“Tem Alguém Na Sua Casa” – Crítica

Um filme que se segura bem na maior parte do tempo sobressaindo dentro do gênero slasher, porém o final previsível acaba por frustrar um pouco as expectativas construídas ao longo do caminho.

Fonte: Netflix

O gênero “slasher” não é uma grande novidade, na verdade ganhou uma sobrevida recentemente depois de ficar algum tempo sem grandes longas com a temática. Em um ano em que tivemos a trilogia slasher sensação “Rua do Medo” sendo exibida na Netflix, ainda estamos aguardando Michael Meyers retornar na sequência do longa de 2018 em “Halloween Kills” e logo teremos “Pânico 5” para reviver a franquia sensação dos anos 90 e 2000 através de muita nostalgia e mortes no começo de 2022, no meio disso temos alguns exemplares tentando seu lugar ao sol e no coração dos fãs deste tipo de filme.

E aproveitando o mês do “Halloween”, festa temática norte americana que hoje é comemorada em diversas partes do mundo com crianças e adultos vestindo fantasias temáticas e pedindo doces na porta de residências, temos também a reprise dos filmes clássicos de terror, mas também o lançamento de várias outras obras que tentam fazer sucesso no período. “Tem Alguém Na Sua Casa” (There’s Someone Inside Your House, 2021) é um slasher clássico, que traz um assassino que usa a máscara do rosto de suas vítimas antes de mata-las e está espalhando o terror entre os adolescentes de uma cidade pequena no interior dos EUA.

A trama tem todos os clichês possíveis e todos os estereótipos adolescentes possíveis conhecidos, mas o roteiro escrito por Henry Gayden (Shazam) tenta dar mais personalidade a história baseada no livro de mesmo nome de Stephanie Perkins, conseguindo isto em parte, já que a história é bem situada, assim como a atmosfera de suspense, que se segura durante boa parte do tempo nos fazendo querer adivinhar quem dos personagens apresentados podem ser o potencial serial killer.

Fonte: Netflix

O filme começa muito bem, conseguindo mostrar o porque do assassino escolher suas vítimas e o quão cruel ele pode ser ao matar o jogador de futebol americano criando uma paranoia e pânico na população local e nos estudantes da escola Osborne High. A trama se passa pelo ponto de vista de Makani Young (Sydney Park), uma garota recém chegada a cidade, que tem um passado misterioso, vive com a avó Gam (BJ Harrison), mantém um romance secreto com estranho Ollie Larsson (Théodore Pellerin), ao mesmo tempo que faz parte de um grupo de amigos que tem a popular Alex Crisp (Asjha Cooper), a nerd Darby (Jesse La Tourette), o introvertido Rodrigo Doran (Diego Josef), o jogador de futebol Caleb Greenley (Burkely Duffield) e o riquinho Zach Sandford (Dale Whibley).

Após a apresentação dos personagens, aos poucos vamos entendendo que se você tem um segredo podre na escola e quer esconder, o assassino te expõe e te mata, isso começa a virar um padrão não só após a morte do estudante do time de futebol, mas depois de outras vítimas também seguirem o mesmo destino. O longa é bastante violento, é bom deixar isso bem claro, as cenas que o assassino dos rostos mata suas vítimas são bem feitas e trazem algum tipo de tensão.

Fonte: Netflix

A narrativa não tem realmente grandes ideias, seguindo o mais do mesmo seguro que funciona na maior parte da trama, sem falar que a narrativa enrola um pouco para chegar a onde quer. Outra coisa que poderia ser melhor aproveitada, são os personagens, você tem uma bem vinda diversidade no elenco, mas ele não é totalmente bem aproveitado, vários carecem de desenvolvimento, mas poucos conseguem realmente, ainda que a história mostre que a maioria ali esta preste a se forma no último ano do colegial e demostram receio quanto ao futuro.

A personagem com melhor desenvolvimento é Makani, menina que escondem a verdade dos amigos, tenta lidar com sonambulismo da avó e tenta superar um passado sombrio que acaba por assombra-la a todo momento. A atriz Sydney Park (Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta) consegue se sair bem como protagonista e confesso que fico feliz em ver outra protagonista negra se destacando em um filme de terror e suspense, assim como Taylor Russell no recente Escape Room 2: Tensão Máxima, Park parece à vontade assumindo esse tipo de protagonismo e entrega um trabalho seguro, ainda que o roteiro na reta final não ajude muito.

Fonte: Netflix

A verdade é que em 70% da narrativa, essa obra é um bom filme de terror, talvez lhe falte um pouco mais de camadas aqui e ali, mas não há dúvidas que você fica tenso torcendo para os adolescentes escaparem do assassino implacável. É claro que a história podia ter saídas melhores, mas o suspense até que funciona, ainda que seu terceiro ato seja clichê, previsível e ameace a fazer tudo que foi construído desmoronar, ainda mais com assassino tendo atitudes burras e personagens sobrevivendo depois de serem atravessados por facas e lanças.

No geral “Tem Alguém Na Sua Casa” é um passatempo ok, mediano em sua essência, pode funcionar se você não exigir muito da narrativa, porém se você for um grande fã de “slasher”, a resolução pode soar como uma decepção. Ainda assim é bacana ter uma produção que tenta criar uma mitologia em um gênero que carece de mais histórias originais e esta aqui produzida por James Wan (Maligno) e Shawn Levy (Free Guy) que não chega a ser um primor, é um entretenimento escapista que só precisava de um esforço maior para finalizar melhor seu último ato, mas olhando pelo conjunto da obra, esse terror não é uma total perda de tempo, valendo a tentativa.

Gostou? Veja o trailer. Se já assistiu ao longa, comenta logo abaixo sobre o que achou dele.

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