“Bridgerton” – 2° Temporada – Crítica

A popular série da Netflix chega cercada de expectativas e o resultado é a história da família Bridgerton entregando seu melhor com um novo casal protagonista que é uma erupção de química e romance que carrega a trama do começo ao fim.

Spoilers Moderados

Fonte: Netflix

Quando escrevi sobre a primeira temporada de “Bridgerton”, disse que uma das vantagens do seriado é seguir um modelo tradicional do clichê romântico fácil de gostar e assistir, juntando protagonistas que carregam a história e arcos em paralelo que acabam por deixar a história bastante aquecida em termos de trama e reviravoltas. Um fenômeno depois (é o seriado de inglesa mais assistido da Netflix hoje), chegamos a mais um ano dessa série que se transformou na sensação do momento.

O seriado voltou de um longo hiato no dia 25 de março, desde então tem sido assistido de forma intensa por vários fãs dos livros de Julia Quinn e amantes da primeira temporada. A segunda temporada da série criada por Chris Van Dusen (Scandal) com produção de Shonda Rhimes (Inventando Anna) e sua produtora Shondaland, desta vez retorna adaptando o segundo conto da saga romântica de Quinn, “O Visconde Que Amava”, que se baseia na história do primogênito da família Bridgerton, o indeciso e responsável Anthony (Jonathan Bailey), que se vê na obrigação de achar uma noiva para cumprir seu papel como chefe de família, porém esta nova temporada do mercado de casamentos, promete boas surpresas para o aristocrata.

A trama deste novo ano de “Bridgerton”, ao contrário da primeira que trouxe um final feliz para o casal Daphne Bridgerton e o duque Simon Hastings, que construiu seu romance entre brigas e flertes, mas que só atingiu seu ápice na metade da primeira temporada, traz uma proposta diferente ao seguir o tradicional “romance fagulha”, que vai pegando fogo aos poucos criando uma tensão sexual ainda mais intensa ao longo da temporada tendo seu ápice apenas no final dela.

Fonte: Netflix

Então se você procura uma história que entrega todas as suas cartas de uma hora para outra, esta segunda temporada pode decepcionar um pouco. Porém se você gosta desse tipo de construção e este tipo de romance, então a temporada será um prato cheio. Confesso que desta forma a série amadureceu bastante, isso fica muito claro nos dois primeiros episódios “Capital R Rake” (2×01) e “Off to the Races” (2×02) onde entramos em mais uma temporada de casamento na Inglaterra.

Nesta nova onda do mercado dos interesses mais disputado da alta sociedade inglesa, conhecemos a família Sharma, uma família de etnia indiana que retorna a Londres para se hospedar na casa da Lady Danbury (Adjoa Andoh) após um escândalo envolvendo Lady Mary Sharma (Shelley Conn), mas que agora precisa casar sua filha mais nova Edwina Sharma (Charithra Chandran), para conseguir suprir um momento de instabilidade financeira. Junto com as duas, temos Kate Sharma (Simone Ashley), a irmã mais velha de Edwina e a responsável por cuidar para que a irmã mais nova encontre o pretendente certo.

Na chegada de novos rostos, temos a matriarca Bridgerton, Violet (Ruth Gemmell), tentando não só casar Anthony, mas também Eloise (Claudia Jessie), para que ela tenha o mesmo destino bem sucedido de sua filha mais velha, Daphne (participação pontual Phoebe Dyvenor na temporada). Em paralelo, ainda temos a trama da família Featherington, que após a morte de seu patriarca, precisa conviver com a chegada do primo Jack (Rupert Young), que agora promete fazer a vida de Portia (Polly Walker) e suas filhas mais complicada.

Fonte: Netflix

Com as tramas armadas, a série começa a desenvolver tudo que foi deixado em aberto na temporada anterior, inclusive a revelação da identidade da Lady Whistledown (Julie Andrews) que descobrimos ser Penelope Featherington (Nicola Coughlan). A partir destas questões, a série tenta empregar o mesmo ritmo que já teve antes e assim temos muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e pouco tempo para pensar muito.

A aposta dos roteiristas em um triângulo amoroso entre Anthony, Kate e sua irmã Edwina foi bem arriscado, confesso que essa trama dura até muito, mas funciona muito bem para dar esse contraponto da temporada que foca bastante em sentimentos reprimidos. Os diálogos aqui são muito bons e muito bem construídos, dificilmente você não fica empolgado com as frases efeitos, as deliciosas declarações de amor e a forma como os personagens Anthony e Kate entram num jogo perigoso de persuasão que pode leva-los a ruína.

Mais uma vez a série acerta em focar no casal principal construído o romance aos poucos, mas aqui tudo fica mais intenso e sufocante, isso é projetado de uma forma bastante eficiente para o público que não consegue parar de assistir aos episódios. Isso fica ainda mais claro nos episódios “Victory” (2×04) e “Na Unthinkable Fate” (2×05), mostrando que a química em tela de Jonathan Bailey (Broadchurch) no papel de Anthony e Simone Ashley (Sex Education) no papel de Kate é simplesmente espetacular.

Fonte: Netflix

Se o romance da primeira temporada traz um pouco de inocência e doçura, o romance desta temporada é mais maduro e as expectativas são mais altas, pois ambos personagens tem muito a perder se cederem a seus sentimentos. Gosto como exploram bastante o passado de Anthony Bridgerton aqui, sua relação com pai, suas obrigações ao se tornar o novo “patriarca” da família tendo que proteger a mãe e ser exemplos para os irmãos novos, por conta disto, temos uma cena de flashaback no episódio “A Bee in Your Bonnet” (2×03) que mostra a causa da morte do patriarca Bridgerton, uma grata surpresa.

Por outro lado, acho que exploram bem a história de Kate Sharma, a forma como precisa tomar a liderança da família e proteger a irmã e a mãe, o que torna uma mulher bastante inteligente, perspicaz e decidida que não cede a flertes fáceis. A personagem é uma das mulheres mais fascinantes que já apareceu no seriado, rivalizando com Lady Danbury, Eloise e Penelope, três personagens que sempre me agradaram neste universo.

A série não só mantém tudo que deu certo na primeira (a produção continua ótima), como também aproveita para deixar o texto melhor escrito e mais controlado em relação ao que quer mostrar. Pela primeira vez senti que as tramas paralelas não supriram tanto o meu interesse neste segundo ano, quanto no anterior. O arco da família Featherington é bastante clichê e tem um final bastante previsível, a trama de Benedict é simplesmente desinteressante e o arco da Lady Whistledown que esta ligada a Eloise, só fica boa na reta final da temporada, demorando um pouco para crescer e esquentar, como podemos ver no excelente episódio “Harmony” (2×07).

Fonte: Netflix

No geral, a segunda temporada de “Bridgerton” pode ser considerada a melhor da série até o momento, as vezes estende demais o drama envolvendo Edwina e sua irmã Kate, como fica claro no episódio “The Choice” (2×06), mas no geral e olhando para o romance entre Anthony e Kate, vê-los trocar farpas é tão eletrizante, tão bem dosado, tão romanticamente viciante, que é impossível parar de assistir e saber se ambos terão um final feliz.

O bacana do seriado é lidar com a maturidade e o peso das decisões de um relacionamento que não se apoia em clichês, ainda que tenha suas fofocas, ainda que tenha seus bailes espalhafatosos, seus escândalos recorrentes, no final das contas o que ganha nossos corações, é a química magnética entre Jonathan Bailey e Simone Ashley, elevando a trama no final de temporada no episódio “The Viscount Who Loved Me” (2×08), lindo, apoteótico e feito para os românticos de plantão. A novelinha teen voltou melhor do que nunca e quem ganhou fomos nós. Que venha a terceira temporada.

Elo Preto

Personagem: Kate Sharma
Atriz: Simone Ashley
Idade: 27 anos

O destaque da coluna de hoje é atriz britânica Simone Ashley, sua interpretação no papel de Kate Sharma é simplesmente deslumbrante e quase arriscada, afinal Kate é uma personagem tão sem papas na língua, que poderia se tornar antipática facilmente, mas Ashley conseguiu com destreza dosar bem uma personagem forte, complexa e cheia de fervor, que coloca a família acima de suas próprias ambições. A independência da personagem acabou por encantar o visconde Anthony Bridgerton. A atriz é jovem e tem poucos papéis, Simone participou de longas como “Detetive Pikachu”, além de séries como o hit da Netflix, “Sex Education”, ainda sem trabalhos futuros agendados, ela promete conquistar Hollywood no futuro.  

Gostou? Veja o trailer da segunda temporada abaixo. Se já assistiu comente também abaixo.

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