_{Um final emocionante e morno? Uma das melhores animações da atualidade encerra seu ciclo de forma menos caótica, focando nos protagonistas e entregando um desfecho melancólico.}

Spoilers Moderados Abaixo

Existe uma verdade máxima sobre ciclos. Tudo que sabemos é que eles iniciam e terminam. Como na vida tudo tem sua fase e cabe a nós aproveitar cada momento como se fosse o último. Meio dramático né? Mas isso acontece com seriados também, muitos que são tão bons e criam um vínculo tão bacana com seu público, que é difícil acreditar que um dia irá acabar.

A série que está passando por este momento é a animação da Netflix e co-produção Amblin, “Jurassic World: Teoria do Caos” (Jurassic World: Chaos Theory, 2024-2025), sequência do sucesso “Jurassic World: Acampamento Jurássico” que após quatro temporadas, chega ao fim trazendo uma conclusão mais uma vez para Darius Bowman (Paul-Mikél Williams), Ben Pincus (Sean Giambole), Kenji Kon (Darren Barnet), Brooklynn (Kiersten Kellen), Yasmina Fadoula (Kausar Mohammed) e Sammy Gutierrez (Raini Rodriguez).

Foram 39 episódios e uma jornada intensa que começou nos EUA, passou pelo continente africano, depois na região italiana de Malta, até terminar nas instalações da BioSyn fazendo um paralelo direto com “Jurassic World: Domínio”, onde esta quarta temporada se passa e onde traz um fim (será mesmo?) para a jornada dos “Seis de Nublar”.

A trama criada por Scott Kreamer e Zack Stentz (Jurassic World: Acampamento Jurássico) traz um amadurecimento e apara as pontas soltas, fazendo com que Darius, Kenji, Yasmina, Ben e Sammy entre numa jornada de reconciliação com Brooklynn em meio a tentativa de escapar da instalação da BioSyn e finalmente parar os planos de Lewis Dodgson.

A premiere “Arrival” (4×01) segue onde a terceira temporada parou, após frustrarem os planos de Soyona Santos (Dichen Lachman), Darius, Brooklynn, Ben e Yasmina pegam um helicóptero para chegarem a sede da BioSyn. Enquanto Kenji e Sammy estão no local e tentam negociar com Lewis uma forma de protegerem os dinossauros e resgatarem o Lisinho.

Muito desta última temporada é sobre amizade que mesmo fragilizada, permanece sendo o sentimento maior forte que estes amigos que passaram por muitas aventuras, mas sempre sobrevivendo juntos. Talvez, por conta desta pegada mais emocional, a série diminuiu muito seu ritmo frenético estabelecido nas três temporadas anteriores.

Isto não torna “Jurassic World: Teoria Caos” menos interessante, pois se tem uma coisa que a animação sabe fazer é conseguir conquistar o público através do desenvolvimento dos personagens. Desta forma episódios como “The Maze” (4×02) e “Familiar Faces” (4×03), existe diversos conflitos enquanto o grupo vai adentrando as instalações da BioSyn, ao menos tempo que enfrentam as ameaças dos dinossauros por tabela.

O melhor da animação, é saber dosar ação enquanto revela mistérios, traz rostos familiares de volta como Dr. Wu, bem como conexões que mostram que a linha temporada do seriado se passa em paralelo com o último filme da trilogia protagonizada por Chris Pratt. A narrativa vai aumentando a tensão nos episódios “Ctrl + F” (4×04) e no ótimo “Give & Take” (4×05) mostrando que a série ainda tem muito gás prá queimar e ainda é capaz de trazer bons ganchos.

A série procura um caminho emocional para fechar a história dos personagens e traz uma sensação de perigo e incerteza no meio da trama que fazia um tempo que a série não conseguia entregar. O episódio “Fire” (4×06) é de longe o melhor da temporada, traz riscos, reunião entre os seis principais e um gancho que coloca a vida de um dos personagens principais em risco.

Incrível que esta pegada mais dramática se estende aos episódios finais e ficamos na dúvida se o personagem em questão irá sobreviver. É algo que “Jurassic World: Teoria do Caos” sempre soube construir, uma pena que ao optar por focar na jornada de DR entre Brooklynn e o grupo, além desta parte envolvendo um dos personagens na parte final, acaba que a série deixa os dinossauros em segundo plano.

O melhor de “Teoria do Caos” era como a série sabia equilibrar o drama dos personagens com sequências de ação alucinantes de dinos com um fator de entretenimento que sempre foi a melhor qualidade da série. Aqui o quarto ano, a ameaça dos dinos parecem perder força em meio ao texto, faltando um equilíbrio melhor, isto é sentido nos episódios “How Strong We Are” (4×07) e “Lights Out” (4×08), que possui muita ação, mas estamos mais preocupados com a resolução do drama do personagem ferido, do que o caos que ocorre ao redor.

A verdade é que a animação mostrou muitos sinais de desgaste nesta última temporada, então a escolha de encerrar a jornada dos personagens, foi mais do que bem vinda. A série ainda tem momentos bonitos, como Darius se reconciliando com Brooklynn, ou o esperado beijo de reconciliação entre Yasmina e Sammy, bem como todos os personagens reunidos na maior parte do tempo e não separados, como em muitos momentos ocorreu nas temporadas anteriores.

Uma coisa é certa sobre “Jurassic World: Teoria do Caos” é que o fim melancólico e agridoce, era o que precisávamos, o episódio final “Fare Well” (4×09) é bastante triste, deixa aquele nó na garganta, mas ainda assim, traz um tom de amadurecimento para Darius e companhia que deixa a sensação de que a jornada valeu a pena. Existe aqui espaço para uma possível sequência, que espero que ocorra, mas por enquanto, esse final pareceu correto e bonito o suficiente para que fique marcado na mente dos fãs. Este respeito poucos seriados conseguem e “Teoria do Caos” conseguiu juntar entretenimento e emoção num pacote só. Fica aqui nosso muito obrigado aos produtores por trazerem personagens tão marcantes e inesquecíveis neste universo iniciado por Spielberg em 1993. Até breve, quem sabe.

Leia os textos das temporadas anteriores abaixo:

Leia o texto da primeira temporada de “Jurassic World: Teoria do Caos” aqui.

Leia o texto da segunda temporada de “Jurassic World: Teoria do Caos” aqui.

Leia o texto da terceira temporada de “Jurassic World: Teoria do Caos” aqui.

Leia os textos de “Jurassic World: Acampamento Jurássico” abaixo:

Primeira a terceira temporadas, leia aqui.

Quarta temporada, leia aqui.

Quinta temporada, leia aqui.

Gostou? Veja abaixo o trailer e comente sobre o que achou da última temporada.