“Star Trek: Discovery” – 1°- 3° Temporadas – Análise

A série que inaugurou a nova era de “Star Trek” na TV tem uma protagonista negra, novos mundos e três temporadas de pura ação, emoção e aventura.

Fonte: EW

Falar sobre a série “Star Trek” é complicado prá mim, nunca fui trekker (nome dado aos fãs de carteirinha da saga), mas sempre tive um respeito pelas histórias e mitologia criadas pelo roteirista e gênio Gene Roddenberry, vi poucos episódios do “Star Trek” original com Kirk, Spock e os tripulantes da famosa Enterprise, vi mais episódios da série seguinte “Star Trek: The Next Generation” com Picard (Patrick Stewart), esta é a que mais tenho guardada da memória afetiva, mas confesso que nunca fui fascinado, não era igual a “Star Wars”, onde ficava viciado pelo universo e suas peculiaridades. Porém isso mudou em 2009, quando J.J. Abrams dirigiu o reboot de “Star Trek” com um elenco jovem e promissor, neste momento, me rendi completamente a este universo.

A partir disso chegamos finalmente ao assunto que interessa, “Star Trek: Discovery”, série criada Bryan Fuller (Hannibal) e Alex Kurtzman (Fringe) em 2017, marcando o retorno do universo “Star Trek” para o formato de série, após a bem sucedida trilogia de filmes de 2009 a 2016 apadrinhada pela produtora Bad Robot. O seriado chegou cheio de expectativas dos fãs, antigos e novos, ainda mais com anúncio de que “Discovery” iria cobrir as famosas guerras binárias que gerou todo um conflito entre a Federação e os Klingons, além de mostrar a saga de Michael Burnham (Sonequa Martin-Green), irmã mais nova e adotiva do Spock.

Ainda que a série cause certo tipo de desconfiança entre os fãs mais antigos de “Star Trek”, devo dizer que “Star Trek: Discovery” é uma das minhas séries sci-fi favoritas da atualidade. Transmitida pelo streaming norte americano CBS All Access nos EUA e globalmente pela Netflix, esta série consegue a proeza de equilibrar o clima mais antigo das séries anteriores deste universo, além do visual e da grandiosidade dos filmes produzidos por J.J. Abrams no cinema, agradando a nova geração de fãs que vieram com a consolidação desses filmes.

Até o presente momento foram três temporadas exibidas, 42 episódios em sua maioria bons, com outros ótimos e alguns nem tanto, mas que realmente traz a saga para um vibe mais atual misturando bastante ficção científica, a descoberta de novos mundos, a presença de personagens memoráveis, a participação de outros ainda mais marcantes que dão um tom especial para essa aventura espacial que só fica melhor a cada temporada.

Fonte: Netflix

Uma coisa que me deixa bem feliz, é ver “Star Trek: Discovery” tendo uma protagonista negra com tanta presença e com tanto potencial de liderar quanto Michael Burnham, a meia irmã de Spock, ela é intensa e desafia seus capitães constantemente sempre pensando no bem estar dos outros em detrimento de si mesma. Uma personagem complexa, inteligente e esperta que a atriz Sonequa Martin-Green (The Walking Dead) conseguiu evoluir bastante ao longo das temporadas, entre qualidades e defeitos, talvez seja uma das personagens mais interessantes que vi na saga, na minha humilde opinião é claro.

Outra personagem memorável é a capitã Phillippa Georgiou (Michelle Yeoh), já foi líder da tripulação da Discovery e tem uma relação de bastante cumplicidade com Michael, a personagem passa por várias transformações durante a série, sem revelar muito, só posso dizer que Yeoh faz aqui um de seus grandes papéis na carreira, ela é cheia de sarcasmos, perigosa e cheia de conflitos internos, ela é um dos achados da série.

A série conta a história da tripulação da U.S.S. Discovery, que além de Michael e Georgiou, ainda tem na sua composição os integrantes: Sylvia Tilly (Mary Wiseman), Paul Stamets (Anthony Rapp), Joann Owosekun (Oyin Oladejo), Keyla Detmer (Emily Coutts), Gen Rhys (Patrick Kwok-Choon), R.A. Bryce (Ronnie Rowe), Linus (David Benjamin), Dr. Hugh Culber (Wilson Cruz), Ash Tyler (Shazad Latif), além claro do Capitão Gabriel Lorca (Jason Isaacs) e do memorável Saru (Doug Jones), de longe um dos personagens alienígenas mais marcantes da série.

A primeira temporada gira muito em torno do conflito da Federação com os Klingons, além das consequências das ações de Michael durante a “Batalha das Estrelas Binárias”, conflito esse que repercute durante boa parte da primeira temporada, aliás, os dois primeiros episódios são maravilhosos, com batalhas intensas, conflitos a flor da pele, mortes e um belo começo para uma série ainda tentando se consolidar. É claro que de um bom desenvolvimento e boas reviravoltas, ainda falta um equilíbrio sobre o tempo de tela de alguns personagens e falta sim mais participação da tripulação da própria Discovery em alguns momentos, mas não há como negar que a série consegue trazer ação, suspense e conflitos espaciais como poucas no gênero, sem falar na introdução de universos paralelos, que dá um toque de ficção científica muito bem-vindo.

Fonte: Netflix

O segundo ano de “Star Trek: Discovery” é ainda mais sólido, ainda que se apoie no antigo canon Trek, a série começa a expandir de tal forma a começar a renunciar a ele e seguir seu próprio caminho, mas não antes de trazer a tripulação da Enterprise para uma participação na série. A entrada do Capitão Pyke (Anson Mount) e posteriormente a presença de Spock (Ethan Peck), dá um novo fôlego para série trazendo novos conflitos e mais viagens espaciais a planetas desconhecidos, habitado por personagens peculiares, tudo isso introduzindo uma trama incrível construída para trazer uma grande reviravolta para série.

O mais legal desta série, é sua capacidade de evoluir tecnicamente e na parte de roteiro a cada temporada, a evolução da segunda temporada é gritante, seja no visual, seja na trilha sonora, o melhor é que ajustaram o problema da pouca participação dos personagens da tripulação da Discovery, dando mais diálogos e explorando até mesmo muitos deles que acabaram por ganhar mais personalidade.

Ainda que isso aconteça, a série continua sendo sobre Michael Burnham (sua busca pelo meio irmão desaparecido e os conflitos com os pais adotivos rendem muitos momentos emocionantes),  mas agora com espaço para outros personagens brilharem, o que é sempre bom. Outro ponto crucial para série se consolidar, foi explorar mais a ciência dentro de sua narrativa, a forma como nave viaja pelo cosmos através da técnica de esporos, além de outros mecanismos que é pura física quântica e engenharia reversa, dão a trama um ar intelectual e rico para suas histórias.

Fonte: Netflix

O terceiro ano começa firmando a série como um dos melhores sci-fi da atualidade, como o segundo ano foi impecável, o terceiro mantém bastante o que foi estabelecido, mas finalmente a série toma um caminho mais independente para si dentro do lore de Star Trek. Toda a construção da terceira temporada, após o divisor de água que foi o final da temporada anterior, é simplesmente de tirar o fôlego, um mundo desconhecido e futurista para ser explorado e finalmente o roteiro começa a construir a personalidade de personagens como Michael, Tilly e Saru para papéis de liderança.

Uma das características deste seriado é se preocupar em entregar visuais deslumbrantes e também evoluir seus personagens, não é à toa que este terceiro ano é um dos meus favoritos, pois a série parece melhor, os atores parecem mais à vontade, a trama desacelera desnecessariamente na metade, porém a reta final com um conflito espacial memorável e talvez um dos melhores desta série, traz a sensação de desfecho e algo novo surgindo, além de muito potencial para ser explorado.

No final das contas, é impossível não se apaixonar por “Star Trek: Discovery”, é claro que a série não é imune a defeitos, mas se você é fã de sci-fi, bons efeitos visuais, ciência, batalhas espaciais bacanas e personagens interessantes, esta aqui é uma boa pedida, de longe uma das melhores ficções cientificas dos últimos anos que possui três temporadas boas de assistir com uma quarta a caminho. A saga de Michael Burnham e sua tripulação vale cada momento, se você já for fã de Trek, ou se quer ter um primeiro contato com esse universo, talvez “Discovery” seja sua porta de entrada para essa mitologia tão rica.

Gostou? Veja o trailer da primeira temporada e se já conferiu as três temporadas, comenta ai o que achou.

5 comentários sobre ““Star Trek: Discovery” – 1°- 3° Temporadas – Análise

Deixe um comentário