Equilibrando o legado do passado olhando para o futuro, Ryan Coogler consegue fazer desta sequência de Rocky, um longa derivado com personalidade que consolida Michael B. Jordan como estrela e eterniza Sylvester Stallone no retorno do seu mais famoso personagem.

O longa “Rocky: Um Lutador” de 1976, foi um grande filme sobre boxe que acabou surpreendendo por sua abordagem humana de um personagem que era uma força da natureza, o resultado desta empreitada levou Sylvester Stallone ao estrelado e fez do longa um fenômeno vencedor de 3 Oscars. A partir disto, tivemos mais quatro filmes em sequência e o retorno inesperado do Stallone em 2006 com o longa “Rocky Balboa”, revivendo o personagem que o consagrou.
Partindo deste ponto, chegamos então ao filme “Creed – Nascido Para Lutar” (Creed, 2015), dirigido por um jovem Ryan Coogler (Pantera Negra) que aqui seria responsável por contar a história de Adonis Creed (Michael B. Jordan), jovem obstinado que vê em meio ao legado deixado pela trágica morte do pai Apollo (Carl Weathers), a chance de se tornar um grande lutador e fazer sua própria história, vendo em Rocky (Sylvester Stallone) a chance de ganhar um treinamento apropriado para atingir este objetivo.
Este filme é basicamente uma sequência de “Rocky IV” e “Rocky Balboa” (2006) misturado numa narrativa que mostra bastante potencial sendo capaz de se tornar um fenômeno. É neste ponto que o roteiro escrito pelo próprio Coogler e co-escrito por Aaron Covington se sobressai ao mostrar personalidade própria para criar um verdadeiro legado para Adonis solidificado pela mitologia do universo de Rocky.
Temos aqui uma narrativa que tem alma própria e abraça a cultura negra norte-americana de uma forma bastante eficiente, Adonis tem seus privilégios, mas decididamente decide trilhar seu próprio caminho começando debaixo para cima, é desta forma que Coogler constrói o universo em volta do personagem, trazendo o gueto para trama e o hip hop como trilha para desenvolver a persona de uma pessoa preta que tem suas falhas, mas também talento e aptidão para ser tornar um grande boxeador.

A jornada do herói em “Creed – Nascido Para Lutar” é muito bem desenvolvida e bem dosada, tem uma base dramática que solidifica na relação entre Adonis e Rocky, o mentor e o prodígio, começando cheia de conflitos, mas se firmando de uma forma amigável e as vezes até paternal que ajudam a criar um vínculo também com quem está assistindo. É interessante ver como Adonis tem o peso do legado do pai em jogo e como isso aprofunda sua relação com Rocky, a mãe Mary Anne Creed (Phylicia Rashad) e posteriormente com seu interesse amoroso, a bela Bianca (Tessa Thompson).
A primeiro metade do filme é focada no treinamento e na construção da relação Adonis e Rocky, algo que Ryan Coogler consegue equilibrar bem, dando também pequenos momentos com o jovem Creed lutando e evoluindo numa intensa preparação que vai tornando o filme bastante dinâmico e com ritmo bastante consistente que só fica melhor com a direção precisa de Coogler nas sequências de luta no ringue, que é onde o filme vibra num sintonia diferente e empolgante, mostrando uma destreza incrível na forma como traz emoção a cada nova luta, sendo a melhor acontecendo na segunda metade, onde o filme atinge seu potencial narrativo.
Isso tudo, só acontece de forma harmônica, porque o elenco escolhido é muito bom e tem como âncora o trio principal, Michael B. Jordan (Pantera Negra), Sylvester Stallone (Rocky – O Lutador) e Tessa Thompson (Thor: Amor e Trovão), o primeiro atuando de uma forma bastante sólida, a forma como Jordan molda seu Adonis Creed exigi mais do seu lado dramático e o credencia ao posto de protagonista que o ator consegue segurar muito bem, se consolidando numa atuação não menos que ótima.

Por outro lado, temos Stallone, domando um personagem que atinge seu auge aqui, potencializado por uma carga dramática altíssima que resultou na sua segunda indicação ao Oscar. Não há dúvida que esta abordagem de um Rocky calejado, sofrendo com uma doença e vendo em Adonis uma forma de redenção e válvula de escape para superar seus próprios problemas pessoais tem um peso narrativo muito grande para um personagem que já era icônico e que aqui se eterniza ainda mais na mão do ator.
E por último Tessa Thompson, sua Bianca é o que traz a humanidade e um lado mais que conhecíamos de Adonis até então, a atriz é um misto de sensualidade e emoção que ajuda a moldar o lado família do herói, neste ponto Thompson entrega uma boa atuação e uma boa química em tela com Michael B. Jordan.
De uma forma geral, “Creed – Nascido para Lutar” é o famoso caso do spin off que é bem sucedido por conseguir equilibrar o legado do passado ao respeitar tudo que foi estabelecido antes criando um elo de nostalgia imbatível e construir uma nova narrativa com personalidade e identidade própria entregando drama e ação num filme que fica melhor cada vez que é revisitado. A direção precisa de Ryan Coogler e as atuações consistentes de Michael B. Jordan, Sylvester Stallone e Tessa Thompson, torna esta obra uma das melhores do gênero com lutas emocionantes e muito bem filmadas, com toque de drama que dá um peso ainda maior num filme que nasceu para ser grande.
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2 comentários sobre ““Creed – Nascido Para Lutar” – Crítica”