Trazendo um clima mais leve, esse longa de roubo expande o universo construído por Zack Snyder em “Army of the Dead” de uma forma bastante eficiente e sem excessos, tendo bons personagens e uma trama fechadinha.

A construção de universo compartilhado é nada mais do que a expansão em ideias já estabelecidas em larga escala, quando é bem-feita, cria boas expectativas em relação a seus spin offs, prequel e outros derivados. A Marvel é a mais bem sucedida nesta questão, a DC tentou, mas acabou fazendo um remendo, Star Wars entrou na onda e está se saindo muito bem obrigado, ou seja, criar franquias e ramificações não só atrai um público interessado, mas também acaba criando universos ricos a serem explorados.
Digo isso, pois Zack Snyder que estreou seu blockbuster de ação e terror com zumbis “Army of the Dead – Invasão em Las Vegas” conseguindo atrair milhões para assistir ao longa na plataforma de streaming da Netflix, sendo um dos grandes sucessos da locadora vermelha deste ano que ainda nem acabou. Os produtores acreditaram tanto na ideia deste universo que encomendaram antes mesmo do filme protagonizado por Dave Bautista (Guardiões da Galáxia) estrear, dois spin offs, um anime (que deve estrear ano que vem) e um longa em live action, ambos se passando antes do vírus dizimar a cidade de Las Vegas.
O filme “Exército de Ladrões – Invasão da Europa” (Army of Thieves, 2021) estreou cercado de expectativas no último dia 29 de Outubro prometendo outro “heist movie” ou “filme de roubo” diferente do longa de Snyder, focando nesse grupo de ladrões internacionais que tentam roubar bancos em países da Europa na busca de dinheiro e fama. A narrativa é centrada em Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer), destaque em “Army of the Dead”, aqui o personagem ganha sua história de origem mostrando sua paixão em decifrar as combinações dos cofres mais sofisticados e complexos do mundo.

O roteiro escrito por Zack Snyder (Liga da Justiça) e seu parceiro Shay Hatten (Army Of the Dead), consegue situar a história rapidamente em um mundo que ainda não testemunhou o surto de Las Vegas e seu isolamento do resto dos EUA, ao invés disso temos uma trama situada na Europa com Dieter vivendo uma vida pacata esperando sua hora para brilhar como vemos no torneio de decifradores de códigos (sim, isso existe) mostrando que a trama vai focar em uma atmosfera mais leve e bem humorada em meio as belas paisagens europeias.
O que você precisa entender é que “Exército de Ladrões” é um filme que não traz nada de muito novo, ou tenta inventar a roda, na verdade se apoia em velhos clichês do próprio gênero para fazer um longa movimentado que traz um grupo inusitado liderado pela misteriosa Gwendoline (Nathalie Emmanuel) que não só recruta Dieter, mas também a hacker Korina Dominguez (Ruby O. Fee), o brutamontes hétero top Brad Cage (Stuart Martin) e o motorista Rolph (Guz Khan) para roubar três grandes bancos situados em Paris na França, Praga na República Tcheca e St. Moritz na Suíça.
A narrativa mostra de imediato que para Gwen realizar tais façanhas são mais pela adrenalina e ser lembrada como uma grande ladra que nunca foi pega pela Interpol. Para Dieter que aqui tem o nome verdadeiro de Sebastian, entrar para o grupo e roubar esses bancos é apenas um detalhe, o roteiro consegue mostrar muito do porquê o personagem é tão obcecado por abrir cofres quase impenetráveis, este três em especial, são obras do lendário Hans Wagner, conhecido por criar sistemas de seguranças praticamente impossíveis de serem decifrados, tornando-se uma obsessão e desafio para este alemão abri-los e virar uma lenda no ramo.
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Talvez o maior trunfo de “Exército de Ladrões” seja partir de um ponto diferente desse universo, o que faz a direção do próprio Matthias que além de protagonizar, dirige de uma forma bastante dinâmica e com muita personalidade, crucial ao colocar os filtros e excessos de “Army of the Dead” para escanteio e criar um longa mais limpo, com uma fotografia belíssima explorando as grandes cidades europeias e as paisagens montanhosas para criar uma trama que tem uma certa urgência, mas que nunca soa atropelada, conseguindo explorar a dinâmica entre esse grupo de ladrões e criando também um jogo de gato e rato com o tosco detetive Delacroix (Jonathan Cohen) que tenta a todo custo impedir que os roubos ocorram.
As cenas de ação são contidas, mas funcionam em prol da narrativa, a melhor delas é protagonizada por Nathalie Emmanuel (Velozes e Furiosos 9), que mostra se boa de porradaria quando as coisas complicam para personagem dela em um determinado momento do filme. O primeiro ato é bastante fluído, a segunda metade parece cansar um pouco (afinal o filme tem mais de duas horas de duração), mas antes que isso ocorra a história acaba na hora certa e ainda constrói uma ponte eficiente com os eventos do filme do Snyder.
O fato é que “Exército de Ladrões” situa-se num universo cinematográfico, mas poucas vezes sentimos isso, apesar de algumas referências e easter eggs descarados inclusive um relacionado ao bilionário Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), a narrativa funciona com as próprias pernas e apesar de as vezes não conseguir acertar no humor, cria um arco com começo, meio e fim que funciona como um bom passatempo criando personagens interessantes e que podem ser explorados futuramente como é o caso de Korina e Gwen.

O fato é que o filme situa-se num universo cinematográfico, mas poucas vezes sentimos isso, apesar de algumas referências e easter eggs descarados inclusive um relacionado ao bilionário Bly Tanaka (Hiroyuki Sanada), a narrativa funciona com as próprias pernas e apesar de as vezes não conseguir acertar no humor, cria um arco com começo, meio e fim que funciona como um bom passatempo criando personagens interessantes e que podem ser explorados futuramente como é o caso de Korina e Gwen.
No final das contas, “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” é um bom filme do gênero de roubo, cumpre bem o papel de expandir um universo, proporciona um entretenimento decente, com bons personagens que apesar de ter uma trama super batida, consegue trazer momentos divertidos e eletrizantes conseguindo prender a atenção do público, além de consolidar Dieter como um decifrador nerd e inteligente que realmente demonstra amor pelo que faz, o tornando ainda mais memorável e marcante deixando um gostinho amargo pelo seu desfecho em “Army of the Dead”, mas com um personagem tão bom, quem sabe no futuro ele volte de alguma forma, até como zumbi estamos aceitando.

Elo Preto
Personagem: Gwendoline Starr
Atriz: Nathalie Emmanuel
Idade: 32 anos
O destaque da coluna de hoje vai para a atriz britânica Nathalie Emmanuel, sua Gwen é inteligente, gatuna e cresceu dando golpes fazendo a polícia europeia se curvar a sua genialidade, a verdade é que a personagem é muito boa, tem uma boa química com o protagonista Sebastian e é um papel que cai como uma luva para Emmanuel que tira de letra. A atriz ficou conhecida mundialmente pelo papel de Missandei em Game of Thrones, desde então tem participados de blockbusters de projeção como os dois últimos filmes da trilogia Maze Runner, além de três filmes da franquia Velozes & Furiosos, incluindo o que estreou este ano. Nathalie será vista também no filme de terror “The Bride”.
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