“Capitão América: Admirável Mundo Novo” – Crítica

A humanidade que nos define! O novo filme do Capitão América sofre com problemas de ritmo e trama, mas consegue se segurar por conta das ótimas performance de Anthony Mackie e Harrison Ford.

Fonte: Marvel Studios

Como segurar o monstro da expectativa quando você está ansioso por algo? A Marvel Studios criou uma régua muito grande ao fazer da “Saga do Infinito” um sucesso sem precedentes culminando nos fantásticos “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”. Após essa fase, a chamada “Saga do Multiverso” está sofrendo para atender as expectativas dos fãs, enquanto filmes mais unânimes como “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, “Guardiões da Galáxia 3” e o recente “Deadpool & Wolverine” agradam a grande massa, filmes originais que tentam sair desta acunha e trazer algo diferente e mais representativo como: “Eternos”, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” e “As Marvels”, não conseguem atrair o interesse dessa parcela de fãs.

Fiz este balanço, para você como expectador ponderar suas expectativas quando for assistir a um filme da Marvel no cinema. E isto deve-se levar em conta ao assistir ao novo longa “Capitão América: Admirável Mundo Novo” (Captain America: Brave New World, 2025), o penúltimo filme da fase 5 e também o primeiro protagonizado por Anthony Mackie (Vingadores: Ultimato) no papel título, assumindo o manto deixado por Chris Evans (Capitão América: Guerra Civil) pós Ultimato.

O longa é dirigido por Julius Onah (Luce) se passa três anos após os eventos da minissérie do Disney Plus, “Falcão e o Soldado Invernal”, com Sam Wilson, o novo Capitão América se vendo no meio de incidente internacional numa disputa de poder entre países por conta de um metal misterioso descoberto em um certo Celestial que apareceu no final de Eternos.

Fonte: Marvel Studios

Tudo que você precisa saber sobre “Capitão América: Admirável Mundo Novo” é que esta narrativa passa o sentimento de um filme solo e não um filme evento, e isto pode ajudar a maioria dos expectadores a temperarem seu entusiasmo. Inclusive o primeiro ato com uma grande sequência de ação introduzindo o Capitão América e seu ajudante, o novo Falcão, Joaquin Torres (Danny Ramirez), tentando pegar um objeto roubado das instalações do governo pela misteriosa Sociedade da Serpente liderado pelo implacável Sidewinder (Giancarlo Esposito), dá o tom de algo mais padrão.

O roteiro escrito a cinco mãos (isso nunca é um bom sinal) por Rob Edwards (A Princesa e o Sapo), Malcolm Spellman (Falcão e o Soldado Invernal), Dalan Musson (Falcão e o Soldado Invernal), Peter Glanz (Uma Semana a Três) e o próprio Julius Onah traz uma trama que inicialmente funciona como um thriller político que insere uma paranoia conspiratória que vai sendo introduzida aos poucos no entorno do agora presidente Thaddeus “Thunderbolt” Ross (Harrison Ford), que é protegido e aconselhado pela enigmática Ruth Bat-Seraph (Shira Haas) e pela assessora Leila Taylor (Xosha Roquemore).

Confesso que o ritmo apressado com timming de comédia fora do tom no início atrapalha um pouco a experiência, o filme só se apruma melhor com o incidente na Casa Branca com Isaiah Bradley (Carl Lumbly) perdendo o controle tentando assassinar o presidente abrindo todo um seguimento mostrando que existe uma ameaça misteriosa (Tim Blake Nelson) puxando as cordas nos bastidores.

Fonte: Marvel Studios

O que falta ao filme é um pouco de calma, não só para o público embarcar na história, mas para que a própria trama se sustente ganhando em complexidade. Infelizmente o roteiro escolhe a obviedade, desbaratando todo o mistério de uma forma bem previsível sem muitas novidades ao revelar a face do verdadeiro vilão. Talvez seja isso que incomode tanto na narrativa, se pautar como um blockbuster padrão em um filme que tinha potencial para ser muito mais do que isto.

O fato é que “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, além de ser uma sequência de “Falcão e o Soldado Invernal”, também é uma sequência direta de “O Incrível Hulk” de 2008 (aconselho a assistir senão lembra de nada), mas sem o Hulk, apenas com Thaddeus Ross e outros personagens deste universo ganhando toda uma subtrama que vai sendo tragada para centro do plot liderado pelo Capitão América.

É neste ponto que reside outro grande porém do longa, ainda que Sam Wilson tenha bastante espaço, o filme sofre muito em ser a sequência de um filme do Hulk e ser um filme do Capitão América, isto só não se torna um empecilho maior, porque existe um trunfo aqui que segura a narrativa do começo ao fim, Anthony Mackie.

Fonte: Marvel Studios

Confesso que estava ansioso para ver o ator com manto de Capitão América na tela grande e Mackie entrega aquilo que se espera do personagem, um homem comum, sem soro do super soldado que tenta se provar e ser símbolo de inspiração para outras pessoas. Ainda que ache que o filme poderia ter explorado mais este lado, temos aqui um super-herói imponente, visualmente bacana e que está super a vontade no papel de protagonista.

Inclusive o peso da representatividade negra através de Mackie é algo sentido em tela, mesmo que o filme não paute isto explicitamente, o ator parece entender a responsabilidade e peso de ser tornar um líder, além de servir como referência principalmente para seu pupilo, que aliás, devo salientar que o ator Danny Ramirez (Top Gun: Maverick) está muito bem no filme, a química entre ele e Mackie é boa demais. As sequências de ação do personagem é um dos destaques positivos, incluindo as sequências de voo que poderiam ser até maiores, pois são espetaculares (assista na maior tela possível).

Outro destaque vai para Harrison Ford (Star Wars O Despertar das Forças), que consegue dar profundidade a um personagem recorrente do universo Marvel complementando o legado deixado por William Hurt que infelizmente faleceu em 2022. Ford é bom na medida, incluindo na cena de transformação do Hulk Vermelho, seu ataque de fúria é uma das coisas mais legais que você vai ver em tela neste começo do ano.

Fonte: Marvel Studios

Por tudo que foi comentado, “Capitão América: Admirável Mundo Novo” é um bom filme, poderia sim ser muito melhor, mas não difere muito dos filmes solos da Marvel de fases anteriores. Ainda que a trama careça de polimento, ainda que em alguns momentos a edição e a direção falhem em entregar algo mais coeso, o filme ainda tem boas sequências de ação corpo a corpo e algumas boas sequências no ar, sem falar que Capitão América versus Hulk Vermelho é entretenimento de primeira.

Como todo fã de quadrinhos queremos mais e merecemos mais, infelizmente a narrativa deste longa não é perfeita, mas longe de ser uma bomba como alguns andam condenando, tudo é questão de temperar as expectativas, ainda mais com um filme que tem boas surpresas para os fãs do Universo Marvel. Anthony Mackie faz jus ao papel título com muito carisma e merecimento, e sim, temos um Capitão América Preto com presença sim, e só por isso, já vale a pena assistir esta aventura de ação.  

Observação: O filme possui uma cena após os créditos, apontando o futuro da Marvel na fase 6.

Gostou? Veja o trailer e comente abaixo sobre o que achou do filme.

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