“What If…?” – 1° Temporada – Crítica

Deixando a imaginação fluir por lugares antes nunca percorridos, a animação “What If” cria uma antologia por episódio trazendo momentos inusitados, surpreendentes e espetaculares.

Fonte: Disney Plus

O Universo Cinematográfico da Marvel está expandido de uma forma veloz no quesito seriados, antes tínhamos a expectativa para lançamento da intrigante WandaVision (primeira a ganhar Emmy para Feige e companhia), depois aceleramos com o thriller de ação Falcão e o Soldado Invernal, até entrarmos numa viagem alucinante com a série Loki, todos lançados no Disney Plus gerando hype suficiente para deixar qualquer fã do MCU feliz. Eis que saímos do campo dos live-action e fazemos uma pausa estratégica no campo das animações trazendo mais uma peça desse quebra cabeça que virou a fase 4.

Desde o final da temporada de “Loki”, onde vimos a morte de um personagem importante levando a quebra da sagrada linha do tempo guardada pela agência TVA gerando uma possível guerra no multiverso com todas as linhas explodindo em ramificações. Este evento gerou o momento propício para Marvel soltar sua animação “What If…?” que seria uma tradução de “E Se…?”, focado em tramas alternativas espalhadas pelo multiverso gerando versões inusitadas de histórias já conhecidas, tudo isso sendo narrado pelo Vigia (voz de Jeffrey Wright), um ser onipresente que observa, mas não interfere nas linhas narrativas.

A animação criada por Ashley C. Bradley (Trollhunters: Tales of Arcadia) e dirigida por Bryan Andrews (Star Wars: Clone Wars), a série é basicamente contada no formato de antologia, cada episódio se passando numa versão diferente do universo que a gente conhece. Esta primeira temporada inclusive foca bastante nas histórias da “Saga do Infinito”, trazendo versões criativas de personagens conhecidos como Agente Carter, T’Challa, Killmonger, Thor, dentre outros que já apareceram nas fases anteriores do MCU, mas que aqui ganham a chance de brilhar em novas carapaças por assim dizer.

Fonte: Disney Plus

Devo dizer que quem for esperando uma narrativa mais linear com arcos e tramas que tenham alguma ligação, pode se decepcionar. Ao adotar o formato de antologia, Ashley abre mão da obrigação que fez do universo Marvel um sucesso, para trazer uma trama mais descompromissada que esta interessada em contar uma história de origem, meio e fim sobre aquele determinado personagem ou grupo de personagens, naquele determinado universo.

É a partir desta premissa que “What If…?” toma forma, trazendo através de Capitã Carter (Hayley Atwell) nossa primeira grande história, no que seria uma versão britânica e feminina do Capitão América. Em “E se…Capitã Carter fosse a Primeira Vingadora?” (1×01) temos Peggy Carter recebendo o soro do super soldado no lugar de Steve Rogers, assumindo assim o manto de Capitã Carter, combatendo nazista, salvando o dia, lidando com machismo de seus superiores e se tornando uma heroína única e marcante.

Neste ponto o roteiro da animação mostra quão criativa e o quão aventuresca ela pode ser, trazendo uma versão do Steve Rogers que não precisa de um super soro para ser um herói, além de trazer vilões conhecidos para serem enfrentados por Peggy e seus comandos. A narrativa não para por aí, em “E se…T’Challa se tornasse O Senhor das Estrelas?” (1×02), temos uma mistura de nostalgia, cultura e ação cósmica trazendo T’Challa (Chadwick Boseman) sendo resgatado pelos Ravagers de Yondu (Michael Rooker) e se tornando o Senhor das Estrelas para mais tarde se juntar aos membros dos Guardiões da Galáxia.

Fonte: Disney Plus

É engraçado ver versões diferentes de Thanos (Josh Brolin) e Nebula (Karen Gillian) neste universo que mantém a origem wakandiana do príncipe T’Challa expandindo de uma maneira bastante rica sua mitologia num episódio que surpreende mesmo tempo apenas 34 minutos de duração. Uma lágrima até escorre pelos olhos ao vermos Chadwick Boseman dublando essa versão do Senhor das Estrelas sabendo que este é seu último papel na vida.

É engraçado ver versões diferentes de Thanos (Josh Brolin) e Nebula (Karen Gillian) neste universo que mantém a origem wakandiana do príncipe T’Challa expandindo de uma maneira bastante rica sua mitologia num episódio que surpreende mesmo tempo apenas 34 minutos de duração. Uma lágrima até escorre pelos olhos ao vermos Chadwick Boseman dublando essa versão do Senhor das Estrelas sabendo que este é seu último papel na vida.

Se em “What If…?” vemos uma série animada que não impõe limites até onde pode ir, isso pode causar até espanto e estranheza quando somos apresentados a episódios como “E se…O mundo perdesse seus Heróis Mais Poderosos?” (1×03) e “E se…Zumbis?” (1×05), onde vemos duas versões inusitadas de dois universos onde os Vingadores estão em completa desvantagens, o primeiro nossos heróis estão sendo assassinados um a um por uma figura misteriosa e a revelação, te prometo, surpreende.

Fonte: Disney Plus

Enquanto o outro episódio, temos uma inusitada união de heróis num mundo infestado de zumbis na versão Marvel de “The Walking Dead” (nem tanto já que esse era um arco das HQs), trazendo uma versão sensacional e bastante peculiar de Scott Lang (Paul Rudd) fazendo referência a Harry Potter que vai gerar boas risadas em meio ao caos dessa trama de sobrevivência. O legal da animação, é que ela não tem medo de ser sombria quando precisa, em “E Se…Killmonger resgatasse Tony Stark?” (1×06), temos o vilão de Pantera Negra salvando Tony Stark evitando que ele fosse sequestrado por terrorista, trazendo uma história de amizade inusitada, mas que claramente não muda a índole vilanesca do personagem dublado por Michael B. Jordan (Creed) também nesta versão animada.

A animação cai um pouco de rendimento ao abraçar a comédia pastelão (herança de Taika) no episódio “E Se…Thor fosse filho único?” (1×07), talvez o episódio mais divertido da temporada e talvez o mais esquecível, mesmo que tenha uma sensacional cena de luta entre Thor (Chris Hemsworth) e Capitã Marvel (Brie Larson) destruindo tudo pelo caminho. Isso mostra a veia descompromissada de “What If…?” que está mais interessado em ser um entretenimento do que ser algo mais sério que tenha mil umas ligações.

Fonte: Disney Plus

Talvez por termos acostumado com o estilo de contar história de Feige e companhia, a gente sinta que falte algo nesta primeira temporada, mas pessoalmente e tendo uma visão mais crítica, esta é a primeira série da Marvel que você sente que é uma série realmente, que tem progressões, que realmente funcionam como algo mais contido e não mega eventos como as séries lançadas anteriormente.

O legal dessa animação é que quanto mais ela se desafia, mais ela consegue entregar dramaticamente, tanto que o melhor episódio da temporada é o excepcional “E Se…Doutor Estranho perdesse o coração ao invés das mãos?” (1×04), onde vemos Doutor Estranho (Bennedict Cumberbatch) numa viagem alucinante e autodestrutiva para trazer seu amor Christine Palmer (Rachel McAdams) de volta a vida numa trama psicodélica e sombria que é tão intensa que espero que o longa em live action “Doutor Estranho No Multiverso da Loucura” beba um pouco desta fonte.

Em termos técnicos, a animação é um deleite visual, as paletas de cores são um achado, variante de forma intensa e mais suave de acordo com cada episódio. O estilo de animação também é linda e estilosa, conseguindo trazer versões animadas não só parecidas com as versões carne e osso que nós conhecemos, mas também permitindo mais agilidade para heróis que saem no braço com seres de poderes inimagináveis em cenas de ação acachapantes para não dizer eletrizantes amparados por uma trilha sonora fenomenal.

Fonte: Disney Plus

No geral “What If…?” é ótimo, mas precisa ser apreciada sem expectativas altas, eu sei que dizer isso é querer muito, afinal o Kevin Feige nos acostumou mal, mas não tem outra forma de curtir esta animação senão essa. Se o formato antologia não agradar, os dois últimos episódios “E Se…Ultron tivesse Ganhado?” (1×08) e “E Se…O Vigia quebrasse seu Juramento?” (1×09) são um arco parte 1 e parte 2 que valem cada segundo investido, o primeiro trazendo Ultron adquirindo as joias do infinito e tocando o terror no multiverso e o segundo com Vigia reunindo uma equipe inusitada para combater essa ameaça com surgimento dos Guardiões do Multiverso, gerando sequências de ação tão fantásticas e espetaculares que só poderiam ser feitas neste formato.

No final das contas a animação é entretenimento garantido com a qualidade Marvel que estamos acostumados, cheio de easter eggs e sem o compromisso em fazer mil ligações para ganhar o coração do fã, trazendo histórias diferentes de personagens conhecidos e carismáticos que são um deleite para quem sempre foi fã de quadrinhos e que sempre esperou por este arco das HQs virasse algo em formato audiovisual, neste ponto “What If…?” faz a pergunta e entrega aquilo que se espera, um bom passatempo que vale cada segundo.

Elo Preto

Personagem: T’Challa Senhor das Estrelas
Ator: Chadwick Boseman
Idade: 43 anos

O destaque da coluna de hoje me deixa triste e feliz ao mesmo tempo, triste porque é a última vez que vou poder exaltar o talento de Chadwick Boseman como ator em um trabalho inédito, e feliz porque neste caso ele dubla T’Challa Senhor das Estrelas para a animação “What If...?”, seu último trabalho antes de falecer. Aqui vemos Boseman criar outra personalidade de um personagem incrível que agora ganha em carisma ao assumir o manto que foi de Peter Quill. Mesmo sendo criado por Yondu, T’Challa se manteve íntegro e nobre ainda que conviva com oportunistas e trambiqueiros. Boseman era pura dedicação e compromisso até mesmo nos pequenos papéis como este, ele que também foi indicado ao Oscar pelo papel no filme “A Voz Suprema do Blues, porém nós sempre lembraremos dele como o eterno Pantera Negra, seu personagem mais marcante no meio de muitos que interpretou. Então fica aqui minha homenagem ao legado de Boseman em sua breve e inesquecível carreira.  

Gostou? Veja o trailer abaixo. E se já viu a primeira temporada de “What If…?”, comenta ai logo abaixo o que achou.

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