“Pablo e Luisão” – 1° Temporada – Crítica

Gostinho brasileiro! A série baseada na vida do comediante/ator Paulo Vieira resgata a comédia estilo “A Grande Família”, “Tomá Lá Dá Cá” e “Tapas & Beijos” pelo olhar de uma família negra no maior estilo “série brasileira feita para brasileiros”.

Fonte/Reprodução: Rede Globo

Já dizia o velho ditado, “o melhor do Brasil, é o brasileiro”, quando a TV brasileira entende isto, gera produções excelentes como “A Grande Família”, “Sai de Baixo”, “Tapas & Beijos”, “Ó Pai, óe “Tomá Lá Dá Cá”, só para citar algumas consagradas que marcaram gerações, seja em formato de filme, seja em formato de série, a verdade que quando a narrativa cria uma empatia imediata com público, o sucesso é garantido.

É por essas e outras, que a nova produção do Globoplay, “Pablo e Luisão” (2025-Presente), caiu na graça do povo assim que estreou. Criada por Paulo Vieira, um dos melhores comediantes da atualidade, se baseando nas histórias vivida pelo pai do humorista e seu melhor amigo, embarcando num enredo cheio confusões e presepadas gerando uma das melhores comédias da atualidade.

Não existe uma forma de pontuar esta série, a não ser dizer que é cheia de brasileiridades. E não a nada melhor do que acompanhar as peripécias de Luisão (Ailton Graça) e seu melhor amigo Pablo (Otávio Müller), se metendo em altas loucuras, com aquele sorriso no rosto e a certeza que de estar testemunhando um clássico moderno.

Quando o piloto “A Cerca Elétrica” (1×01) é apresentado, somos agraciados com uma série que sabe abraçar seu público, roteiro redondinho, apresentação de elenco da melhor forma possível, não apenas com Pablo e Luisão, mas com a esposa de Luisão, Dona Conceição (Dira Paes), seus filhos Paulo ( versão criança interpretada por Davi Miguel Viana Ynes) e o pequeno Neto (João Pedro Martins), formando uma grande família brasileira.

Fonte/Reprodução: Rede Globo

A forma como o texto é bem trabalhado, utilizando-se das narrações em off do próprio Paulo Vieira, que genialmente se insere na narrativa não só para contar sua própria história, mas também para dar pitacos nas peripécias narradas utilizando a quebra da quarta parede conseguindo deixar quem assiste ainda mais íntimo desta família tocantinense.

A temporada é formulaica, mas se beneficia da edição dinâmica e eficaz, além da direção sólida de Luis Felipe Sá (A Grande Família), criando um frescor dentro do gênero gerando episódios de pura comédia de situações, com destaque para os ótimos episódios “Padre Trambiqueiro” (1×02), “Sala Comercial” (1×03), “Galo Pica-Pau” (1×05), “A Concessionária Pablo” (1×09) e o maravilhoso “Noni” (1×14) sobre a famosa frutinha da Tailândia.

Isso só para citar os episódios mais engraçados, porque “Pablo e Luisão” não para por aí, a série consegue utilizar das situações mais esdruxulas possíveis, para não dizer inacreditáveis, para entregar sequências de comédia antológicas com uma canastrice tão maravilhosa, que é impossível não abrir um sorriso ao final dos episódios, que ainda tem o bônus extra de ter os verdadeiros Luisão, Ceição e Pablo, dando depoimentos sobre as situações vividas.

Fonte/Reprodução: Rede Globo

A série consegue misturar tão bem ficção com realidade, que chega a ser surreal certas situações, numa produção que é pautada pelo capricho técnico, com uma trilha sonora maravilhosa que já começa na abertura com a música “Nois é Jeca Mais é Joia” de Genésio Tocantins, fica gravada no nosso subconsciente. A ambientação, a direção de arte, a bela fotografia acentuando as belezas do estado do Tocantins, são basicamente a cereja do bolo de uma comédia que nasceu para ser geracional.

E melhor do que a parte técnica, é o elenco cheio de talento de “Pablo e Luisão”, começando pela dupla Ailton Graça (Mussum – O Filmis) e Otávio Müller (Tapas & Beijos), com uma química maravilhosa, os dois atores dão a vida de forma fiel a dupla de salgadeiros que só se metem em confusões. Os atores mirins Davi Miguel e João Pedro, são gratas surpresas, mostrando um talento nato e um timming cômico muito bom, mostrando um entrosamento muito grande com os adultos.

O maior destaque fica por conta de Dira Paes (Pasárgada), que é o coração da série no papel de Ceição, uma mulher forte, com gênio firme e uma empatia imensa para aguentar o marido e seu melhor amigo sempre entrando em enrascadas e envolvendo a família junto no processo. Paes se mostra uma atriz maravilhosa, principalmente quando vemos sua veia dramática nos episódios “Tia Vera” (1×06) e “Seu Justino” (1×11).

Fonte/Reprodução: Rede Globo

O restante do elenco merece mais que menções honrosas, assim como as diversas participações especiais com um elenco recheado de estrelas, que vai desde Miguel Fallabella, passando por Karine Teles, terminando com Lima Duarte, uma das gratas surpresas do final da temporada “Enterro do Tio Zé” (1×16) que coroa uma temporada que é inundada de pontos positivos.

Por tudo que foi comentado, “Pablo e Luisão” é daqueles seriados memoráveis, onde tudo funciona, desde a direção, passando pela comédia e terminando no elenco. É o típico seriado que abraça e quer ser abraçado, convidando o brasileiro para apreciar cada cena, rir de situações que muitos se identificam e o melhor, tudo pelo olhar de uma família preta com cara de Brasil.

A série também coroa o talento de Paulo Vieira não só como comediante, mas como escritor (auxiliado por roteiristas colaboradores que dão show), pois o texto carrega nuances de uma vivência cheia de luta, mas também de boas experiências, onde rir de si mesmo e das situações, faz parte do cerne brasileiro de usar isso para superar adversidades e viver da forma mais feliz possível. “Pablo e Luisão” é isso, arte de fazer rir e te convidar a rir, numa história baseada em fatos maravilhosa e comovente, que se consolida como uma das melhores surpresas do ano.

É muito pedir uma segunda temporada para ontem? Acho que não.

Observação: Um dia depois desta crítica ser escrita, a série foi renovada para segunda temporada. Merecidissimo!!!

Gostou? Veja o trailer e comente sobre o que achou a primeira temporada da série abaixo.

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