Wicked: Parte 2” – Crítica

Amizade que traz emoção! Marissa Bode é o destaque da coluna em um filme que encanta nos momentos de drama, mas empolga um pouco menos que a parte 1 em termos de musical, ainda assim é um filme que vale a investida pela grandes atuações de Cynthia Erivo e Ariana Grande.

Fonte: Universal Pictures

A parte um de “Wicked”, teve um impacto cultural muito grande ano passado, com destaque para atuações de Cynthia Erivo (Luther: O Cair da Noite) e Ariana Grande (Não Olhe Para Cima) que receberam inclusive indicações ao Oscar este ano por suas atuações. Sem falar que o longa fez um sucesso tremendo ao redor do mundo, criando uma expectativa enorme para o que estaria por vir.

A estreia da superprodução da Universal Pictures, “Wicked: Parte 2” (Wicked For Good, 2025) no último mês, mostrou que o filme continua sendo um fenômeno sem precedentes, mas desta vez menos impactante, mas não menos poderoso. A trama se passa após a fuga de Elphaba (Cynthia Erivo), que abraçou seu lado bruxa e se tornou a personagem mais temida de Oz, enquanto sua melhor amiga Glinda (Ariana Grande), agora com título de Bruxa boa, está preste a se casar com Fiyero (Jonathan Bailey).

O roteiro escrito por Winnie Holzman (Anos Incríveis) e Dana Fox (Cruella), foca na segunda metade da peça teatral que é considerada por muitos a parte menos empolgante do musical. Porém o filme dirigido por John M. Chu (Em Um Bairro de Nova York) aproveita a vantagem de produções cinematográficas e entrega um filme grandioso, sem medo de crescer em escopo de ação e músicas.

Fonte: Universal Pictures

Ainda assim, algo falta para “Wicked: Parte 2” atingir a qualidade da parte um, talvez seja em termos de história, isto não torna o musical menos interessante, mas as vezes falta algo para narrativa decole de vez. O tom é mais sombrio, porém as cores estão melhores definidas e a trama se aproxima cada vez mais de “O Mágico de Oz”, tornando tudo interessante e nostálgico.

A verdade é que o longa só decola por conta das atuações de Cynthia Erivo e Ariana Grande, ambas com um completo domínio do papel que atuam, preenchendo as lacunas onde o roteiro é pouco inspirado. Talvez a maior crítica desta sequência seja que John M. Chu as vezes esquece que o filme é um musical, ficando muito preocupado em encaixar a trama de Dorothy e outros famosos personagens numa narrativa que em muitos momentos soa pouco orgânica.

Quando o filme lembra que é um musical, a trama se eleva num patamar muito acima da média, com canções interpretadas da forma mais sentimental possível. Enquanto para os expectadores casuais e que não conhecem a peça, o filme pode soar como uma sequência bastante sólida, para os aficionados pela peça pode ser apenas uma celebração do que já era um sucesso.

Fonte: Universal Pictures

Em termos de produção, “Wicked: Parte 2” é grandioso, as sequências de ação misturada com performances musicais são contagiantes quando acertam o tom, o filme vibra ainda mais com um figurino impecável, design de produção estonteante e uma trilha sonora que muitas vezes é o ponto forte do longa. A maquiagem que ganhou Oscar na primeira parte, continua sendo entregue da melhor forma possível.

Com tantos atributos, fica até estranho dizer que a obra tem tantas ressalvas, mas a verdade é que quando a dupla protagonista entra em cena, ajudado por um elenco coadjuvante de estrelas como Michelle Yeoh, Jeff Godlblum e o ótimo Jonathan Bailey (Bridgerton), fica impossível o público não abraçar o musical por inteiro, ainda mais comprometimento visto na frente e atrás das telas.

Ainda assim, como citei anteriormente, Cynthia Erivo entrega uma atuação dramática na medida, para não dizer memorável, com uma carga dramática muito grande trazendo uma complexidade feminina para Elphaba que torna impossível enxergamos a personagem como uma antagonista. Sua performance na canção “No Good Deed” é poderosa e memorável.

Fonte: Universal Pictures

Por outro lado, Ariana Grande continua ótima como Glinda, daquelas performances feitas sob medida, e aqui o equilíbrio entre comédia e drama é entregue da forma mais consistente possível, o que pode resultar em outra indicação para atriz iniciante. O fato é que quando Erivo e Grande estão em telas, é simplesmente contagiante e vale cada segundo investido na jornada das personagens.

É neste ponto que apesar de não ter músicas tão satisfatórias quanto a parte um, é que “Wicked: Parte 2” se sobressai, destaque para “The Girl in the Bubble” cantado por Glinda, a deliciosa e romântica “As Long as You’re Mine” com Elphaba e Fiyero se entregando ao amor, mas nada supera a acachapante “For Good”, onde realmente o filme alcança sua maior nota e onde Cynthia Erivo e Ariana Grande entregam o maior momento de ambas personagens em ambos os filmes.

De uma forma geral, “Wicked: Parte 2” é um bom filme, faltou pouco para ser memorável, a narrativa não se arrisca tanto se apoiando no material base e na interpretação de suas atrizes principais para conquistar o público. Apesar de oscilar em alguns momentos, a trama dirigida por John M. Chu ainda consegue entregar um longa que encanta nos momentos mais simples, empolga em alguns momentos grandiosos e consolida a construção de universo com um final cheio de revelações, agridoce e bonito. Um blockbuster que deve encantar mais o público geral, do que o especializado, porém isso não torna o filme menos que especial, mas um entretenimento honesto.

Leia a crítica de “Wicked: Parte 1” aqui.

Elo Preto

Atriz: Marissa Bode
Personagem: Nessarose
Idade: 25 anos

O destaque da Coluna Elo Preto vai para atriz Marissa Bode no papel da quase vilã Nessarose, irmã de Elphaba. Ainda que falte uma participação da personagem, a jovem atriz consegue trazer nuances e carisma para um papel emocionante que tem seu momento mais chocante na cena do tornado. Bode tem um ar de vilã, mas traz humanidade para uma personagem que sonha em ser amada acima de tudo, mesmo que isso acabe trazendo um desfecho, por assim dizer trágico para sua jornada. É super importante a forma como a produção valorizou o fato de Nessarose ser cadeirante, condição de Marissa também na vida real, dando oportunidade mais que bem vinda para que pessoas com deficiência tenha mais espaço em narrativas populares como esta. Tanto a parte um e agora a parte, são os primeiros trabalhos da iniciante atriz, esperamos que seja convidado para muitos outros mais. 

Gostou? Veja o trailer e comente se já conferiu o longa nos cinemas.

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