Clichê nas alturas! Esta comédia de ação do mesmo diretor de “Velozes e Furioso 8” reúne a estrela Kevin Hart e grande elenco numa trama de roubo inusitada e previsível, mas que ao menos entretém.

Existe uma quantidade de histórias que podem ser recontadas dentro de um gênero, querendo ou não o cinema e a TV, adora reciclar tramas as vezes apenas mudando o elenco e a direção, mas a estrutura continua a mesma, tornando tudo muito óbvio para quem assiste. Um filme pode ser bom mesmo reciclando ideias, mas tudo depende da forma como é contada e da forma como o roteiro usa sua criatividade para entregar algo diferente do que se espera.
Digo isto, pois a nova comédia de ação da Netflix, o longa “Lift – Roubo Nas Alturas” (Lift, 2024) protagonizado pelo astro da comédia Kevin Hart (Paternidade) carrega todos esses elementos conhecidos numa aventura que tinha tudo para surpreender, mas infelizmente não sai da zona de conforto ao entregar aquilo que sempre chamamos de mais do mesmo.
A narrativa conta a história de um grupo de ladrões que faz roubos pela Europa liderados por Cyrus (Hart). A vida da equipe muda quando são recrutados por uma agente da Interpol, Abby (Gugu Mbatha-Raw), para realizar o maior roubo de suas vidas, interceptar um avião de um perigoso contrabandista (Jean Reno) que está negociando uma arma perigosa que pode causar desastre e até destruir países.

É claro que esta premissa absurda assinada pelo roteiro de Daniel Kunga (12 Rounds) não é uma grande novidade do gênero, mas com certeza serve para dar ignição a trama que começa bastante frenética num convidativo primeiro ato que tem como função apresentar estes bandidos de forma bem característica realizando o sequestro de um nerd milionário chamado N8 (Jacob Batalon).
O longa dirigido por F. Gary Gray (Straight Outta Compton: A História do N.W.A) possui um charme, as locações europeias com lugares belíssimos com uma arquitetura rústica dão o tom da trama que ainda é beneficiado pelo visual bonito e cinematografia bem solar com seus planos abertos característico de filmes de espionagem. É através destes atributos e principalmente por conta do elenco que o filme atrai atenção do expectador.
Desta forma, a primeira metade de “Lift – Roubo Nas Alturas” é muito boa, pois do momento que conhecemos Cyrus e seu time formado pelo especialista em disfarce Denton (Vincent D’Onofrio), a piloto Camila (Úrsula Corberó), o especialista em abrir cofres Magnus (Billy Magnussen), a hacker Mi-Sun (Yun Jee Kim) e o infiltrador Luke (Viveik Kalra), somos levados a preparação do grupo para invadir um avião e roubar milhões em barra de ouro.

A similaridade deste filme com longas como “Army of the Dead – Invasão de Las Vegas”, “Exército de Ladrões – Invasão da Europa” e “Alerta Vermelho” coincidentemente todos estes da Netflix, bem como o longa “Roubo nas Alturas” de 2011 protagonizado por Eddie Murphy (Certas Pessoas) e Ben Stiller (Uma Noite No Museu), torna tudo muito reciclado e pouco inspirado, inclusive diferente desses outros, este aqui acaba perdendo força na sua reta final que deveria ser seu ponto forte.
É exatamente na segunda metade que “Lift – Roubo Nas Alturas” se esvai como thriller, todo o desenvolvimento promissor da primeira metade, começa a ficar empolgante na sequência em que o grupo tenta executar o plano, mas acaba infelizmente revelando a fragilidade do roteiro quanto tudo termina em dez minutos no meio de uma reviravolta que abraça o gênero da ação esquecendo que é um filme de roubo, entrando numa sequência de cenas frenéticas de pouco impacto.
Ainda que tenha esta ressalva, o filme ganha pontos por acertar na escolha do elenco como havia mencionado antes. A química entre Kevin Hart e Gugu Mbatha-Raw (Belle) é um dos pontos fortes, principalmente por ter aquele conflito entre o charmoso bandido com a agente aplicada no seu serviço, levando a um interesse romântico mútuo. É legal ver Kevin tentando equilibrar papéis mais sérios com sua veia cômica, mas é estranho ver o ator se levando tão a sério em alguns momentos. Já Gugu, a atriz vende carisma e beleza num papel em que se mostra super a vontade.

O resto do elenco é bom, mas podiam ser aproveitados mais do que o roteiro pede, além dos protagonistas, podemos destacar Bily Magnussen (Aladdin) que serve como alívio cômico, Vicent D’Onofrio (Demolidor) que não tem muito para fazer, mas é sempre bom ver atuando. Outros nomes como: Úrsula Corberó (La Casa De Papel), Yun Jee Kim (É Tudo Meu), Sam Worthington (Avatar – O Caminho da Água), Burn Gorman (Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes) Jacob Batalon (trilogia do Homem Aranha do MCU) e Jean Reno (A Pantera Cor de Rosa) são rostos familiares de fácil identificação do público cinéfilo ou seriador.
É com esta base que a obra se torna um passatempo que vale a pena assistir, mas claramente é preciso não levar tudo muito a sério e as vezes quando o próprio filme faz isto, as falhas ficam evidentes, como cenários artificiais que claramente são telas azuis que acabam tirando nossa imersão, algo que bastante notado em produções de streaming que precisam cuidar melhor destes detalhes na pós produção.
De uma forma geral, “Lift – Roubo nas Alturas” é um filme de roubo ok, daqueles descartáveis, mas que funciona por conta da vibe despretensiosa e bem humorada acentuada pelo elenco carismático liderado por Kevin Hart, que esta um pouco contido, é verdade, mas ainda assim consegue oferecer um bom entretenimento, com algumas boas cenas de ação de um gênero que está saturado, mas que ao menos entrega o que se espera, o que para mentes mais exigentes, pode ser pouco, mas para quem precisa só se divertir por algumas horas, este longa cumpre bem seu papel.
Gostou? Veja o trailer abaixo e se já conferiu, diga o que achou desta produção.


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