“Guardiões da Galáxia Vol. 3” – Crítica

O fim de um ciclo! O último filme de James Gunn na Marvel é o fechamento da sua trilogia iniciada em 2014 traz um filme sombrio, emocionalmente forte, cheio de cenas de ação e humor na medida em um dos melhores filmes da “Saga do Multiverso”.

O fim de um ciclo! O último filme de James Gunn na Marvel é o fechamento da sua trilogia iniciada em 2014 traz um filme sombrio, emocionalmente forte, cheio de cenas de ação e humor na medida em um dos melhores filmes da “Saga do Multiverso”.
Fonte: Disney/Marvel Studios

A fase 5 da Marvel deu um pontapé inicial com uma produção abaixo do esperado com “Homem Formiga e a Vespa: Quantumania”, massacrado pela crítica e por parte do público, acendeu o sinal vermelho para Kevin Feige e companhia. Então os olhos se voltaram para próxima produção no calendário com uma grande incógnita no ar, será que estávamos diante de uma fadiga de super-heróis, ou foi apenas um erro de percurso?

É com esta dúvidas que as fichas estavam sendo postadas na mão de James Gunn (O Esquadrão Suicida), o cara que lá em 2014 conseguiu fazer um grupo de desconhecidos do grande público se tornarem uma das equipes de super-heróis mais amadas e aclamadas da era moderna numa feliz adaptação dos quadrinhos para tela grande que também deu gás para Feige apostar em heróis de pouca expressão no seu plano de expansão do universo cinematográfico da Marvel (MCU ou UCM) nos cinemas.

Após quase dez anos de uma trajetória bem sucedida, Gunn finaliza seu ciclo na Marvel Studios com “Guardiões da Galáxia Vol. 3” (Guardians of the Galaxy Vol. 3, 2023), que não só marca seu último longa no MCU como também o fim da trilogia da equipe liderada por Peter Quill (Chris Pratt) e que ainda tem Rocket Raccoon (Bradley Cooper), Nebula (Karen Gillian), Drax (Dave Bautista), Groot (Vin Diesel), Mantis (Pom Klementieff) e a versão alternativa da Gamora (Zoe Saldana), além das adições de Cosmo (Maria Bakalova) e Kraglin (Sean Gunn), oficialmente parte do grupo.

Em “Guardiões da Galáxia Vol. 3”, o senso de urgência é evidente, principalmente quando a história coloca a equipe numa missão perigosa para resgatar um item para salvar a vida de Rocket, que está entre a vida e a morte após o ataque de um guerreiro misterioso a “Lugarnenhum”, base dos guardiões. É a partir deste ponto que começamos a derradeira jornada dos super-heróis que evidenciam um filme intenso, com poucos respiros e um perigo eminente.

Fonte: Disney/Marvel Studios

Confesso que o primeiro ato do longa não me agradou muito, em termos narrativos acredito que tudo acontece muito rápido (apesar da ótima sequência de abertura), começando pelo ataque do misterioso Adam Warlock (Will Poulter) e logo depois a corrida contra o tempo para entrar na sede do planeta Orgocorp. Claramente o início caótico, apesar de ser bastante estranho, parece ser proposital para dar um ritmo mais acelerado para uma narrativa que só não foge do controle, porque claramente a pessoa atrás das câmeras conhece bem seus personagens e o universo que tem em mãos.

É neste ritmo que o filme vai entrando nos eixos priorizando aquilo que tem de melhor, seu elenco. Não há dúvidas que “Guardiões da Galáxia” só funciona porque os atores são ótimos e entendem seus personagens muito bem, sem falar que na mão de James Gunn, o “Volume 3” ganha em carga emocional e se eleva ao conseguir equilibrar drama, aventura espacial da boa e um “timming cômico” impecável com as piadas entrando no tempo certo conseguindo assim extrair várias emoções dos expectadores do início ao fim.

Fica muito claro aqui que “Guardiões Vol. 3” é um caldeirão de emoções, feito com esmero para que possamos apreciar cada momento como se fosse o último, desta forma todos os personagens do elenco principal têm seu momento para brilhar numa narrativa que pode sim parecer um pouco inchada, mas claramente tem seu DNA tudo aquilo que o universo desta equipe de desajustados tem de melhor.

Fonte: Disney/Marvel Studios

Sem falar que James Gunn mostra um apuro técnico na direção entregando um de seus trabalhos mais consistentes, talvez o melhor até então, não só mostrando o quão familiarizado está com MCU, mas respeitando tudo aquilo que foi desenvolvido e estabelecido antes em “Vingadores: Ultimato”, “Guardiões da Galáxia Vol. 2” e o “Guardiões da Galáxia: Especial de Natal” que estreou direto no Disney Plus, encontrando na trajetória de O Senhor das Estrelas, Rocket, Drax, Mantis, Gamora, Nebula e Groot algo que faça esses personagens ganharem uma complexidade extra tornando o vinculo entre o grupo algo difícil de quebrar nos levando também a um saudosismo melancólico da última aventura com esta formação.

Dito isso, é fato que “Guardiões da Galáxia Vol. 3” tem um nome que centraliza toda a trama do filme, Rocket Raccoon. De longe o personagem que não é só o coração do filme, mas também a aura dos guardiões se tornando o protagonista secreto do filme como disse Gunn recentemente sobre a trajetória do personagem, e fica claro como a engrenagem narrativa gira em torno de sua história quando a equipe precisa salva-lo e também deter seu principal antagonista, o execrável e insano Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji).

Inclusive o vilão é um dos pontos altos do filme, com uma insanidade e crueldade estamos diante de um dos antagonistas mais odiosos deste universo cinematográfico da Marvel, dando peso a uma narrativa que acerta no tom mais sombrio e nos faz lacrimejar com as cenas de flashbacks que mostram a origem de Rocket evidenciando um trabalho de voz impecável de Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela), que deveria ganhar mais crédito por mais uma atuação impecável na interpretação do guaxinim mais amado do MCU.

Fonte: Disney/Marvel Studios

Infelizmente o ponto baixo do longa foi a introdução de Adam Warlock, um dos personagens mais celebrados pelos fãs nos quadrinhos, ganhou uma versão cinematográfica que é boa, mas em termos narrativos soa deslocado num filme que não necessitada de sua presença. Apesar do roteiro costurar sua relação com vilão principal e sua espécie, o filme parece não saber onde utiliza-lo, servindo apenas como peça da engrenagem normalmente envolvendo lutas e sequências de ação.

Olhando para o lado técnico no filme, os efeitos visuais estão ótimos, bem como a ambientação evidenciando que a direção de arte dos filmes de Gunn sempre são estranhas e ao mesmo tempo fascinantes nos levando a mundos exóticos e visualmente esquisitos. O roteiro é previsível em sua premissa, sem grandes surpresas, inclusive acredito que faltou mais ousadia em trazer um perigo real, com consequências mais significativas, porém como mencionei anteriormente, por ser uma trama movida pelo desenvolvimento de seus personagens principais, tudo se torna intimamente mais próximo do expectador, trazendo aquele sentimento melancólico de que algo está para acontecer a qualquer momento.

A trilha sonora continua sendo um dos pontos positivos da trilogia e no “Volume 3” não é diferente, mas em alguns momentos o excesso de músicas incomodou um pouco, apesar de achar que todos os filmes dos “Guardiões” têm uma trilha sonora única e impecável, em certos momentos não havia necessidade, porém quando é bem utilizada, ganhamos momentos memoráveis como na sequência do corredor com a equipe lutando junta e também no final quando toca “Dog’s Days Are Over”, utilizada durante a celebração da vitória da equipe entregando um misto de melancolia, nostalgia e deve cumprido.

Fonte: Disney/Marvel Studios

De uma forma geral, “Guardiões da Galáxia Vol. 3” é um blockbuster com alma capaz de despertar os melhores sentimentos de fãs e não fãs em um filme feito para celebrar uma equipe inesquecível, com personagens marcantes e que aqui encerra seu ciclo trazendo seu melhor com boas atuações de todo o elenco sem exceção, conduzido de forma exemplar por James Gunn que se despede da Marvel fazendo um filme emocionalmente impactante, que pode ser considerado um dos melhores da saga do Multiverso junto com “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” e o ótimo “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, e que mostra que o caminho a ser seguido é esse, equilibrando a emoção de um bom drama, a ação de desenfreada de um bom blockbuster e o senso de diversão de uma aventura espacial.

O longa fecha sua trilogia de uma forma bastante positiva, e mesmo que não seja livre de defeitos, as qualidades sobressaem em um filme que sabe exatamente o que quer e sabe exatamente onde quer chegar. O futuro parece uma incógnita, mas é apontado em duas cenas pós créditos que vão dar uma pontinha de esperança de podermos ver alguns desses personagens um dia de novo, mas o sentimento que fica é a boa satisfação de que a jornada valeu a pena. Obrigado Peter Quill, Drax, Nebula, Gamora, Groot, Mantis, Kraglin, Cosmo e Rocket, vocês deixarão saudades. Obrigado James Gunn, por conseguir fazer uma das melhores trilogias de todos os tempos onde o único sentimento que nos atinge quando os créditos começam a subir é, GRATIDÃO.

Elo Preto

Personagem: Alto Evolucionário
Ator: Chukwudi Iwuji
Idade: 48 anos

O nosso destaque da coluna de hoje é o ator nigeriano Chukwudi Iwuji no papel do vilão Alto Evolucionário, uma mente que busca a perfeição das espécies, fez experimentos cruéis com Rocket e seus amigos na busca da raça perfeita. O personagem é um ser inescrupuloso e obsessivo, Iwuji é excelente aqui e assustador, inclusive uma das sequências em flashbacks com Rocket é um dos momentos mais tensos de “Guardiões da Galáxia Vol. 3” criando um ódio instantâneo tamanha interpretação do ator. Chukwudi é um velho conhecido de James Gunn e já havia se destacado na série “O Pacificador” da DC, e agora ganhou merecido destaque na Marvel também. O ator participou do filme “Relatos do Mundo” e das aclamadas séries “Olhos Que Condenam” e “The Underground Railroad – Os Caminhos para a Liberdade”. 

Gostou? Veja o trailer e comente abaixo sobre o que achou do filme.

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