“Lupin” – Parte 1 – Crítica

Com cinco episódios envolventes e se apoiando no charme e na presença de Omar Sy, a série francesa “Lupin” da Netflix é uma das primeiras grandes surpresas do ano.

Fonte: Netflix

A maior vantagem da Netflix sobre os outros streamings atualmente, é sua capacidade de fazer seriados e filmes a partir de vários países ao redor do mundo, vários exemplares da popular e bem sucedida série alemã “Dark”, passando pela brasileira “3%” e a série sul africana “Blood & Water” e chegando na atual série japonesa “Alice In Borderland”, o streaming deu jeito de atender vários públicos e nos dar a oportunidade de conhecer produções de outras nacionalidades de uma forma bastante eficaz que nos estimula sair um pouco dessa bolha de produções norte americanas.

Desta forma chegamos ao seriado “Lupin”, trama francesa que conta a história de Assane Diop (Omar Sy) que inspirado pelas aventuras do famoso ladrão Arsène Lupin (cujo livros são bem famosos e populares na França), monta um plano de vingança contra rica família francesa responsável pela morte de seu pai. O interessante desta série é que ela mistura elementos de trama policial, filmes de ladrão e drama de uma forma tão envolvente que é impossível você não se deixar levar pela trama que tem curtíssimo cinco episódios em sua parte 1.

O piloto é o melhor cartão de visita para saber se esta série é de seu gosto ou não, pois aqui no “Capítulo 1” (1×01) começamos a trama acompanhando Assane e suas peripécias por Paris que acaba por revelar um plano ousado de roubar um colar de diamantes durante um leilão no Museu do Louvre. Enquanto vamos aos poucos descobrindo as motivações do personagem, com a trama sendo intercalado por flashbacks, notamos que a história vai além do que apenas um roubo elaborado.

Fonte: Netflix

O criador da série, o roteirista George Kay (Killing Eve) juntamento com sua equipe de roteiristas consegue trazer uma atmosfera charmosa apresentando não só a vida de Assane, mas todo o universo por trás dele, trazendo sua relação com filho Raoul (Etan Simon) e sua ex-esposa Claire (Ludivine Sagnier), amizade de infância com um amigo e poderoso aliado, ao mesmo tempo que vemos alguns elementos sendo plantados aos poucos, sempre mantendo um clima de mistério no ar até os últimos minutos do piloto quando somos pegos por uma reviravolta surpreendente resulta numa cena antológica na entrada do museu.

A série é envolvente exatamente por não subestimar seu público, o quebra cabeça esta lá, você pode montar, mas por algum detalhe, a série sempre acaba te surpreendendo de alguma forma, isso fica muito claro no “Capítulo 2” (1×02) com Assane entrando da forma mais esperta possível em um presídio e saindo da forma mais incrível possível. O bom dessa narrativa é que ela não para um segundo e quando você vê o episódio acabou, ainda mais que a trama estabelece um jogo de gato e rato entre o protagonista e a polícia de uma forma muito boa de assistir, inclusive esse rato aí sempre está um passo à frente e sempre sabe escapar das armadilhas para pegá-lo.

O ritmo da série em três episódios é bem dinâmico e a trama tem poucos respiros sempre trazendo alguma novidade para manter a trama aquecida, como podemos perceber no ótimo “Capítulo 3” (1×03), tudo isso muito bem estabelecido por uma competente direção de Louis Letterier (O Crystal Encantado: A Era da Resistência) que explora bem o passado do protagonista, principalmente sua infância e sua relação com a inescrupulosa família Pellegrini responsável por tudo de ruim que lhe aconteceu quando era mais novo.

A série “Lupin” não seria nada, senão fosse a presença e o charme de Omar Sy (Os Intocáveis), o ator já se mostrou carismáticos em várias produções e mais uma vez se mostra versátil, conseguindo ter presença como o lendário Lupin trazendo inteligência e esperteza para um personagem fictício que se torna real e deixa a polícia comendo poeira, ao mesmo tempo que convence nas partes dramáticas, na sua relação com a ex-esposa e principalmente com filho. Sy é daqueles atores negros que dá gosto de assistir, porque o homem sempre entrega bons personagens e seu Assane é bastante complexo, tem defeitos é verdade, assim como humanidade também, mas talvez sua melhor característica seja o senso de justiça.

Fonte: Netflix

A reta final da série o ritmo cai um pouco é verdade e a trama fica um pouco familiar demais ainda que tenha seus ganchos mais do que eficientes, mas uma das características desta narrativa é sua capacidade de criar personagens bons em pouco tempo de desenvolvimento. No “Capítulo 4” (1×04), temos a presença da jornalista Fabienne Beriot (Anne Benoit) que surge como uma forte aliada para Assane derrubar  o terrível Hubert Pellegrini (Hervé Pierre) que se mostra um vilão frio e calculista capaz de tudo para destruir quem cruza seu caminho.

O último episódio da Parte 1 da série, que chega como um season finale antecipado, temos o cerco fechando para Assane e várias pontas soltas amarradas por um gancho final que deixa um gostinho de quero mais. Estes dois últimos episódios foram dirigidos por Marcela Said (Narcos: México) que consegue conter o ritmo frenético dos primeiros episódios em um arco que prefere focar mais no drama e menos na ação, ainda que tenha boas perseguições nas belas ruas de Paris e consiga deixar quem assiste curioso para o que está por vir, isso foi importante para a história ganhar corpo e se consolidar.

De uma forma geral, “Lupin” vale cada segundo investido nele, seja pela ação inteligente, seja pelas reviravoltas ou seja pela presença de Omar Sy. Poucas séries conseguem surpreender o público com tão pouco tempo de projeção e esta aqui consegue fazer isso com primor trazendo um entretenimento de primeira e se estabelecendo com uma das produções francesas mais bem sucedidas da Netflix, tanto que a segunda parte já foi confirmada e deve sair ainda este ano. Se o seriado mantiver o nível desta Parte 1, teremos mais horas de satisfação para assistirmos neste momento tão turbulento em que vivemos, porque não a nada melhor do que um produto que nos dê momentos de pura distração e felicidade.

Gostou? Veja o trailer abaixo e se já assistiu, comenta o que achou nos comentários.

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