“Caleidoscópio” – Minissérie – Crítica

A mãe de todos os clichês. A nova minissérie da Netflix traz o protagonismo de negro de Giancarlo Esposito e mostra frescor na forma de contar uma história batida, utilizando-se de múltiplos pontos de vista para chegar num denominador comum.

Fonte: Netflix

O entretenimento em muitos aspectos tem esse nome também para evidenciar a capacidade humana de pensar fora da caixa e entregar algo que ganhe a atenção do seu público alvo. No cinema isso foi feito através de narrativas que geraram filmes memoráveis e a TV não é diferente neste caso. De tempos em tempos quando nota-se um cansaço na repetição de temas, surge novas ideias para dar um frescor as novas formas de contar uma boa história.

É neste ponto que a nova série da Netflix entra em foco, o thriller de roubo “Caleidoscópio” (Kaleidoscope, 2023) é uma minissérie que se utiliza de um formato interessante e consegue captar sua atenção de imediato ao trazer a trama de Leo Pap (Giancarlo Esposito), um mestre do crime que reúne um time de ladrões para fazer um roubo bilionário no banco de um magnata poderoso, Roger Salas (Rufus Sewell).

É com essa premissa que a trama criada por Eric Garcia (Repo Men) toma forma e começa a tecer uma teia de acontecimentos que vão culminar no fatídico dia do roubo. A grande sacada aqui é que o expectador é agraciado com uma forma diferente de assistir a história, podendo escolher dentre os oito episódios quais deseja começar sempre resultando em uma sequência diferente que vai levar ao mesmo desfecho.

Fonte: Netflix

Basicamente um caleidoscópio como o título mesmo sugere, com episódios que variam entre passado, presente e futuro montando um verdadeiro quebra cabeça na mente de quem assiste introduzindo personagens, entendendo motivações e embarcando numa jornada que mostra que não existe pessoas inteiramente boas, ou inteiramente ruins, mas que transitam numa área cinza conseguindo nos deixar curiosos sobre suas jornadas e decisões.

Talvez o que falte para “Caleidoscópio” ser uma grande série, seja no polimento melhor do roteiro, que as vezes é superficial demais em alguns aspectos faltando um equilíbrio melhor para aprofundar no desenvolvimento do grupo de ladrões antes do roubo. Porém em outros aspectos, fica nítido que Garcia prefere focar no entretenimento e no ritmo bastante acelerado na forma como apresenta situações e foca nos conflitos que vão desde relação entre pai e filho, passando pela rivalidade entre ladrões e terminando no velho plano de vingança, tudo isso para desenvolver a história e gerar bons ganchos.

Os episódios variam em sua maioria de 30-40 minutos se tornando bem rápido consumo e com pouco tempo para se pensar, outros são mais focados no drama dos personagens, outros são focados nos aspectos do roubo em si, além é claro na velha trama de gato e rato entre ladrões e o FBI. A série é um produto de fácil assimilação, talvez por isso se torne algo mais clichê e sem grandes surpresas, ainda assim, à medida que vamos assistindo os episódios, mais chocantes vão sendo as revelações dependendo do episódio que você começar.

Fonte: Netflix

Ainda que é dito que você pode começar por qualquer episódio que aqui são divididos em cores, os capítulos “Branco” e “Rosa” dão a verdadeira sensação de desfecho e são bons se forem deixados por último, principalmente por trazer algumas revelações pertinentes. Fica claro também que episódios chaves como “Azul”, “Verde”, “Amarelo” e “Laranja” ajudam a ter um melhor escopo da trama e revelar os obstáculos que o grupo de ladrões irão enfrentar.

O elenco da série é bom, apesar de atores mais abaixo da média como Jai Courney (Esquadrão Suicida) sejam um ponto negativo, a bela Paz Vega (Lúcia e o Sexo), Tati Gabrielle (Uncharted – Fora do Mapa), Rosaline Elbay (Ramy), o carismático Peter Mark Kendall (The Americans) e o vilanesco Rufus Sewell (Tempo), são boas adições ao enredo liderado por Giancarlo Esposito (Better Call Saul) que realmente é o dono do espetáculo, seu personagem Leo é o que mais tem desenvolvimento e aprofundamento, mesmo que o roteiro não seja brilhante, serve para o ator entregar uma boa atuação e uma boa quebra de todos os vilões que já fez no momento fazendo um personagem inteligente, mas atormentado pela culpa do passado.

Em termos de produção, a minissérie é bastante consistente, cada episódio tem uma fotografia diferente simbolizando uma cor específica representada por algum objeto, equipamento, roupa ou pessoa. É neste ponto que Garcia brinca com seus clichês adicionando ação e suspense acompanhados de uma boa trilha sonora que dá um charme a produção que tem um tom moderno que não perde tempo com enrolações.

Kaleidoscope. (L to R) Paz Vega as Ava Mercer, Giancarlo Esposito as Leo Pap, Jai Courtney as Bob Goodwin, Peter Mark Kendall as Stan Loomis in episode “White” of Kaleidoscope. Cr. Courtesy of Netflix © 2022

Fica claro que “Caleidoscópio” tem a intenção de entreter e não mais que isso, faltando pretensões para ser marcante, mesmo que o formato de episódios aleatório seja atrativo, falta mais que isso para minissérie se tornar algo inovador no gênero, os capítulos “Vermelho” e “Violeta”, até tentam, mas mesmo estes não escapam das armadilhas das tramas de roubo, apesar de entregarem dois dos melhores episódios da temporada.

No geral, esta obra funciona se você estiver disposto a algo mais escapista e que segue a cartilha do entretenimento sem esperar grandes reviravoltas, apesar de entregar violentas cenas de desfecho dos personagens que confesso que não esperava e me surpreenderam, fica claro a intenção de dar uma sensação de perigo e consequências que funcionam dependendo do seu grau de envolvimento com a série. O episódio do roubo que é central para engrenagem funcionar é muito bem executado e mostra que vale a pena o tempo investido no seriado, trazendo um pouco de adrenalina e emoção mesmo que não seja memorável, mas com certeza satisfatório.

Minha Sequência de Episódios:

“Azul”“Verde”“Rosa”“Amarelo”“Violeta”“Laranja”“Branco”“Vermelho”

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