Divertida, criativa e maior, esta quarta temporada da série jurássica tem ótimos momentos, mas peca por ter menos dinossauros do que o normal, mais robôs e menos respiros.

Depois de assistirmos a um terceiro ano eletrizante em meados de maio deste ano, eis que chegamos na quarta temporada de “Jurassic World: Acampamento Jurássico” (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020) como um presente de natal respeitável que chega na Netflix carregada de muitos perigos, reviravoltas, uma trama criativa, porém bizarra que traz um desafio grande para Darius e seus amigos.
A série ganhou novos episódios, um total de onze, maior do que o habitual, mesmo assim continuando com a mesma adrenalina das temporadas anteriores e introduzindo novas ameaças, perigos e uma carga emocional para esse grupo que já passou por poucas e boas, mas que aqui precisam encarar algo novo muito mais tecnológico e inteligente ao caírem numa ilha no meio do nada, com uma cientista misteriosa, um vilão cruel e implacável trazendo mais mistério em relação a misteriosa corporação Mantah Corp.
Já dizia o ditado, nem sempre maior é melhor, isso se aplica as novas aventuras de Darius e companhia, que por mais que tenha outra leva de episódios bem feito, acaba apresentando um certo desgaste nítido apesar de notarmos um esforço dos roteiristas para trazer novas histórias e uma bem vinda expansão da narrativa. Esta nova empreitada começa onde a narrativa parou na temporada anterior com Darius, Kenji, Brooklyn, Ben, Yasmina e Sammy deixando a Ilha Nublar rumo ao desconhecido em uma embarcação que seria finalmente a solução para voltarem para casa.

O episódio que começa a temporada “Sob a Superfície” (4×01) mostra para o grupo de sobreviventes que a volta para casa não seria fácil, esses adolescentes parecem atrair um perigo eminente por onde passam, mesmo em alto mar e por conta de um intruso no barco, as coisas complicam mostrando que a maré de sorte acaba rápido para esses adolescentes que não um mínimo de descanso.
Claramente notasse uma mudança de direção no desenho, o showrunner Zack Stentz (X-Men: Primeira Classe) parece ter menos influência nesta temporada, deixando na mão de seus roteiristas tocarem o barco abusando da criatividade para dar mais fôlego ao desenho. Posso dizer que isso foi benéfico em parte, isso fica muito claro na primeira metade que é mais intensa nos episódios “Ao menos…” (4×02) e “Convencendo a Dra. Turner” (4×03), onde os ganchos e os perigos vão surgindo um atrás do outro, colocando nosso grupo favorito em vários apuros, tudo isso de uma forma esperta por um roteiro nos atiça a querer assistir vários episódios seguidos.
Inclusive no segundo episódio somos apresentados a uma nova ilha, um novo complexo de biomas e sem falar no encontro inusitado com a doutora Mae Turner, famosa cientista de dinos que Darius é bastante fã. A série tem poucos respiros, sempre tendo alguma ameaça à espreita não deixando os campistas experimentarem um descanso por muito tempo, isso por um lado é bom para quem assiste, a temporada parece passar rápido com um ritmo alucinante.

Uma coisa que gostei aqui nesta quarta temporada, é que os desenvolvimentos dos personagens estão mais atentos ao trauma que sofreram na ilha nublar. Afinal são adolescentes que passaram seis meses na companhia de dinossauros carnívoros tentando mata-los o tempo todo, desta forma o roteiro trabalha síndrome do pânico e estresse pós traumático na personagem de Yasmina que acaba afetando todo grupo também.
Talvez uma coisa que não gostei tanto, foi a forma como fizeram finalmente acontecer o romance entre Kenji e Brooklyn, parece um pouco fora de hora, apesar de não forçarem tanto a barra, ficamos vários episódios com trocas de olhares, palavras sendo trocadas de formas desencontradas, apesar de “bonitinho”, não é tão relevante para eles como personagens. Ambos amadurecem quando são trabalhados com outros personagens, no caso de Kenji é bacana vê-lo acertando as diferenças com Darius depois dos conflitos do final da terceira temporada.
Quanto a Brooklyn, achei ótimo a personagem tomar a liderança das ações nesta temporada, ela brilha mesmo no ótimo episódio “Dificuldades Técnicas” (4×08) para ajudar Darius que se encontra em perigo. Assim como nas outras temporadas, todos aqui tem espaço para brilhar e seu momento drama para viver ou passar, Ben, por exemplo, além de sofrer com ausência de Bolota, se vê também na missão de ajudar os amigos a voltarem para casa.

E não é por falta de tentativas, o grupo tenta por vezes sair da tal ilha misteriosa, mas em vão. Esta narrativa inclusive traz a temporada mais tecnológica da série que apesar de manter sempre os dinossauros como foco, eles desta vez acabam dividindo os holofotes com robôs e drones perigosos controlados por um vilão inescrupuloso chamado Kash que vai deixar muita gente com raiva com surgimento de um dos piores antagonistas que a misteriosa Mantah Corp já introduziu na série.
O desenho continua sua evolução visual a contento, todos os episódios tem um visual melhor que o outro, ainda mais com todos os biomas introduzidos na ilha, cenários desérticos, frios e pantanosos dão o tom para série como fica claro nos episódios “Despertar Brusco” (4×04), “O Longo Jogo” (4×05) e no ótimo “Missão Crítica” (4×06), muito bem desenhado, com uma fotografia limpa nos momentos mais contemplativos e suja e detalhista nos momentos mais fechados e íntimos.
A trilha sonora continua dando o tom da série e ouvir o tema clássico nos créditos nunca será cansativo. A narrativa continua conseguindo balancear ação, aventura e drama muito bem e apesar de ter menos conexões com canon de “Jurassic World”, a série mostra que ainda presta muitas atenções nos detalhes, algo que foi introduzido na primeira temporada, ganha desenvolvimento nesta com a personagem de Sammy, mostrando que os roteiristas sabem o que estão fazendo demostrando que nada é deixado de lado na trama.

A verdade é que “Jurassic World: Acampamento Jurássico” é um desenho bom, um entretenimento que mesmo que não esteja no seu melhor, ainda consegue nos deixar satisfeitos, sem falar que a evolução dos personagens é algo bacana de acompanhar, a exemplo de Darius, que nesta temporada está com ainda mais dilemas para lidar, sua faceta como líder do grupo o coloca para decidir entre salvar os dinossauros e salvar seus amigos, sem falar que isto o coloca em perigo constante como podemos ver no episódio “Sobrevivendo” (4×07).
Acredito que a reta final da temporada apesar de parecer urgente, acaba perdendo um pouco de fôlego nos episódios “Babá de Dino” (4×09) e “Tomando o Controle” (4×10), onde vemos a trama se afunilar com o grupo tentando salvar bebês dinossauros e tentando derrubar o vilão Kash. Fica claro que ter mais episódios não fez a série melhor, mas criou uma certa enrolação desnecessária em alguns aspectos que pode deixar os expectadores um pouco impacientes.

No geral “Jurassic World: Acampamento Jurássico” continua se apresentando como uma aventura eletrizante e especial que tem como principal objetivo entreter, ainda que tenha suas partes assustadoras para um desenho infantil, o seriado conseguiu trazer mais novidades (nem todas boas), introduzindo novos perigos e novos personagens, o desenho consegue se manter como uma aventura divertida e um bom passatempo, que apesar de não superar as temporadas anteriores, ainda continua nos fazendo amar dinossauros (sério, a sequência do Espinossauro perseguindo Darius é muito eletrizante), além de nos manter na torcida para os campistas acharem o caminho de casa (o arco paralelo aberto com um personagem conhecido nesta temporada empolga muito), que pelo visto está mais perto do que nunca ao introduzir um gancho inesperado no final da temporada no episódio “Quem é o Chefe?” (4×11) abrindo possibilidades interessantes para o desfecho dessa aventura que ainda tem muito para render.
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