Explorando o momento decisivo dos Chicago Bulls no final dos anos 90, este documentário revisita de forma exemplar a história do ícone Michael Jordan e de um dos times mais vencedores da história da NBA.

Não há dúvidas que NBA é o melhor basquete do mundo, não só porque tem os melhores jogadores, a melhor preparação e as melhores competições, mas porque é tudo isso e muito mais. Sinônimo de basquete de qualidade sempre está relacionado a liga norte americana de onde vários ídolos como: Magic Johnson, Shaquille O’Neal, Michael Jordan, Kobe Bryant, Kevin Durand e o rei LeBron James se criaram e foram fenômenos em suas respectivas épocas.
Muito da fama da NBA e da sua popularidade mundial se deve a um dos ícones mais celebrados do basquete, Michael Jordan, juntamente com time em que ele foi mais vitorioso, Chicago Bulls, uma verdadeira máquina que atropelava os adversários na década de 90. Esta época é tão celebrada que virou uma série em forma de documentário co-produzida numa parceria entre ESPN Films e Netflix chamado “Arremesso Final” (The Last Dance, 2020), focada no último título dos Bulls e do Michael Jordan antes dele aposentar.
A minissérie composta por dez episódios, foca na temporada de 1998 e na expectativa da geração mais vitoriosa do Chicago Bulls de conquistar mais um título para somar os cinco já conquistados e se tornar um dos times mais vitoriosos da história da NBA. O documentário explora aquele presente e a pressão em cima de Michael, Dennis Rodman e outros grandes jogadores em encararem uma de suas temporadas mais intensas, ao mesmo tempo que revisita o passado e conta a história do Bulls até chegar a aquele momento.

Esta série dirigida por Jason Hehir, é uma aula de como é fazer um documentário que mais parece uma biografia completa não só do Chicago Bulls, mas do homem que ajudou o time a conquistar vários títulos entre 1991-1998, Michael Jordan. A narrativa sabe que não dá para falar do time sem falar no peso de Jordan em liderar uma geração extremamente talentosa que ainda tinha Dennis Rodman, Scottie Pippen, Steve Kerr dentre outros jogadores extremamente técnicos e com espírito de vencedores.
A narrativa começa focando na primeira partida dos Bulls, enquanto revisita a história de Michael Jordan desde os tempos do colegial, até virar um fenômeno do basquete se tornando uma das estrelas mais populares da década inclusive fazendo o esporte se tornar querido no mundo todo gerando uma máquina de marketing e dinheiro nunca vista na história da NBA até então.
O melhor de “Arremesso Final” é sua capacidade de empolgar o expectador enquanto assiste, é muito bacana ver as imagens daquela época, editadas e filmadas de uma forma intima e brilhante, que aqui se tornam um tesouro nas mãos de Hehir que consegue não só impressionar quando conta a história de um jogador do time, mas faz com que as partidas sejam tão emocionantes ao juntar depoimentos em sequências que trazem o expectador para dentro da narrativa tornando a experiência de qualquer amante de basquetebol desejar ter vivido aquele momento de perto.
A temporada tem bastante material inédito, entrevistas, resgate de cenas inéditas de uma época de ouro, retratando um time que era espetacular quando entrava em quadra, mas também não era livre de seus conflitos internos. O documentário à medida que progride vai mostrando as dificuldades do Chicago Bulls em manter o foco de seus jogadores, que nem sempre se davam bem, inclusive houve diversos conflitos internos, brigas, festas e picuinhas o suficiente para abalar forte até o melhor time da década.

Uma das peculiaridades de “Arremesso Final” é não esconder a figura de Michael Jordan, um cara extremamente competitivo, detalhista, incansável que motivava e se tornava literalmente um touro ao levantar o ânimo dos companheiros antes das partidas, as vezes até exagerava nisto a ponto de me fazer pensar que o cara as vezes fazia um bullying proposital gerando inimizades, mas aqui retratado como algo motivador pelos atletas e dirigentes do clube. Fica claro que o homem era um gênio dentro da quadra, mas tinha um certo estrelismo fora dela, principalmente se alguém pisava no seu calo, e podia ser até um dos donos da franquia, no entanto não há como negar que ele sabia atuar em equipe tanto quanto sabia liderar e isso era um dos pontos chaves para a bem-sucedida geração do Bulls.
Dizer mais sobre o documentário seria estragar as surpresas, mas posso dizer que em termos de produção, a série de episódios é um achado e entrega muito, o ritmo é alucinante durante as partidas, mas desacelera em depoimentos mais emocionantes e tocantes, que são muitos durante a narrativa, mas isso não a torna enfadonha e sim mais completa dando mais peso a todas as conquistas do time e as conquistas pessoais de cada jogador.
De uma forma geral, “Arremesso Final” é um presente, um fenômeno cultural sem precedentes, não só pela qualidade como documentário, mas por conseguir através de filmagens antigas e depoimentos emocionantes construir uma narrativa coerente em dez episódios conseguindo abranger todo o legado do Chicago Bulls passando desde a época que conquistou seu primeiro triplo campeonato em 1991-1993, até conseguir repetir a façanha em 1996-1998, além de mostrar o fenômeno Michael Jordan nos seus momentos mais íntimos e toda a sua trajetória não só para levar o Bulls ao estrelado, mas para cravar seu nome na história do basquete sendo MVP (melhor jogador da temporada) por diversas oportunidades e campeão em outras tantas, poucos ídolos negros conseguiram o alcance global que ele atingiu, e saber que um gênio desses passou pelo planeta é um belo privilégio para qualquer fã de basquete e que este documentário faz questão de mostrar.
Gostou? Assista ao trailer e se já conferiu o documentário, diga prá nós o que achou.

2 comentários sobre ““Arremesso Final” – Minissérie – Análise”