Alan Grant na tentativa de descobrir se a famosa empresa de biotecnologia Biosyn esta por traz de uma mutação genética em gafanhotos que pode levar a destruição de lavouras mundo a fora ao se espalharem como praga pelos EUA. O que você precisa entender sobre “Jurassic World: Domínio” é que o longa não tem intenção de abrir muitos debates científicos e éticos sobre as diversas questões que levantam em relação a genética, clonagem e os dinossauros soltos na natureza, ao invés disso o roteiro prefere o caminho mais seguro e concentra sua história colocando Biosyn como a vilão central da história.

Ao abdicar de algo mais ousado, o longa se torna um blockbuster que não inova, ou traz nada de muito novo. Veja bem, tudo aquilo que você espera do filme está lá, dinossauros perigosos, dinossauros fofinhos, reencontro nostálgicos para os fãs de Jurassic Park, a continuação dos eventos com os personagens de Jurassic World, perseguições frenéticas e um final que se não é um primor, mas ao menos é satisfatório.
Talvez o maior problema deste novo longa, seja no humor pouco encaixado e fora de hora, além de um ciclo que soa repetitivo em alguns momentos. O primeiro ato do longa estabelece muito bem o mundo dos dinossauros que Owen, Claire e os outros personagens estão vivendo, para depois se tornar um thriller de perseguição e busca contra o tempo quando dois personagens importantes são sequestrados.
O sub arco com Ellie e Alan serve como uma bem vinda continuação dos eventos de Jurassic Park 3 e ainda traz o retorno de Ian Malcolm. Essas duas narrativas obviamente se convergem para colidir em algum momento e o filme até que trabalha bem isso. Como toda trilogia, temos o retorno breve de personagens conhecidos como Franklin Webb (Justice Smith), Zia Rodriguez (Daniella Pineda), além de Barry Sembène (Omar Sy) e o Dr Henry Wu (BD Wong) para ajudar nossos protagonistas e mostrar que fizeram parte deste universo.

A adição de novos personagens é sempre bem-vinda, ainda que sirvam apenas de escada para os principais, alguns deles se destacam como o ator Mamoudou Athie (Arquivo 81) no papel de Ramsay Cole, além de Campbell Scott (O Espetacular Homem Aranha 2) como ridículo e vilanesco Lewis Dodgson, dono da Biosyn. Temos ainda Dichen Lachman (Agents of SHIELD) e a bela DeWanda Wise (Vingança & Castigo) no papel da astuta Kayla Watts.
A verdade é que “Jurassic World: Domínio” só deve agradar aqueles que amam dinossauros e adoram este universo criado, mas deve deixar os mais exigentes indiferentes as diversas situações que desenrolam no filme. A narrativa não tem grandes reviravoltas e até mesmos alguns momentos que podiam soar memoráveis, parecem apenas entregue de forma gratuita pelo puro intuito de resgatar a nostalgia, isso vale para uso do trio original em diversos momentos clichês e pouco inspirados.
Ainda que tenha falhas, o filme ainda é um blockbuster de 200 milhões de dólares que soa como uma grande produção, com uma gama bastante grande dinossauros conhecidos e novos dinos que devem agradar bastante a massa, inclusive os melhores momentos do filme envolvem exatamente as cenas de ação e suspense que os predadores trazem ao cruzar o caminho de Owen, Claire e Kayla, destaque vai para sequência espetacular nas ruas de Malta na Itália e nas sequências em torno da floresta sede da Biosyn.

Em termos de produção, a saga continua sendo incrível, os efeitos visuais são ótimos, a fotografia pomposa e que enfatiza uma aura mais global para este filme tornam tudo ainda mais lindo de assistir, os efeitos sonoros dos dinos continua no seu melhor e a trilha de Michael Giacchino apesar de alguns momentos soar cansada, ainda traz aquela nostalgia gostosa que só a franquia Jurassic Park pode proporcionar. A direção de Trevorrow não é das melhores neste longa principalmente devido ao roteiro pouco criativo, mas ao menos ele entrega nas sequências de ação de tirar fôlego e regada a muito suspense.
De uma forma geral, “Jurassic World: Domínio” é um bom filme, longe de ser um espetáculo, ao menos continua sendo aquele entretenimento que a gente conhece e gosta. Se você ama este universo, será um prato cheio como sempre, se espera um pouco mais, talvez se decepcione com o resultado meio requentado, mas no final das contas tudo se resume aos dinossauros e neste quesito o filme dirigido por Colin Trevorrow entrega aos montes conseguindo dar um fim que se não é definitivo, ao menos soa como um final mais redondo não só para os protagonistas atuais, mas para o trio original também, conseguindo desta forma fechar duas sagas de uma vez só, até Hollywood inventar outro reboot ou sequência, mas por enquanto, aproveitamos o fim de mais um ciclo jurássico.

Elo Preto
Personagem: Kayla Watts
Atriz: DeWanda Wise
Idade: 38 anos
O destaque da coluna elo preto desta semana é a atriz norte americana nascida em Maryland nos EUA, DeWanda Wise. A atriz que se destaca no papel de Kayla Watts, uma pilota de aeronaves que cruza o caminho de Owen e Claire e os ajuda em uma missão de resgaste. A personagem é destemida, não leva desaforo para casa e apesar de ser uma ótima piloto, ainda tira tempo para enfrentar alguns dinossauros que aparecem em seu caminho. A atriz traz uma personalidade forte para esta personagem mostrando que tem presença para este tipo de ação. Wise ficou conhecida pela série “Ela Quer Tudo” produzida por Spike Lee, além dos longas como “Paternidade” protagonizado por Kevin Hart e o western de ação “Vingança e Castigo”, ela será vista em breve em “Marked Man” do diretor Andrew Dosunmu.
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Curiosidade: O marketing de Jurassic World Domínio começou faz um tempo, a primeira ligação foi o curta "Battle At Big Rock" e a segunda ligação foi o desenho animado da Netflix "Acampamento Jurássico" que esta com quatro temporadas disponíveis e deve estrear a quinta e última ainda este ano.

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